terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Vinícius Mendes de Oliveira
Mestrando em Ciências Sociais na UFRB
Professor de Língua Portuguesa no IAENE
Aluno do 7º período do SALT – IAENE

NO ESPÍRITO DE ELIAS

As características da vida e ministério de Elias representam a forma como Deus guiará Seu povo para o cumprimento da missão.



“Eis que enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos aos pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição.” Malaquias 4: 5-6

Introdução

O texto acima propõe um interessante parâmetro para o povo de Deus em nossos dias. Malaquias termina seu livro profetizando a respeito da vinda de Elias, antes do aparecimento do Messias. No que diz respeito ao primeiro aparecimento de Jesus, essa profecia se cumpriu em João Batista.

No entanto, a expressão “grande terrível Dia do Senhor” deve ser aplicada também ao segundo aparecimento de Jesus nas nuvens do Céu. Por isso, é importante perceber que a vida de Elias, com todas as nuances que o relato bíblico revela, apresenta-se como um importante paralelo para aqueles que têm de anunciar ao mundo as três mensagens angélicas. Na verdade, tal qual o Elias histórico, o Elias escatológico deveria levar as pessoas à conversão a fim de livrá-las dos juízos reservados para os ímpios.

O problema é que quando se examina a vida de Elias têm-se a impressão que ele é um tipo quase que não humano de profeta. Ser como ele parece algo impossível. Tiago aumenta essa nossa perplexidade diante de Elias:

“Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu.” (Tiago: 5:17)
Assim, a Bíblia deixa claro que o padrão que Deus nos deu (Elias) era “sujeito aos mesmos sentimentos” que nós, ou seja, possuía uma natureza pecaminosa, sujeito a cometer atos pecaminosos, mas que, pela fé, foi um vitorioso na vida espiritual e se tornou um poderoso anunciador da justiça em seu tempo, cumprindo a missão que Deus lhe deu. Isso nos permite inferir que Elias representa o caráter do povo remanescente nos últimos dias, de forma que nós deveríamos analisar sua vida fim de extrair de suas vitórias e fracassos lições para o cumprimento da missão da igreja.

Um exame da vida de Elias permite perceber pelo menos três características que marcaram seu ministério: a inconformidade com a pecaminosidade de sua época, sua relevância profética e a depreesão laodiceana que experientou.

A Inconformidade de Elias

Os últimos versículos de I Reis 16 pintam um lamentável quadro do Israel governado por Acabe. O verso 31 diz que Acabe andou nos pecados de Jeroboão, ou seja, adorava a Jeová, utilizando imagens de esculturas para representá-lO, quebrando e levando o povo a quebrar o segundo mandamento, que proíbe o uso de imagens de escultura na adoração (Êxodo 20: 4 e 5). Além disso, os versos 31, 32 e 33 mencionam o casamento de Acabe com Jezabel, a qual introduziu o culto a Baal em Israel, com toda a licenciosidade que isso implicava. “Ao Elias ver Israel aprofundar-se mais e mais na idolatria, sua alma ficou angustiada e despertou-lhe a indignação.” (Profetas e Reis, p. 57)

Esse sentimento que houve no profeta deve ser manisfestado na vida individual e corporativa da igreja remanescente em nossos dias. O apóstolo Paulo é enfático em Romanos 12:2 onde diz “não vos conformeis com este século.” Essa inconformidade deve produzir uma manifesta diferença entre o povo de Deus e o mundo, deixando claro que o fiel reamanescente não sucumbe aos apelos da cultura contemporânea que pressiona as pessoas a assumirem uma forma de vida contrária ao ensino da Palavra de Deus.

A inconformidade de Elias com a apostasia de sua geração o levou a uma busca insistente por vindicação da verdade de Deus.

Tiago 5:17 menciona que Elias orou “com insistência”, para que Deus interrompesse as chuvas. É importante mencionar, neste momento, o fato de que Baal era considerado um deus provedor de chuvas, já que, na mente de seus adoradores, ele era responsável pelos fenômenos naturais. O profeta, insistentemente, orou para que a mentirosa impressão de que Baal estava “abençoando” Israel com a chuva, fosse desfeita. Só havia um meio de conseguir isso: O Senhor Deus “fechar” o céu. Era com esse propósito que Elias orava.

Na verdade a insistente oração do profeta estava baseada em uma exortação divina através de Moisés, quando orientava o povo a respeito de como deveriam se comportar como nação:

“Guardai-vos não suceda que o vosso coração se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos prosteis perante eles; que a ira do Senhor se acenda contra vós outros, e feche ele os céus, e não haja chuva, e a terra não dê a sua messe, e cedo sejais eliminados da boa terra que o Senhor vos dá.”(Deut. 11:16-17)
Nessa passagem, Moisés adverte o povo para o fato de que a idolatria resultaria em uma terrível estiagem. O fato é que nos dias do rei Acabe, embora toda a sua impiedade, havia prosperidade, devido, entre outros fatores, à regularidade das chuvas. Elias insistentemente orou, então, para que Deus interrompesse as chuvas, fazendo o povo lembrar-se da Palavra de Deus, voltando-se a Ele.

Essa passagem da vida de Elias reserva uma importante lição para o povo remanescente: fé na palavra de Deus e oração com base nas promessas apresentadas na revelação são essenciais para o sucesso no cumprimento da missão. Assim, movido por um senso de grande insatisfação com a apostasia predominante, Elias, um profundo conhecedor da vontade de Deus revelada no Pentateuco, pôs-se a orar para que o Senhor interviesse no curso da história, impedindo que a onda de impiedade prosseguisse.

Tal qual Elias fez, devemos fazer hoje. Devemos ter a Bíblia e o Espírito de Profecia como base para nossas ações, em qualquer aspecto de nossas vidas. Não podemos nos acomodar, muito menos nos adequar, aos ditames pecaminosos do mundo. As pessoas precisam perceber com clareza que nos opomos veementemente aos caminhos errados do secularismo e, por nós, serem advertidas contra isso, através do testemunho de nossa vida prática e pregação.

A Relevância Profética de Elias

Nesse momento é importante ter em mente que Elias sabia exatamente o que deveria pregar para o Israel de seus dias e não se desviou de seu foco. Na verdade, Elias era um tipo de pregador que não amenizava o que tinha de dizer. Não pretendia ser visto como politicamente correto, relativizando a verdade que tinha de anunciar em nome de uma política de boa vizinhança. Ele era enérgico e inflexível ao anunciar a verdade. Fazia a sua parte e deixava as consequências com Deus.

Elias diz ao rei acabe: “Tão certo como vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, nem orvalho nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha palavra (I Reis 17:1).

Nas entrelinhas dessa mensagem de Elias estava o tema da adoração. Na verdade, o anúncio desse juízo a Israel era baseado, na advertência de Moisés em Deuteronômio, que orientava o povo a não abandonar a adoração ao Deus verdadeiro, seguindo deuses falsos.

É interessante observar o paralelo que há entre essa mensagem de Elias a Israel e o tom imprecatório e até ameaçador que aparece no conteúdo da terceira mensagem angélica, a qual temos o dever de anunciar ao mundo hoje.

“Se alguém adora a besta e sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também este beberá do vinho da cólera de Deus, preparado sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro.” (Apocalipse 14: 9-10)
Guardadas as devidas diferenças, as duas mensagens corajosamente apresentam a consequência terrível do pecado da adoração falsa.

Da mesma forma como o Israel do tempo de Elias estava em crise por não saber a quem adorar, coxeando “entre dois pensamentos” (I Reis 18:21) o mundo de hoje está divido entre Deus e os ídolos modernos.

O presente século é tão verdadeiramente um século de idolatria como aquele em que Elias viveu. Pode não haver nenhum altar externamente visível; pode não haver nenhuma imagem sobre que os olhos repousem, contudo, milhares estão seguindo após os deuses deste mundo – riquezas, fama, prazeres e as agradáveis fábulas que permitem ao homem seguir as inclinações do coração não regenerado. (Profetas e Reis, p.177)
Está explícita na Bíblia e no Espírito de Profecia qual é a verdade presente para os nossos dias. O adventismo precisa ser distintivamente específico no que diz respeito a sua identidade doutrinária e deve enfatizar as verdades que lhe são peculiares. Somos um povo que nasceu de um movimento profético que anunciou ao mundo a volta de Jesus. Não devemos abandonar as verdades que compartilhamos com os evangélicos, mas devemos enfatizar, em um “alto clamor”, as verdades que Deus confiou ao povo remanescente, especificamente a terceira mensagem angélica.

Embora houvesse muitas coisas boas e agradáveis que podiam ser pregadas nos dias de Elias, ele sabia de que o povo precisava exatamente ouvir em sua época: o juízo de Deus viria, cumprindo uma profecia de Moisés (Deut. 11:16-17). Essa não era uma mensagem agradável de ser pregada, mas para permanecer fiel a sua legítima vocação profética, Elias não podia desviar seu foco dela. É importante lembrar que no tempo de Elias já havia pregadores (falsos profetas) que falavam o que as pessoas gostavam de ouvir (I Reis 22:11-12).

