terça-feira, 27 de outubro de 2009

A PEDAGOGIA INTEGRAL DE MARIA E JOSÉ



A PEDAGOGIA INTEGRAL DE MARIA E JOSÉ



Por: Vinícius Mendes de Oliveira

“E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens.” Lucas 2: 52

O relato acima é a conclusão que o evangelista Lucas faz depois de narrar o encontro de Jesus com os rabinos judeus e fazê-los admirados com Sua sabedoria e educação.

Jesus impressionou os doutores da lei. Como uma criança de doze anos poderia ter tanto conhecimento e falar com tanta autoridade? A imagem que vem a mente é a de um grupo composto pelos mais respeitáveis mestres de Israel, literalmente, de queixo caído, escutando toda a sabedoria que fluía dos lábios de Cristo.

Na realidade, tudo aquilo que deslumbrou os doutores da lei na primeira visita de Jesus a Jerusalém por ocasião da Páscoa era produto de uma educação genuinamente celestial. Eles estavam em contato com alguém que, incrivelmente para eles, não havia sido educado nas soberbas escolas dos rabinos. A educação do Salvador do mundo foi em casa em contato com Sua mãe e Seu pai que lhe ensinavam lições práticas de fatos do dia-a-dia e do contato com a natureza.

A natureza de Cristo
O Filho de Deus tornou-se um de nós. Portanto sua vida aqui foi conduzida pelo Espírito, o qual se utilizou de agentes humanos a fim de imprimir na mente do Salvador os conceitos elevados do Reino celestial. A natureza humana de Cristo não era como a nossa que é pendida para o pecado. Jesus era naturalmente santo. A pergunta que pode surgir é: por que, então, Ele necessitou de uma educação?

Na verdade, o processo educativo do qual o Senhor participou aconteceu a fim de potencializar o bem que nEle já era inerente, tal como aconteceu com  Adão. Quem educou Adão foi Deus; já Jesus, seus pais terrenos, usando as Sagradas Escrituras. Portanto, a educação de seres pecaminosos como nós constitui-se um tremendo desafio. O salmista diz “em pecado fui concebido”, indicando ser esta a condição de todos nós. Para Cristo, Sua boa educação apenas desenvolveu o bem natural; em nós, a boa educação alimenta a natureza espiritual para colocá-la em contraste com pecado natural com o qual nascemos até subordiná-lo totalmente. Que solene responsabilidade pesa nos ombros dos pais! Como devem consagrar-se a fim de se tornarem aptos para desempenhar tão importante responsabilidade! Educar pessoas para o reino de Deus é a mais preciosa das tarefas.

A família de Cristo em paralelo com as nossas
            A escolha da família de Jesus foi feita sob os mais elevados critérios. José e Maria seriam os agentes humanos através dos quais Deus poderia realizar a obra necessária de preparo para a missão de Cristo. Seus pais, divinamente avisados e preparados, desempenharam com integridade a obra de educar o Rei do Universo.

O Salvador foi educado em casa. Sua professora, sua mãe. Maria procurou através da Bíblia e por exemplos mostrar a seu filho o Reino Celeste. Bondosamente, Jesus era um obediente cumpridor das tarefas tanto de sua casa quanto da carpintaria onde ajudava Seu pai.

Os filhos da Igreja de Deus hoje devem também participar de uma semelhante educação. Os pais necessitam de, com mesmo empenho e senso de missão, dedicar-se na preparação de seus filhos para serem cidadãos das cortes celestiais. Os filhos carecem de ser levados, por preceito e exemplo, a terem uma vida de santificação. Os pais precisam responsavelmente incutir na mente dos filhos o privilégio do que é andar com Deus, submetendo-Lhe os pensamentos e decisões. Devem lembrar que estão lidando com mentes humanas as quais estão, infelizmente, sujeitas às influências pecaminosas deste mundo. Por isso, é importante que aqueles que desejam preparar seus filhos para serem cidadãos do céu estudem a educação que Jesus recebeu e nela moldem seu comportamento paterno.

Infelizmente, a secularização tem alcançado a Igreja e, sobretudo, as famílias. Temos dado pouco valor às coisas eternas e muito valor àquilo que é efêmero. Lições de simplicidade, humildade e abnegação são substituídas por “ensinos” que priorizam ostentação, exaltação própria e egoísmo. Na realidade, muitos filhos têm recebido essas errôneas informações ao observarem a conduta de seus pais. Ocorre, também, que devido à busca exagerada de bens materiais, alguns negligenciam tempo para cuidar da educação de seus filhos. Essa carência tem sido suprida por alguns “terceiros” que os pais modernos têm à disposição. A TV , a internet e, outros entretenimentos, são terríveis “aliados” dos pais em sua falta de tempo. É triste observar a diferença entre os ensinos dos pais de Cristo em relação ao que a maioria dos pais modernos ofertam a seus filhos.

Crescimento educativo de Jesus
Uma verdadeira educação deve promover crescimento. O texto bíblico que estamos analisando diz que “Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens”. Eis o resultado frutífero de uma educação eficaz.

Crescendo em sabedoria
O que significa crescer em sabedoria? O livro de Provérbios diz que “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” Provérbios 9:10. A palavra sabedoria, etimologicamente, refere-se àquele que sabe, que é entendido, que é douto, ou seja, um indivíduo sábio tem todas as características de alguém que merece respeito e admiração das pessoas. Foi exatamente isso que Jesus produziu em sua respeitável platéia aos dozes anos. Tudo isso porque aprendeu, desde que nasceu, a temer a Deus, respeitar as leis imutáveis do Céu e, sobretudo, ter o senso constante da presença do Pai. Como nossos filhos precisam ter essa sabedoria! Como precisam nossos pequenos aprender a temer a Deus! Isso causaria uma diferença tremenda no comportamento das crianças e na visão de Deus e das pessoas a respeito delas.  Não é o sonho de qualquer pai ver seu filho crescendo e recebendo admiração dos outros? Deve-se, portanto, seguir o exemplo de Maria e José, que ao invés de oferecer para seu filho aquilo que estava na moda em seu tempo em termos de educação, resolveram educá-lo com o assim diz o Senhor. Esse critério deve nortear todas as decisões no que diz respeito à educação das crianças; desde a alimentação e vestuário que terão, até a escola em que estudarão. Quanto a esse último quesito, a revelação é clara em aconselhar àqueles que têm condição a matricular seus pequenos na Escola Adventista.

Crescendo em estatura
O que estaria Lucas nos dizendo com crescer em estatura? A boa estatura de uma pessoa, principalmente nos tempos antigos, relaciona-se com seu destaque e consequente competência para determinadas funções.  O livro de I Samuel apresenta-nos Saul sendo reconhecido com perfil real devido à sua boa estatura (I Samuel 10: 23 e 24). Poderíamos entender o crescimento em estatura de Cristo, portanto, com o crescimento em perfil ou porte ( não apenas físico) de alguém que despontava como uma pessoa de destaque. Isso se revelava em Cristo através de Sua expressão facial, palavras bem colocadas e postura corporal adequada para um grande líder nessa Terra. Crescer em estatura, por conseguinte, significa destacar-se e ser reconhecido como alguém competente para uma missão importante. Deus espera de Seus filhos que sejam pessoas com solenes aspirações e que não temam acrescentar a si características intelectuais e de expressão que os façam dignos de posições de relevo no mundo. Uma genuína educação deseja estabelecer na criança vontade de ser importante para a sociedade e de se sobressair na medida em que isso pode resultar em glória ao nome de Deus. Através do crescimento em estatura de Cristo citado por Lucas, observamos que na educação de Jesus havia espaço para o desenvolvimento intelectual, para o crescimento em postura e progressão em boas maneiras.

Crescimento em graça
“Assim José achou graça aos olhos dele (Potifar), e o servia; de modo que o fez mordomo da sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha.” Gênesis 39:4
O texto acima nos ajuda a atender a expressão do evangelista ao dizer que Jesus crescia em graça diante de Deus e dos homens. Sabemos que José foi vendido como escravo para o Egito e que, quando lá chegou, foi servir na casa de Potifar. Logo, logo José se destacou por ser um servidor fiel, mas sobretudo muito competente. Jacó (pai de José), embora todos os erros que tenha cometido na educação de seus filhos, teve um cuidado muito especial com seu filho José. Ensinou-o que uma importante característica de um príncipe é a cortesia. A vida deu voltas e levou José para o Egito. Lá a educação que recebeu para a nobre função de substituir seu pai valeu para desatacá-lo entre todos os outros escravos. Crescer em graça aos olhos de alguém é mostrar competência, mesclada com simpatia. Isso abre portas! Foi assim com José e também com Cristo. Quantos hoje são competentes, mas desprovidos de um sorriso e afeto para o outros. A nobreza e competência de Jesus não o impediam de ser simpático e amável com os semelhantes. Isso revela que na pedagogia de Maria e José não só havia espaço para o crescimento espiritual e intelectual, mas também para o desenvolvimento do  comportamento social de seu filho. Quantos pais hoje negligenciam ensinar a seus filhos a ter boas maneiras e agradabilidade. Para Maria e José esses também eram aspectos importantes. Isso é educação integral!

Educação de Jesus: exemplo perfeito de integralidade

O grande objetivo da boa educação é desenvolver-se integralmente, ou seja, abarcando competências físicas, mentais e espirituais. Uma educação assim não é feita sem a orientação do Espírito Santo.  Como é difícil, no mundo em que vivemos, incutir valores espirituais em nossos filhos e ao mesmo tempo prepará-los para vencer na vida. Parece que uma coisa repele a outra. Isso é um engano. Resolver esse dilema torna-se fácil quando a prioridade é educar para o Céu. Já dizia Jesus “ Buscai em primeiro lugar o reino de Deus...”. Tenha a certeza de que todas as coisas serão acrescentadas na educação de um pai que quer, como prioridade levar seu filho para o Céu. Maria e José optaram por educar Jesus em casa. Havia na época (para os padrões humanos) a “excelente” escola dos rabinos a qual era espiritualmente corrompida. Os pais de Jesus não pensaram duas vezes. Jesus não iria para lá mesmo que humanamente isso representasse o retrocesso. Quantos pais hoje se encontram em dilemas semelhantes: Escola Adventista ou escola secular? Encher os filhos de atividades acadêmicas ou fazê-los dedicar tempo de qualidade para Deus? Mãe e pai trabalharem muito para o sustento da família de modo que não tenham tempo nenhum ou viver com mais simplicidade, mas próximos dos filhos? Que os pais não tenham medo de fazer o que é certo! José e Maria não tiveram. E hoje sua pedagogia é exemplo para nós. Tome a decisão de, tal como eles, educar seu filho para o reino dos céus e tenha a certeza que aos olhos dos homens e, principalmente, de Deus ele será um vencedor.

                                               Vinícius Mendes de Oliveira
                                               Professor de Língua Portuguesa

Um comentário:

Unknown disse...

Caro Vinicius

Gostei muito de seu texto. Ele é leve, mas profundo e convincente. Por que não o publica também na Revista Educação Adventista ou outra da Casa publicadora?

Um abraço

Maria Rita