Comentando a coragem profética de Elias, Ellen G. White aconselha o povo remanescente, falando especialmente aos pregadores:

Há necessidade hoje da voz de severa repreensão, pois graves pecados têm separado de Deus o povo. A infidelidade está depressa tornando-se moda. “Não queremos que Este reine sobre nós” (Lc 19:14), é a linguagem de milhares. Os sermões macios tão frequentemente pregados não deixam a impressão duradoura; a trombeta não dá o sonido certo. Os homens não são atingidos no coração pelas claras, cortantes verdades da Palavra de Deus. (Profetas e Reis, p. 140)
As pessoas devem ser levadas a entender claramente a terrível situação em que se encontram. Nossas verdades distintivas devem receber destaque em nossa pregação. A apresentação dos temas proféticos, em especial os que envolvem a identidade do movimento remanescente, devem ser proclamados em grande voz e sem rodeios.

Quando fizermos isso, no poder e na virtude de Elias, chamando o povo a uma tomada definitiva de posição como fez nosso profeta no monte Carmelo (I Reis 18:21), Deus derramará sobre nós a chuva serôdia, ratificando nossos esforços missionários, como fez com Elias ao fazer descer fogo do céu (I Reis 18:38), e o mundo será iluminado com a veradade (Ap. 18:1). Dessa forma, como ocorreu no Carmelo, os sinceros que hoje estão perdidos no vale da decisão, serão levados a exclamar “O Senhor é Deus!”, depois de verem o poder de Deus, através da coragem do profeta Elias ( I Reis 18: 39).

O episódio do Carmelo foi memorável. O Senhor respondeu com fogo e consumiu a oferta de Elias. Houve uma conversão em massa, mas algo estranho aconteceria no coração do profeta.

O “Laodeceanismo” de Elias

A ira de Jezabel se ascendeu contra Elias. O homem cujo nome significa “Jeová é Deus” temeu a mulher cujo nome fazia uma direta referência a Baal como Deus (I Reis 19: 2 e 3). Ele empreendeu uma fuga que o levou a um dos mais eminentes lugares da história de Israel: Horebe, o monte de Deus.

Por mais que aquele lugar fosse importante para a história de Israel, não era ali que Deus queria Elias. O profeta tinha uma missão e estava fugindo dela. Sem dúvida esse foi um momento de terrível incredulidade, que levou o profeta para dentro de uma caverna.

Na verdade a caverna em que Elias se escondeu representava todo o seu orgulho espiritual. No interiror dela, “Ele respondeu: Tenho sido zeloso pelo senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida.” (I Reis 19: 10)

O medo de continuar pregando sua severa mensagem levou o profeta à fuga. É interessante observar que Elias fugiu para um lugar sagrado na história de Israel. Horebe era um outro nome para o o monte Sinai, local onde Deus havia dado a Lei ao Seu povo. Embora o Sinai fosse um monte sagrado, não era lá que o Senhor queria que Elias estivesse. Deus queria Elias anunciando a Lei que séculos atrás naquele mesmo monte fora dada ao povo de Israel, a qual eles estavam quebrando. Mas num surto de medo e orgulho espiritual, o profeta esconde-se na caverna, deixando de cumprir sua missão.

É importante a comparação com a atitude de Moisés nesse momento, porque quando Deus sugeriu que o povo que idololatrava no pé do monte fosse destruído a postura dele foi uma linda intercessão em favor daquele povo (Êxodo 32: 11-13). A Bíblia resgistra assim a atitude de Moisés diante da idolatria do povo no pé do monte Sinai: “E, voltando-se, desceu Moisés do monte com as duas tábuas do Testemunho nas mãos” (Êxodo 32:15). Moisés desceu do monte Sinai com a Lei para que o povo se voltasse para Deus. Elias subiu para o monte, deixando o povo sem ouvir sua voz profética.

Uma terrível tentação para o adventismo contemporâneo é querer desculpar a sua omissão missionária, fugindo para o “Horebe” de um triunfalismo sem lugar. Deitarmo-nos no “berço esplêndido” de uma igreja doentiamente voltada apenas para si mesma e esquecermos que as pessoas lá fora precisam de nós é a mais séria tentação com a qual temos que lidar como povo.

O inimigo tem trabalhado duro para que não preguemos nossas mensagens distintivas ao mundo e fiquemos voltados para nós mesmos, com programações que servem apenas para nos “engordar” espiritualmente em “banquetes” laodiceanos nos quais Jesus é deixado à porta batendo, convidando-nos a levar nossa mensagem às pessoas que estão morrendo de fome espiritual no mundo (Ap. 3:20). Enquanto o mundo perece sem esperança, nós nos “fartamos” da mensagem que é a única esperança para essa geração. O pecado laodiceano é claramente apresentado por Deus nas seguintes palavras:


“Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre cego e nu.” (Apocalipse 3:15-17)
A acusação de Deus a Laodicéia dá conta de seu orgulho espiritual, o qual produz uma mornidão letárgica e falta de zelo missionário, que enoja ao Senhor. Diz a senhora White:

“A única esperança para os laodiceanos é uma clara visão de sua condição diante de Deus, o conhecimento da natureza de sua enfermidade. Nem são frios nem quentes; ocupam uma posição neutra e, ao mesmo tempo, lisonjeiam-se de não necessitar de coisa alguma. A Testemunha Verdadeira aborrece essa mornidão. Causa-Lhe desgosto a indiferença dessa classe de pessoas. (...). Não se empenham inteiramente e de coração na obra de Deus, identificando-se com seus interesses; mas se mantêm afastados, e estão prontos a deixar seus postos quando os interesses mundanos, pessoais o exijam.” (Testemunhos Seletos, Vol. 1, p. 476 e 477)
Está evidente nas linhas acima qual é o motivo da insatisfação de Deus com Seu povo em nossos dias: falta de empenho missionário, indiferença com a necessidade espiritual das pessoas e lisonja a respeito de sua condição. Esse é o espírito laodiceano em essência. É por isso que a serva do Senhor diz que “A única esperança para os laodiceanos é uma clara visão de sua condição diante de Deus, o conhecimento da natureza de sua enfermidade.” O conselho em Apocalipse é claro, portanto: “... que de mim compres (...) colírio para ungires os olhos , a fim de vejas” (Apocalipse 3: 18).

Na escuridão da caverna, Elias também precisava enxergar a condição em que estava. Escondido, sozinho e considerando-se orgulhosamente o único fiel em Israel, Elias não conseguia ver que, embora Israel realmente estivesse apostado, sua omissão o colocava também em uma pecaminosa situação.

No entanto, I Reis 19:9 apresenta um lindo detalhe que às vezes nos passa despercebido. Deus diz a Elias, quando o profeta estava no interior da caverna: “Que fazes aqui, Elias? Deus se dirigiu à entrada da caverna e convidou o profeta a sair de lá. Observe o advérbio de lugar que Deus usou: “aqui”. Esse termo indica que o Senhor entrou na da caverna onde Elias estava com o objetivo de tirá-lo dali. Se não estivesse lá, Ele poderia ter dito: “Que fazes aí, Elias?”, mas não. Deus resolveu ir à caverna onde Seu servo estava para tirá-lo de lá, curando-o de sua depressão laodiceana. Graça maravilhosa!

Essa atitude de Deus diante de Elias na caverna é muito semelhante à postura de Jesus diante dos laodiceanos: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo.” (Apocalipse 3:20) O fato de Jesus está à porta, batendo, indica que os laodiceanos, orgulhosos de sua condição espiritual, estão deixando fora de suas vidas a Jesus, O qual representa os necessitados materiais e espirituais que vivem à margem do evangelho (Mateus: 25:40).

O método que o Senhor utilizou para curar a depressão “laodiceana”de Elias, foi:

“Vai, volta ao teu caminho para o deserto de Damasco e, em chegando lá unge, a Hazael rei sobre a Síria. A Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei sobre Israel e também Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá ungirás profeta em seu lugar. Quem escapar à espada de Hazael, Jeú o matará; quem escapar à espada de Jeú, Eliseu o matará.. ” (I Reis 19: 15-17)
É dessa forma que Deus também pretende curar nosso espírito laodiceano. Ele está à porta de nossa caverna, batendo e nos convidando à ceia espiritual que alimentará o mundo com a última mensagem de advertência a qual o Senhor deseja que anunciemos. Ele insta-nos com o verbo “vai”, o mesmo que aparece na célebre comissão evangélica “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século.” (Mateus 28:19 e 20). O verbo ir, foi usado por Deus para Elias no modo imperativo na segunda pessoa do singular (vai), indicando uma ordem pessoal para ele, enquanto que na grande comissão evangélica de Mateus 28:19 e 20 o verbo também está no imperativo, mas na segunda pessoa do plural, indicando que esta ordem é para todos aqueles que são discípulos de Jesus. Só indo e cumprindo nossa missão, somos imunizados contra a mornidão espiritual profetizada a respeito da igreja de Laodicéia. Como o “Elias” para o tempo final podemos ouvir da boca de Deus um sonoro “VAI” individual ou mesmo um “IDE” corporativo.
Conclusão

O fato é que Elias foi e cumpriu aquilo que Deus esperava dele. Ungiu Hazael rei sobre a Síria, Jeú, rei sobre Israel e Eliseu como profeta em Israel. Todas essas atitudes eram politica e espiritualmente necessárias naquele momento para que a reforma iniciada por Elias tivesse continuidade.

O Senhor ainda esclarece ao profeta algo que ele não sabia, com o propósito de confortá-lo e animá-lo: “Também conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda a boca que não o beijou. ” (I Reis 19:18). Essa explicação de Deus a Elias pode ser relacionada a expressão “povo meu” que aparece em Apocalipse 18:4 “Retirai-vos dela, povo meu”. No mundo há milhares de pessoas sinceras que nunca ouviram as advertências derradeiras de Deus a este mundo e que, quando ouvirem, se unirão ao povo de Deus, antes que a porta da graça se feche. São os sete mil que não dobraram conscientemente seus joelhos a Baal e vivem fiéis de acordo com a luz que possuem. Elas só precisam ouvir. Deus deseja profundamente nos usar para isso.

Elias reabilitou-se de sua condição espiritual e continuou servindo ao Senhor. Após o Seu servo cumprir sua missão, Deus o tomou para Si, fazendo-o “um tipo dos santos que estarão vivendo na Terra por ocasião do segundo advento de Cristo, e que serão ‘transformados num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta (1 Co 15: 51, 52) sem provar a morte.” (Profetas e Reis, p. 114).

Elias, dessa forma, passou a fazer parte do seleto grupo de seres humanos que vivem no Céu, como representantes de todos aqueles que um dia estarão lá. Elias portanto tipifica aqueles salvos que estarão vivos e vivenciarão os eventos finais, apresentando, resolutamente a última mensagem de advertência a esta Terra.

Essa recompensa- seja para aqueles que permanecerem vivos, seja para aqueles que serão tirados antes - incluirá todos aqueles que viverem “no espírito e poder de Elias” (Lc 1:17)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Mensagem à Laodicéia


Uma Advertência ao povo remanescente
Felippe Amorim



Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, Estou a ponto de vomitar-te da minha boca. (Ap. 3: 14 – 16)






Nos primeiros capítulos do livro do apocalipse, Deus, através do profeta João, deixou registradas mensagens às sete igrejas que se localizavam na Ásia. Estas mensagens têm aplicações literais para aquelas igrejas, mas também são mensagens de cunho profético. Deste ponto de vista, cada uma das igrejas de apocalipse dois e três correspondem a um período da história do cristianismo. As mensagens dadas a cada um destes períodos eram adequadas às necessidades que apareciam na igreja verdadeira correspondente àquele trecho da história.

A sequência das igrejas e seu respectivo período são os seguintes: Éfeso (31 – 100 d.C.) momento da igreja no qual predominava a pureza apostólica. A segunda é a de Esmirna (100 – 313 d.C.). Neste intervalo a igreja foi marcada pelos mártires, homens que deram a vida pelo evangelho. Pérgamo (313 – 538 d.C.) é a terceira. Este período corresponde à popularidade do cristianismo. Na sequência vem Tiatira (538 – 1517 d.C). A adversidade foi a marca da igreja neste trecho de sua história. A quinta igreja é a de Sardes (1517 – 1798 d.C.), período da reforma, no qual muitas verdades bíblicas foram restauradas. A penúltima é a de Filadélfia (1798 – 1844 d. C.). Os avivamentos marcaram este período profético. Finalmente chega a mensagem à igreja de Laodicéia (1844 – volta de Jesus). De acodo com as profecias, neste momento da história do cristianismo ocorreria o Julgamento sobre a terra.

A mensagem dada à igreja de Laodicéia é especialmente interessante para nós, pois corresponde aos dias nos quais vivemos e, portanto, diz respeito a cada cristão que habita neste planeta.

Lendo os três primeiros capítulos de apocalipse, podemos observar que há um elogio para cada uma das igrejas, exceto para Laodicéia. Para esta, apenas advertências e um convite. Estudemos com cuidado esta importante mensagem.



O mensageiro



Inicialmente precisamos identificar quem está enviando a mensagem. A importância de um recado está ligada intimamente com a identidade de quem o enviou.

A Bíblia identifica o remetente como “O Amém”, a “Testemunha Fiel e Verdadeira” e “O Princípio de Criação de Deus”. As Escrituras Sagradas nos ajudam a identificar o mensageiro. Todos os títulos apontam para o nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é o “amém” porque em Jesus se cumprem todas as promessas de Deus (II Cor. 1:20). Apocalipse 1:5 identifica a Jesus como a “Testemunha Fiel e Verdadeira”. Jesus também é aquele através do qual tudo se fez, Ele e “O Princípio de Criação de Deus”. Princípio, não no sentido de ter sido o primeiro a ser criado, Jesus é coeterno com Deus Pai e Espírito Santo (Mq. 5:2). Ele é o princípio no sentido da ser o “motor” da criação, ou seja, Jesus é o próprio criador.(Gen. 1:1).

Constatamos, portanto, a relevância da mensagem, pelo seu mensageiro. Todos os cristãos deveriam estar muito atentos às mensagens que Jesus nos enviou através de seus profetas canônicos e não canônicos. Estas mensagens são essenciais para nossa felicidade presente e eterna.



A Mensagem



A primeira parte da mensagem diz respeito à onisciência de Jesus. Ele diz: “Conheço as tuas obras”. Nada do que nós fazemos está escondido de Jesus. Este deveria ser um pensamento contante em nossa caminhada cristã. Pois “se acalentássemos uma impressão habitual de que Deus vê e ouve tudo que fazemos e dizemos, e conserva um registro fiel de nossas palavras e ações, e de que devemos deparar tudo isto, teríamos receio de pecar. (Patriarcas e Profetas, pág. 217).

É importante ressaltar que a constante presença de Jesus não se faz como um vigia disposto a castigar-nos por qualquer ato errado cometido. Jesus está constantemente ao nosso lado como um Deus de amor disposto a nos ajudar na caminhada da santificação. Porém a consciência da presença constante de Deus nos ajudaria a evitar muitos pecados que cometemos em nosso cotidiano.

Por causa da abrangente visão de Jesus ele tem autoridade para fazer uma afirmação sobre Laodicéia: “És morno”.

Esta figura da água morna é uma rica ilustração da situação dos cristãos nos momentos que antecederiam o Juízo Final. Há pelo menos duas formas de uma água quente se tornar uma água morna. Uma delas é misturando água quente com água fria. Infelizmente, muitos cristãos tem vivido esta realidade. Vivem uma vida misturada. Estão na igreja, mas não largam o mundo. São membros de igreja que no sábado de manhã estão no culto, mas a noite frequentam lugares que desonram a Deus. Cristãos que estão com a Bíblia na mão quando vão à igreja, mas nem tocam nela quando estão em casa. Pessoas que cantam os hinos de Deus na igreja, mas têm seus aparelhos de som recheados de músicas que não são cristãs. A mistura entre as coisas de Deus e às do mundo produz um cristão morno.

Outra forma de transformar uma água quente em água morna e deixá-la parada,sem fonte de calor, sem uso. Os cristão geralmente começam sua vida religiosa “quentes” espiritualmente. Mas se ficarem parados, sem atividades espirituais, inevitavelmente se tornarão cristãos mornos. Apenas frequentar a igreja, assistir aos cultos, mas não estar ativo no serviço de Deus, tranformará o crente em algúem morno. Somente uma vida de atividades espirituais pode manter a fervura espiritual.

Para estes cristãos mornos, Jesus fez um chamado à decisão: “Quem dera fosses frio ou quente”(Ap. 3:16). Não há espaço no céu para pessoas indecisas. Para Deus é melhor que alguém tome a decisão de se desligar totalmente dele do que estar na condição de mornidão espiritual. “Ou somos coobreiros de Cristo, ou coobreiros do inimigo. Ou ajuntamos com Cristo, ou espalhamos. Ou somos cristãos decididos, de todo o coração, ou nada somos (Testemunhos Seletos. V1. p,26). A situação de indecisão já nos faz pertencer completamente ao inimigo de Deus. Os indecisos de maneira especial necessitam de Deus, mas eles sofrem de arrogância espiritual, dizem: “Rico sou, e abastado, e de nada tenho falta”. Não possuem a real dimensão de sua miserável situação. Essas pessoas têm um sério problema. O Espírito Santo só pode trabalhar naqueles que sentem necessidade dele. Se faz necessário arrependimento urgente.

A situação é tão preocupante que Jesus diz que está a ponto de vomitá-los de sua boca. Quão maravilhosa é a graça de Deus. Ele avisa antes de “vomitar”. Ainda há solução para o problema.



A Solução



Após expor o grave problema de Laodicéia, o nosso problema, Jesus nos dá um conselho: aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas(Ap. 3:18). Mas, como alguém que é miserável, pobre, cego e nu pode comprar alguma coisa? Nós compramos, mas o pagamento já foi feito por Jesus na cruz do calvário.

O primeiro elemento que devemos comprar é o “Ouro Refinado”. As riquezas espirituais são essenciais para a cura da doença de Laodicéia. Esse ouro é a "fé que opera pelo amor" (Gál. 5:6). Precisamos pedir a Deus que aumente nossa fé, para que possamos ter nossa condição de mornidão restaurada à quentura de uma vida de operosa fé em Jesus. Esta fé nos dará condições de adiquirir o segundo elemento receitado por Jesus: “vestimentas brancas”, ou seja, a justiça de Cristo (Mt 22:11-14). É a justiça do único Justo que pode nos justificar. Quando o Senhor nos dá as suas vestimentas brancas, lavadas no sangue do Cordeiro de Deus, estamos aptos a ingressar na vida eterna. Recebemos de volta a chama espiritual que nos esquenta. Finalmente, Jesus nos receita o colírio para ver. O colírio representa a obra do Espírito Santo, que nos ajuda a discernir o certo e o errado e nos mostra o caminho a seguir (João 16:8-11).

Depois de adiquirir na conta de Cristo estes três elementos, há uma ordem: “sê pois zeloso, e arrepende-te”. O Arrependimento é um ato constante na vida do crente, pois o pecado somente será completamente retirado de nós no dia da glorificação. O Imperativo de Jesus diz respeito ao zelo no trabalho, zelo na missão. Trabalhar para Deus “esquenta” o cristão.

“A igreja que trabalha, é igreja que progride. Os membros encontram estímulo e tônico em ajudar a outros. Li a história de um homem que, viajando num dia de inverno através de grandes montes de neve, ficou entorpecido pelo frio, o qual ia quase imperceptivelmente congelando-lhe as forças vitais. Estava enregelado, quase a morrer, e prestes a abandonar a luta pela vida, quando ouviu os gemidos de um companheiro de viagem, também a perecer de frio. Despertou-se-lhe a compaixão, e decidiu salvá-lo. Friccionando os membros enregelados do infeliz homem, conseguiu, depois de consideráveis esforços, pô-lo de pé. Como o coitado não se pudesse suster, conduziu-o compassivamente nos braços através dos mesmos montões que supusera nunca poder transpor sozinho.

Havendo conduzido o companheiro de viagem a lugar seguro, penetrou-lhe de súbito no espírito a verdade de que, salvando seu semelhante, salvara-se a si mesmo. Seus fervorosos esforços para ajudar a outro, estimularam-lhe o sangue prestes a congelar nas veias, comunicando saudável calor aos membros (Obreiros Evangélicos. p, 198-199)”.O cristão que quer permanecer quente, precisa trabalhar para Deus. Esta é a única forma de nos mantermos vivos espiritualmente.



O Convite



Esta maravilhosa obra de restauração do ser humano é operada por Jesus. Nós não temos condições de fazer isso por nós mesmos, é por isso que Jesus termina a mensagem à Laodicéia com um maravilhoso convite: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo (Ap. 3:20).

Jesus está permanentemente à porta do nosso coração batendo, pedindo para entrar. A porta do coração só abre por dentro. É o ser humano que deve abrir a porta para Jesus. É uma decisão individual. Mas uma vez aberta, Jesus entrará e fará toda a obra de restauração que culminará no lar celestial onde teremos eternamente a chama do amor de Jesus nos aquecendo.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Amor Nasceu


O Amor Nasceu
(Publicado no Site www.advir.com.br  em nov/2010)
Felippe Amorim

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz. (Isaías 9:6)


            Existem alguns textos na Bíblia que imperceptivelmente são usados com mais frequência em determinadas épocas do ano. Embora o nascimento de Jesus seja um evento importante em qualquer época do ano, quando nos aproximamos do Natal os olhos dos pregadores se voltam de forma especial para estes trechos das Sagradas Escrituras.
            Ao analisarmos o relato dos evangelistas sobre o nascimento do Messias algumas perguntas surgem e suas respostas são muito relevantes para nós. Quais as lições que podemos tirar das circunstâncias que envolveram o nascimento de Jesus? Quais os propósitos de Deus para este evento? Que efeitos ele deve ter em nossa vida?

O Anúncio

            Lucas, em seu evangelho, descreve o momento em que a virgem Maria foi avisada de sua missão.  A visita do anjo (Lc. 1:28-35) e seu diálogo com a escolhida nos revelam algumas características de Maria que a fizeram apta a receber esta grande responsabilidade. O anjo afirma: “O Senhor é contigo”(V.28). Nenhuma pessoa que esteja distante do Senhor pode receber grandes responsabilidades vindas do céu. Não foi coincidência esta saudação do anjo para com Maria. Ter o Senhor conosco é requisito essencial se queremos fazer a obra de Deus.
            Outro requisito que se encontrava na vida de Maria está no verso 30: “achaste graça diante de Deus”. Nenhuma boa característica dos seres humanos pode torná-los bons diante de Deus, pois quando nos colocamos diante do Altíssimo nossa situação miserável de pecadores logo aparece diante da santidade de Deus. Mas quando nos apropriamos da Graça de Deus, então podemos estar habilitados para exercer uma grande obra para Ele.
            O Espírito Santo foi o agente executor do plano divino em Maria(V. 35). A terceira pessoa da trindade tem atuado na vida de todos aqueles que se colocam nas mãos do Criador. Maria não havia conhecido homem algum. Para uma mulher virgem dar à luz um filho era necessário um milagre e naquele ocasião estavam unidos todos os elementos necessários para que se realizasse um. Comunhão com Deus e a ação do Espírito Santo, eis a fórmula para que aconteçam milagres.
           
Quem Esperava ?

            O evangelho de Mateus relata uma inesperada visita recebida por Jesus após seu nascimento. Os magos vindos do oriente (Mt. 2:1-3), foram os primeiros a se mobilizarem para homenagear o Rei dos reis que havia nascido. Estes homens eram considerados pagãos pelos judeus, mas foram exatamente os pagãos que estavam atentos para a chegada do Messias, enquanto a maioria dos judeus, povo a quem Deus confiou seus oráculos, estava completamente desapercebida dos eventos que ocorriam.
            Ellen G. White comentando este evento escreveu: “Ansiosos, dirigem os passos para diante, esperando confiantemente que o nascimento do Messias fosse o jubiloso assunto de todas as bocas. São, porém, vãs suas pesquisas. Entretanto na santa cidade, dirigem-se ao templo. Para seu espanto, não encontram ninguém que parecesse saber do recém-nascido Rei. Suas perguntas não despertavam expressões de alegria, mas antes de surpresa e temor, não isentos de desprezo”. (O Desejado de Todas as Nações, 61)
            No lugar onde mais deviam estar falando de Jesus, as pessoas estavam preocupadas com seus afazeres diários. Os magos esparevam que Jesus e seu nascimento fossem o principal assunto da cidade, mas, para sua surpresa, não era. Hoje os cristãos deveriam ter como principal assunto de suas conversas, os temas espirituais, mas, infelizmente, para uma parte dos cristãos o resultado do jogo de futebol, as questões da política nacional e até os fatos ocorridos nas novelas têm sido mais comentados do que Jesus e Suas palavras.


O propósito do nascimento.

            Todas as ações de Deus tem um propósito definido. O Nascimento de Jesus não foi diferente. As escrituras deixam claro qual foi. Em Lucas 2:10-11 lemos: “Nasceu o Salvador” e alguns versículos depois Simeão afirma: “Os meus olhos viram o salvador (V. 29-30).
            Aquele menino que nasceu em uma mangedoura em Belém, era o Salvador da humanidade. Jesus Nasceu para salvar. É Seu grande amor que nos garante a vida eterna (Jo. 3:16). O Rei do universo se fez criança, mesmo sabendo tudo o que sofreria: o desprezo, o descrédito, a rejeição e finalmente a cruz. Jesus escolheu nascer e viver entre nós com o objetivo maior de nos salvar e devolver-nos ao Éden, de onde nunca deveríamos ter saído.

Os efeitos do Nascimento

            Um ato de amor como o de Jesus, não pode deixar de causar uma reação em nós. Existem efeitos. Em  Lucas 2:34 Simeão profere palavras proféticas em relação à criança que estava em seus braços. Ele diz que Jesus seria “posto para ruína e levantamento” e seria “Alvo de contradição”.
            Em algum momento de sua história, cada ser humano se defrontará com Jesus e seus ensinos e de acordo com a decisão que tomar Jesus será posto para ele como “ruína ou levantamento”. A vontade do Salvador é “levantar” a todos, mas quem não o aceitar estará escolhendo inevitavelmente a ruína para sua vida.
            Finalmente Jesus seria alvo de contradição. Ao longo da história da humanidade Jesus tem sido amado e odiado, venerado e perseguido. Ele mesmo disse que quem com Ele não ajuntasse, espalharia (Mt. 12:30). Esta profecia tem se cumprido ao longo da história. A pergunta mais importante, porém, é :quais os efeitos do nascimento de Jesus em sua vida? Diante da contradição a qual Jesus é alvo, de que lado você está?
            Não adiantará Jesus ter nascido em Belém e revolucionado o mundo, se Ele não nascer em sua vida e revolucioná-la, dando a você felicidade e , principalmente, salvação. Abra seu coração a Jesus e permita que Ele nasça todos os dias.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

JOÃO BATISTA: UM GENUÍNO ADVENTISTA

JOÃO BATISTA: UM GENUÍNO ADVENTISTA
Publicado na Revista Adventista de Novembro/2010
Vinícius Mendes


A missão do povo remanescente escatológico prefigurada na vida e ministério de João Batista



“Mas para que saíste? Para ver um profeta? Sim eu vos digo, e muito mais que um profeta. Este é de quem está escrito: Eis aí eu envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho diante de ti. Em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior que João Batista; mas o menor do reino dos céus é maior do que ele.” Mt 11: 9-11



A missão de João Batista

O texto acima apresenta uma das mais categóricas afirmações de Jesus a respeito de uma pessoa. Cristo diz que João Batista foi o maior homem que nasceu neste planeta. A pergunta natural que surge após uma detida reflexão nesses versos é: que motivos levaram Jesus a fazer tão enfática declaração? As próprias palavras de Cristo no verso 10 revelam o motivo: João Batista foi quem recebeu a mais importante missão dada a um homem: preparar o caminho para o aparecimento de Jesus, em Sua primeira vinda. Se acrescentarmos ainda o fato de que João cumpriu fielmente essa missão, perceberemos com clareza a motivação de Jesus em declarar algo tão forte a respeito de uma pessoa de carne e osso como qualquer um de nós.

A respeito disso aplica Ellen White: “Preparando o caminho para o primeiro advento de Cristo, (João) era representante dos que têm que preparar um povo para a segunda vinda de nosso Senhor.” (WHITE, 101) Isso nos faz pensar que, se João Batista representa aqueles que prepararão o mundo para a segunda vinda de Jesus, nós como povo de Deus, vivendo mo limiar da história, muito próximos da volta de Cristo, deveríamos estudar a vida de João Batista e tentar extrair dela os princípios norteadores para que possamos cumprir cabalmente a solene missão que nos foi confiada e sermos declarados como grandes homens e grandes mulheres como ocorreu com João Batista.

A origem de João Batista

Homens como João Batista não são produto do acaso. Vidas vitoriosas como a de João são resultado, em via de regra, de uma educação que vislumbra para os filhos a eternidade. Neste momento, seria relevante então meditarmos em que tipo de pessoas foram escolhidas por Deus para educarem o precursor do Messias e o que eles fizeram para preparar o futuro profeta.

“Nos dias de Herodes, rei da Judéia, houve um sacerdote chamado Zacarias, do turno de Abias. Sua mulher era das filhas de Arão e se chamava Isabel”. (Lc 1:5) Esse verso contém um detalhe essencial, o qual está na base da família que produziria um homem como João. O verso diz que o pai de João, Zacarias, era sacerdote e menciona o critério que ele utilizou para escolher a sua esposa: “era das filhas de Arão.” O sacerdócio foi dado a Arão e sua descendência perenemente (Ex 28 :1; Nm 7:19). Logo, essa expressão indica que Isabel era também da linhagem sacerdotal. Fica evidente, então, que Zacarias resolveu se casar com alguém que além de compartilhar a mesma fé que ele tinha, fora criada em uma família que servia ao Senhor no sacerdócio. Há aqui uma importante lição para nós. Um homem como João Batista só nasce em um lar de pais sacerdotes. Pais que estejam dispostos a oferecer suas vidas como oferta agradável a Deus. Pais que gastem tempo de qualidade, ao amanhecer e ao entardecer, apresentando-se a Deus.

Se houve um tempo em que cada casa deve ser uma casa de oração, é hoje. Pais e mães devem muitas vezes erguer o coração a Deus em humilde súplica por si e por seus filhos. Que o pai, como o sacerdote da casa, deponha sobre o altar de Deus o sacrifício da manhã e da tarde, enquanto a esposa e filhos se unem em oração e louvor. Em uma casa tal, Jesus gostará de demorar-Se. (PP, 144)

Esse texto não poderia ser mais claro. Deus deseja que, de nossas casas, ascendam constantes orações aos céus. Pai e mãe devem ser parceiros nisso para que os filhos possam aprender tal rotina e desejar viver isso em sua vida adulta. E ainda, o detalhe mais lindo: Jesus gostará de demorar-se em casas assim. Essa mensagem é para jovens que ainda não decidiram com que vão se casar, evidenciando o tamanho da responsabilidade que têm ao decidir-se, como também para famílias estabelecidas, deixando clara a importância de implementarem uma vida sacerdotal.

Outro aspecto relevante no caráter dos pais de João Batista está expresso em Lc 1:6. “Ambos eram justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor.” Esse texto revela a atitude zelosa que os pais de João Batista mantinham. Eles procuravam tomar conhecimento de toda a revelação divina disponível a eles e viver à altura do que conheciam. Assim puderam moldar o caráter daquele que prepararia o caminho para o primeiro advento de Jesus. Fica para nós também um importante modelo de vivência como também de educação dos nossos filhos.

No verso 13 do cap. 1 de Lucas, podemos perceber que Zacarias era um homem que entendia o tempo em que vivia. “Disse-lhe, porém, o anjo: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho; a que darás o nome de João.” Esse verso indica que Zacarias orava com base no cumprimento da promessa da vinda do Messias. Ele havia entendido, através do estudo das profecias, que aquele era o tempo em que Deus visitaria o Seu povo. Ele orava para que o Senhor cumprisse a Sua promessa. Precisamos entender o tempo em que vivemos, discernir os tempos e épocas e orarmos para que as promessas que Deus tem para nossos dias se cumpram, como, por exemplo, o envio da Chuva Serôdia e o retorno de Jesus.

João Batista foi forjado num lar cujos pais reuniam as características acima. Foi produto dessa educação e o resultado foi se tornar um proclamador da justiça.

Mensagem de João Batista

“Naqueles dias , apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.” Mt 3:1e 2 João Batista tinha uma mensagem simples e direta para dar às pessoas de seu tempo. Ele sabia que o Messias estava prestes a surgir e que o povo não estava preparado para recebê-LO. O evangelista Mateus resume a mensagem de João em duas orações: a primeira contendo uma verbo no imperativo (exortando a uma tomada de decisão) “arrependei-vos” e a segunda, contendo uma frase explicativa, apresentando o motivo pelo qual as pessoas deveriam se arrepender “porque está próximo o reino dos céus.”

É interessante perceber que a mensagem de João Batista tem um conteúdo muito semelhante à mensagem que Deus espera que o povo remanescente em nossos dias dê ao mundo e que se encontra resumida na primeira mensagem angélica de Apocalipse. “Temei a Deus e dai-lhe glória porque vinda é a hora de seu juízo... .” Ap 14:7. Esta mensagem também é composta por duas frases, uma imperativa e outra explicativa, assim como a mensagem de João. Devemos dizer às pessoas que elas precisam temer a Deus, isto é, reverenciá-lo, voltar-se para Ele e abandonar os seus pecados e a causa disso é “porque vinda é a hora de seu juízo.” Nossa mensagem distintiva de um santuário celestial no qual ocorre um juízo investigativo deve nos inflamar a anunciar ao mundo que Jesus está voltando e que hoje é o tempo de que todos dispõem para preparo a fim de se encontrarem salvos quando Jesus voltar.

João não hesitou em dar a sua mensagem. Era uma mensagem direta e condenatória, mas ele a anunciou, dando um importante exemplo. O resultado dessa mensagem está expresso nos versos 5 e 6 de Mateus 3: “Então, saíam a ter com ele Jerusalém, toda a Judéia e toda a circunvizinhança do Jordão; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.” Que extraordinário! Uma mensagem simples, direta e sem rodeios atraiu milhares de pessoas, levando-as ao batismo. Nós precisamos evangelizar o mundo e, às vezes, devido às grandes dificuldades que enfrentamos, nos questionamos a respeito de como poderemos cumprir a grande comissão evangélica. João nos dá uma grande lição aqui. As pessoas precisam ser levadas a abandonar seus pecados. Nossa mensagem e, sobretudo, nossa vida, darão a elas esse recado. Era assim que João Batista fazia.

“Usava João vestes de pelos de camelo e um cinto de couro; a sua alimentação eram gafanhotos e mel silvestre.” Mt 3: 4. Esse texto, de alguma forma, apresenta a estratégia que João usava para atrair as pessoas com o propósito de ouvir a sua mensagem. Diz Ellen White, comentando esse texto:

Ao tempo de João Batista, a cobiça das riquezas e amor ao luxo e a ostentação se haviam alastrado. Os prazeres sensuais, banquetes e bebidas, estavam causando moléstias e degeneração física, amortecendo as percepções espirituais. João devia assumir a posição de reformador. Por sua vida abstinente e simplicidade de vestuário, devia constituir uma repreensão para sua época. (White, 100)



João era diferente. Esse era o seu segredo. Enquanto o mundo ostentava, ele era simples. Na verdade, esse é o princípio que devemos tirar da vida desse profeta e aplicar em nossa prática como anunciadores do iminente retorno de Jesus. Se queremos que as pessoas de nosso tempo ouçam nossa mensagem, precisamos viver diferente da forma como elas vivem. Precisa haver uma clara distinção entre os servos de Deus e aqueles que não O servem. Por incrível que pareça, isso atrai. As pessoas estão em busca de referenciais. Nós temos uma mensagem diferente do estilo de vida do mundo. Precisamos tão-somente vivê-la e as pessoas estarão dispostas a ouvir o que temos a dizer.

É importante ressaltar ainda outro ponto. Veste de pelos de camelo é a roupa com a qual a Bíblia descreve a vestimenta de Elias. Isso é extremante significativo. João tinha como referencial um grande profeta do passado. Nitidamente imitava-o. É disso que nós precisamos. Ao invés de imitar os ícones que o mundo tem produzido na mídia e nos esportes, por exemplo, por que não imitar Jesus, seus discípulos, os reformadores e os pioneiros de nossa igreja. Não estou falando aqui de extremismos, como nos vestir da mesma forma que se vestiam essas pessoas. Estou dizendo que podemos extrair o princípio por trás dessa atitude de João. Devemos ter o mesmo amor à verdade e as almas que os grandes homens e mulheres do passado tiveram. Fazer de suas vidas objeto de nosso estudo e permitir que as características espirituais que modelaram suas vidas se apoderem das nossas. A Bíblia diz que nós somos transformados por aquilo que contemplamos. Se continuamente contemplarmos os ícones do mundo seremos como eles. Se contemplarmos a Jesus e Seus seguidores, através do estudo da Bíblia e do Espírito de Profecia, naturalmente o rosto de Jesus se imprimirá em nós. Assim fez João, assim podemos fazer.

O fim de João Batista

Em Mateus 11:11, Jesus apresenta João Batista de forma gloriosa. O Senhor diz que João foi o maior homem nascido de mulher. O paradoxo dessa afirmação é que enquanto Cristo dizia isso, o profeta estava encerrado em um cárcere do qual foi retirado para ser morto pelo ímpio Herodes. Que final! Às vezes fico pensando que João merecia um fim diferente. Depois de viver para pregar o evangelho, quem sabe uma digna aposentadoria, uma bela casinha de campo e a companhia de pessoas amadas seria o mais justo pagamento para um homem de Deus como foi João.

A verdade é que os caminhos que João Batista escolheu os levaram para um destino diferente desse. Ele era fiel à sua missão de condenar o pecado e foi isso que fez com relação à pecaminosa situação em que viviam Herodias e Herodes. O resultado foi prisão e morte. O interessante é que a esse homem preso e humilhado é que Cristo dedica uma de suas mais gloriosas declarações: “o maior nascido de mulher.” O comentário da senhora White é enfático a respeito disso:

Que em face da maneira de avaliar do Céu constitui grandeza? Não o que o mundo considera como tal; não riqueza, nem posição, nem nobreza de linguagem, nem dons intelectuais considerados em si mesmos. Se grandeza intelectual, à parte de qualquer consideração mais elevada, é digna de honra, então Satanás merece nossa homenagem, que suas faculdades intelectuais nenhum homem já igualou. (...) Valor moral, eis o que é estimado por Deus. Amor e pureza são os atributos que mais aprecia. João era grande aos olhos do Senhor. (WHITE, 219)

Esse é o tipo de homem e mulher que Deus espera contar em nossos dias. Gente grande aos olhos do céu. Gente que resolveu desprezar a glória dos homens e se apegar à Deus, custe o que custar. Olhando para o calabouço em que João Batista foi posto e sua decapitação, entretanto, ainda permanece um ar de injustiça. Parece que está faltando alguma coisa, como se a história dele não estivesse concluída. Essa é a impressão que tenho. No entanto, a senhora White acrescenta o seguinte comentário a respeito do caráter das pessoas que ressuscitaram com Jesus e ascenderam com Ele para o céu.

Quando Cristo ressurgiu, trouxe do sepulcro uma multidão de cativos. O terremoto, por ocasião de Sua morte, abrira-lhes o sepulcro e, ao ressuscitar Ele, ressurgiram juntamente. Eram os que haviam colaborado com Deus, e que à custa da própria vida tinham dado testemunho da verdade. Agora deviam ser testemunhas dAquele que os ressuscitara dos mortos. (WHITE, 786)

Naturalmente, o texto acima não declara explicitamente que João Batista ressuscitou com Cristo, mas apresenta uma característica muito adequada àquela que marcou a vida de João. Não há dúvida de que João Batista “à custa da própria vida” deu testemunho da verdade. João morreu porque defendia a verdade. Tenha João Batista ressuscitado ou não, fica-nos a certeza de que os salvos o verão no céu. O fato é que resta-nos, tal como ele foi, sermos embaixadores de Deus, anunciando a breve vinda de Jesus, apropriando-nos da verdadeira grandeza.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Iguais aos Outros?

Iguais aos Outros?

Felippe Amorim


“e lhe disseram: Vê que estás velho e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o tem todas as nações.” (I Samuel 8:5)



Ao lermos o texto acima podemos inicialmente pensar que o problema deste episódio foi o pedido do povo. Mas o fato de pedir um rei para Israel não é um problema do ponto de vista bíblico.

Deus já havia previsto muito tempo antes que Ele estabeleceria um rei sobre seu povo. Em Gênesis 17: 6 e 16, Deus já tinha mencionado a Abraão e Sara que viria um rei sobre seu povo. Jacó também recebeu a mesma promessa em Gênesis 35:11 e Gênesis 49:10. O Senhor já havia, inclusive, estabelecido as regras da monarquia em Deuteronômio 17:14-20, onde Ele fala que o rei deveria governar a partir de Sua Palavra.

Como vimos acima o problema não estava com o pedido feito a Samuel. O real problema, portanto, estava nos motivos que levaram o povo a pedir um rei.

O período dos Juízes foi de intensos perigos externos. Diversos povos ameaçavam a integridade física e territorial do povo escolhido. Dentre eles estavam os amorreus (norte) e amonitas (oriente). As Escrituras deixam aparente que o povo que mais os incomodava eram os filisteus, que após a decadência dos Hititas obtiveram o monopólio das armas de ferro, o que dava a eles vantagens bélicas ( I Samuel 13:19-21).

Essas ameaças de invasão dos povos vizinhos foram um dos motivos que levaram o povo a solicitar o estabelecimento de um rei.

Os problemas não se restringiam às questões bélicas. Havia problemas mais sérios ainda, relacionados à liderança espiritual do povo. Samuel estava velho e, portanto, próximo de morrer. No período dos juízes era comum que, após a morte de um desses líderes, se passasse muito tempo sem liderança até que outro juiz fosse estabelecido. Como Samuel estava próximo de morrer, certamente o povo estava temeroso de ficar outro período longo sem uma tão necessária liderança.

Esta situação se agravava porque os filhos de Samuel, que seriam a sucessão natural dele, não seguiam seus passos, pelo contrário, eram completamente afastados dos padrões de Deus(I Samuel 8:3).

O problema com a liderança em Israel teve um efeito direto sobre a atitude do povo em relação aos líderes e ao próprio Deus.

Devemos analisar também o próprio pedido feito pelo povo a Samuel. Nele estão contidos alguns elementos importantes para a compreensão daquela complexa situação.

Um primeiro aspecto é a precocidade do pedido do povo. Deus havia prometido estabelecer uma monarquia entre seu povo, mas o tempo deste estabelecimento era o Senhor que determinaria e não o povo(Gn 17:6, Nm. 24:17, Dt. 17:15, Dt. 17:15). Não esperar pelo tempo de Deus foi um dos aspectos errados daquele controvertido pedido feito pelo povo.

Na sequência do texto de I Samuel 8:5, podemos perceber outro aspecto falho deste episódio. O povo pediu “um rei para que nos governe”. Até então Israel era uma teocracia, portanto Deus os governava. Os anciãos, no entanto, rejeitaram a liderança divina e pediram a liderança de um homem. O próprio Deus no diálogo com Samuel atestou isso(I Sm. 8:7).

Há ainda um próximo erro contido no pedido do povo exposto no verso analisado. Existia um vontade imbutida no coração do povo: ser igual as outras nações. Essa foi a justificativa utilizada pelos anciãos para pedir um rei. Deus em diversas ocasiões havia advertido que o seu povo deveria ser distinto dos demais povos da terra(Ex. 8:23, Ex. 19:5,6, Lv 20:6,7, Dt. 7:6).

Os anciãos de Israel foram de encontro a uma recomendação expressa de Deus: Ser diferente. Esta oposição aos desígnios de Deus não poderia trazer outra coisa, senão maldição. Samuel chegou a advertir o povo sobre as consequências de instituir uma monarquia naquele momento (I Sm 8:11 a 18).

Duras advertências foram feitas por Samuel. O rei recrutaria servos, imporia trabalhos forçados, cobraria elevados impostos e faria desaparecer a liberdade e a igualdade entre o povo. Mesmo diante de todas estas consequências os anciãos confirmaram seu pedido(I Sm 8:19 e 20).

Eles realmente estavam decididos a trocar a liderança de Deus pela liderança de homens. Deus em sua misericórdia atendeu o pedido do povo e através do resignado profeta Samuel ungiu Saul, mas as consequências das más escolhas do povo vieram sobre eles, porque as consequências de nossas ações inevitavelmente virão sobre nós. O problema do povo não foi pedir um rei a Samuel. Os problemas foram não esperar pelo tempo de Deus, rejeitar a soberania de Deus sobre o povo e querer ser iguais às outras nações.

Este episódio da história do povo de Israel deve ser motivo de meditação para os cristãos modernos. Os erros cometidos por eles devem ser evitados por nós. Uma das lições que podemos aprender é que quando a liderança do povo (pastores, anciãos, diretores, etc.) não está em plena condições físicas ou espirituais de liderar a igreja, sérios problemas podem vir sobre a congregação, inclusive a apostasia de grande parte dos irmãos. Quem está na liderança precisa vigiar tanto a si mesmo, quanto à sua família, para que não incorra nos erros de Samuel, era um fiel servo de Deus, mas não obteve sucesso na criação dos filhos.

Esperar pelo tempo de Deus, não tentando adiantar os planos dEle para nossa vida é outro desafio que temos enquanto Israel espiritual. Confiemos em seus desígnios!

Aceitar a soberania do Senhor sobre nossas vidas é outra condição essencial para uma vida feliz. Ele é o dono e todas as vezes que tentamos ocupar o lugar que só pertence a Ele, certamente acabaremos mal.

Outra preciosa lição que necessitamos internalizar é a de sermos diferentes do mundo. Infelizmente muitos estão crendo na satânica filosofia de parecer com o mundo para ganhar o mundo. Outros querem paracer pelo simples fato de realmente serem “menos diferentes”. A diferença incomoda e alguns cristãos não estão dispostos a pagar o preço.

Ellen White comenta este assunto da seguinte forma: “Os israelitas não compreendiam que serem neste sentido diferentes de outras nações era um privilégio e bênção especiais. Deus havia separado os israelitas de todos os outros povos, para deles fazer Seu tesouro peculiar. Eles, porém, não tomando em consideração esta alta honra, desejaram avidamente imitar o exemplo dos gentios! E ainda o anelo de conformar-se às práticas e costumes mundanos existe entre o povo professo de Deus. Afastando-se eles do Senhor, tornam-se ambiciosos dos proveitos e honras do mundo. Cristãos acham-se constantemente procurando imitar as práticas dos que adoram o deus deste mundo. Muitos insistem em que, unindo-se aos mundanos e conformando-se aos seus costumes, poderiam exercer uma influência mais forte sobre os ímpios. Mas todos os que adotam tal método de proceder, separam-se desta maneira da Fonte de sua força. Tornando-se amigos do mundo, são inimigos de Deus. Por amor à distinção terrestre, sacrificam a indizível honra a que Deus os chamou, honra esta de mostrarem os louvores dAquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.” (Patriarcas e Profetas, 607)

Há um imperativo divino. Devemos ser diferentes. A nossa roupa deve ser diferente, nossa alimentação deve ser diferente, nossa música deve ser diferente, enfim, os cristãos tem que atender ao chamado de Deus: sede santos, ou seja, separados.

A oração da igreja de Deus deve ser constantemente que o Senhor nos ajude a nos submetermos a Ele e aceitar os desafios que a Sua Palavra constantemente nos faz.

sábado, 23 de outubro de 2010

Prega a Palavra

Prega a Palavra
Felippe Amorim


        

Vivemos nos últimos dias da história da humanidade. Não há dúvida de que estamos muito próximo da volta de Jesus a este planeta. As profecias bíblicas a respeito deste período estão se cumprindo fielmente: catástrofes naturais, violência, fome, doenças, dentre tantas outras evidências do final dos tempos.


Os cristãos deveriam estar cada vez mais alerta diante de tudo que tem acontecido. Deus se preocupou em deixar em Sua Palavra conselhos que nos ajudariam a viver melhor neste período. Paulo, em sua carta a Timóteo, informa-nos como seriam os últimos dias da história deste planeta.

Em II Timóteo 3:1 a 5 o apóstolo descreve como estará o mundo pouco antes do retorno de Cristo. Ele informa profeticamente que seriam “tempos díficeis” nos quais os homens seriam “egoistas, avarentos, desobedientes aos pais, cruéis... mais amigos dos prazeres do que de Deus”. Apenas palavras inspiradas poderiam ser tão exatas em sua descrição, pois é um retrato fiel do mundo em que vivemos.

Após nos dar uma visão mais abrangente, Paulo concentra seu olhar na igreja e destaca dois grupos que existiriam nos últimos dias.

O primeiro grupo está descrito em II Timóteo 4:3,4. Este grupo estaria dentro da Igreja, mas sem compromisso algum com a Palavra de Deus. Uma das características desta porção da igreja é que “não suportariam a sã doutrina”. A pregação doutrinária confronta o pecado sem rodeios e isto ofende aos que amam o pecado. Para fugir destes sermões, este grupo procuraria mestres que apresentariam mensagens que “coçariam os seus ouvidos”. Esta expressão do apóstolo nos leva a pensar em pessoas que querem ouvir mensagens “agradáveis”, bonitas ,engraçadas, mas, muitas vezes, vazias.

Infelizmente, muitas igrejas na atualidade têm assumido este padrão homilético, tornando-se, assim, “amigáveis”. John MacArthur em seu livro “Com Vergonha do Evangelho”(Editora Fiel, 2009) diz que “ Nada, praticamente, é dispensado como impróprio para o culto [das igrejas “amigáveis”] ... Aliás, uma das poucas coisas que é considerada como inadequada é a pregação clara e poderosa”(p. 46). Este autor registra alguns depoimentos interessantes de líderes destas igrejas. “ Aqui não há fogo nem enxofre. Nada de pressionar as pessoas com a Bíblia. Apenas mensagens práticas e divertidas”. “Os cultos em nossa igreja trazem consigo um ar de informalidade. Você não verá os ouvintes sendo ameaçados com o inferno ou sendo considerados como pecadores. O objetivo é fazer com que se sintam bem-vindos, não de afastá-los”. “O Pastor está pregando mensagens bastante atuais... mensagens de salvação, mas a idéia não é tanto de salvação do fogo do inferno. Pelo contrário, é salvação da falta de significado e de propósito nesta vida. É uma mensagem mais soft, de mais fácil aceitação.” (p. 48-49). Percebe-se facilmente que não há compromisso algum com a Palavra de Deus nestas igrejas. O apóstolo Paulo não recomenda estas mensagens e as cita em tom de reprovação.

O segundo grupo está descrito em I Timóteo 4:1,2. Enquanto o primeiro permanece dentro da igreja, este está sofrendo o processo de apostasia. Os motivos são esclarecidos. “Obedecem ensinos de demônios”,ou seja, seguem ensinamentos religiosos que são contrários à Bíblia. Outro motivo apresentado no texto é hipocrisia, pessoas que levam uma vida dupla, são uma coisa na igreja e outra no mundo. Os apóstatas do final dos tempos também têm a “mente cauterizada”, são membros de igreja para os quais nada mais é pecado. O Espírito Santo não consegue mais falar com estas pessoas.

Jon Paulien em seu livro “Deus no Mundo Real”(CPB, 2009) apresenta alguns passos que são dados no processo de apostasia: 1- Deixar a oração particular, orar apenas em público. Na igreja, por exemplo. 2- Deixar de Estudar a Bíblia e o Espírito de profecia. 3- A queda das normas do estilo de vida. 4- Frequência irregular aos cultos. 5- Dúvidas acerca da Bíblia e da Vida futura, ou seja, a pessoa começa a se ater aos “textos difíceis” e aos poucos vai desacreditando da Palavra de Deus. 6- Desconfiança na instituições religiosas, o que redunda em rebelar-se contra a igreja. Em um processo lento e às vezes imperceptível para quem está sofrendo, a pessoa sai da igreja.

O quadro descrito acima é lamentável, mas, graças a Deus, Paulo não nos deixou sem solução. Em I Timóteo 4:1,2 nos é apresentada a saída. A frase chave deste texto é: “Prega a Palavra”. Enquanto não colocarmos em nossos púlpitos e em nossa vida a mensagem da Bíblia como ela é, não conseguiremos escapar do triste fim que está reservado para o mundo.

Precisamos estudar mais a Bíblia, os pregadores precisam pregar mais a Bíblia e menos fábulas e histórias que comovem, mas não alimentam. Apenas a Palavra de Deus pode nos livrar da falta de fé e da apostasia. Paulo nos orienta como deve ser esta pregação. Com longanimidade (paciência) e doutrina. Não devemos usar o púlpito como chicote contra a igreja, a doutrina deve ser pregada com amor, paciência, mas sem omitir nenhuma parte dela.

“Recebidas, as verdades bíblicas elevarão a mente e a alma. Se a Palavra de Deus fosse apreciada como deveria ser, tanto os jovens como os idosos possuiriam uma retidão interior, uma firmeza de princípios que os habilitariam a resistir à tentação”(Ciência do Bom Viver, 459). Que a Bíblia seja nossa companheira diária na jornada rumo às mansões celestias!













domingo, 12 de setembro de 2010

O Campeão Espiritual

O Campeão Espiritual

Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas. II Tm. 2:5 (ARA)

Felippe Amorim

            A vitória sempre é o objetivo de qualquer atleta profissional. Para alcançá-la todos os meios são utilizados, alguns até usam de meios ilícitos para ficarem mais fortes ou mais rápidos e acabam sendo descobertos e desclassificados. A questão é que sempre os atletas buscam a vitória. Mas ela não vem por acaso, há um preço a ser pago pelo êxito. Paulo usa a figura do atleta para ilustrar a preparação pela qual o cristão precisa passar ao longo de sua caminhada rumo ao céu. Precisamos, portanto, analisar quais as “normas” que envolvem a preparação e a luta de um atleta espiritual.
            O texto de I coríntios  9:24 e 25 nos diz algo interessante a respeito do atleta espiritual.

Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só é que recebe o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta, em tudo se domina; ora, eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível.

            Paulo estava escrevendo para um povo acostumado a assistir e participar de competições esportivas. Na Grécia a cada quatro anos aconteciam os jogos olímpicos e na própria cidade de Corinto a cada três anos aconteciam os jogos Istmicos. Portanto os leitores primários desta carta de Paulo entendiam exatamente o que o apóstolo queria falar.          
            O primeiro conselho do apóstolo é: “correi de tal maneira que o alcanceis”. Para alcançar a vitória, o atleta não podia correr de qualquer maneira. Existia um jeito certo de se portar para que o objetivo fosse alcançado. Na vida espiritual não é diferente. Não é de qualquer maneira que seremos vencedores. Necessitamos primeiramente ajustar o nosso foco. Nunca um atleta espiritual pode tirar os olhos de Jesus, único meio de alcançarmos a salvação. Correr em qualquer outra direção é perder tempo.
            Determinação é outro aspecto imbutido neste primeiro conselho paulino. Há duas partes do treinamento que não são naturalmente atrativas para nós, mas que são essenciais para o sucesso na carreira: O estudo da Bíblia e a oração. Nenhum atleta será campeão na corrida espiritual se não for determinado nestes dois “treinamentos” da preparação cristã. Determinação se faz necessária, porque a nossa natureza não busca essas coisas. Na verdade para que possamos praticar constantemente o estudo da Bíblia e a oração precisamos lutar contra a nossa natureza carnal.
            No versículo 25, Paulo nos apresenta uma segunda característica do atleta que precisamos aplicar à nossa vida espiritual. Ele diz: “E todo aquele que luta, em tudo se domina”. Os atletas gregos quando iam se preparar para uma competição se submetiam a um rigoroso treinamento que durava em média dez meses. Durante este período eles abriam mão de muitas coisas. Eles sacrificavam a convivência com amigos e familiares, não desfrutavam de prazeres nas festas que eram comuns na Grécia. Cuidavam da alimentação, evitando os alimentos que não os ajudariam na preparação para a competição. Os atletas gregos rejeitavam, durante aqueles dez meses, qualquer coisa que não os ajudasse a tornarem-se vencedores.
            Assim como eles, nós, os atletas espirituais, precisamos nos dominar em muita coisa se queremos alcançar a coroa. Podemos citar várias das áreas nas quais precisamos exercer o domínio prórpio, que é fruto do Espírito. No namoro, no trabalho, nas relações sociais precisamos dominar nossa inclinação para o erro. Outra área é a alimentação. Há uma dieta ideal que o Senhor deseja que tenhamos e precisamos buscar cada vez mais estar perto do ideal de Deus para nós. Essa dieta está inserida dentro de um estilo de vida que deve ser buscado por cada cristão na face da terra.
            Para os gregos o tempo era de dez meses. Para nós também há um tempo: até a volta de Jesus. Muitas vezes o treinamento é rigoroso e acompanhado de sofrimento. Nessas horas devemos pedir ajuda ao treinador Jesus e pensar no prêmio que estamos buscando.
            Aliás, não tirar os olhos do prêmio é o grande segredo da vitória na vida espiritual. Os atletas que Paulo cita, corriam, se esforçavam, renunciavam por causa de um prestígio passageiro e de uma coroa de louros que dentro de dias estaria murcha e deveria ser jogada no lixo. Se eles se dedicavam tanto para ganhar coisas passageiras, quanto mais nós que temos a ganhar uma coroa eterna.
            Há muitas diferenças entre o prêmio do atleta secular e o nosso prêmio. Nos jogos olímpicos, em cada modalidade, apenas um atleta poderia ser campeão e todos os outros que fizeram esforço equivalente ficavam tristes. Na competição espiritual a disputa não é contra o companheiro do lado, a luta é contra nós mesmos e todos podem ser campeões ao mesmo tempo. Há coroa para todos!
            Em Tiago 1:12 lemos:

Bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam.

            Apocalipse 2:10 completa esta ideia:

 Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.

            A nossa luta não é fácil. Jesus nunca prometeu que a preparação do atleta espiritual seria um mar-de-rosas, mas para todos aqueles que forem fiéis, há um prêmio preparado que compensará todo esforço e renúncia feitos neste processo de preparação.
            Na primeira visão de Ellen G. White foi revelado a caminhada do povo de Deus rumo às mansões celestiais. Na parte final desta revelação ela e o grupo dos salvos chegaram ao céu. Após sete dias de viagem em uma núvem, finalmente eles chegaram ao mar de vidro e ali receberam das mãos do próprio Cristo a sua coroa, harpas de ouro e palmas de vitória. Sob a companhia dos anjos e o convite de Jesus, todos entraram na cidade santa vestindo vestes brancas lavadas no sangue do cordeiro. Todos se maravilhavam com as construções de ouro e logo se dirigiram para perto da árvore da vida. Neste momento acontece um episódio muito lindo:

Todos nós fomos debaixo da árvore, e sentamo-nos para contemplar o encanto daquele lugar, quando os irmãos Fitch e Stockman, que tinham pregado o evangelho do reino, e a quem Deus depusera na sepultura para os salvar, se achegaram a nós e nos perguntaram o que acontecera enquanto eles haviam dormido. Tentamos lembrar nossas maiores provações, mas pareciam tão pequenas em comparação com o peso eterno de glória mui excelente que nos rodeava, que nada pudemos dizer-lhes, e todos exclamamos - "Aleluia! é muito fácil alcançar o Céu!" - e tocamos nossas gloriosas harpas e fizemos com que as arcadas do Céu reboassem. (Primeiros Escritos, 17)

            O galardão era tão maravilhoso, que as lutas pelas quais passaram na terra se tornaram em nada. É isso que está guardado para nós. O prêmio da “competição espiritual” é tão maravilhoso que qualquer esforço nosso no processo de preparação se tornará minúsculo  frente a maravilha da coroa da vida. Que o Espírito Santo nos guie na preparação e nos faça campeões espirituais.
           


sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Carta Aberta

Carta Aberta
Publicado na Revista Adventista de Julho/2010

Felippe Amorim



Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens, sendo manifestos como carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne do coração. II Cor. 3:2,3



A bíblia registra diversas metáforas a respeito da vida cristã. Sal da terra, luz do mundo, dentre outras. Uma destas metáforas é a relatada no texto acima. Podemos tirar muitas lições para nossa vida cristã quando pensamos em nós como a carta de Cristo ao mundo.

Quando escrevemos uma carta e endereçamos a alguém, ela se torna uma parte de nós que estamos deixando com a outra pessoa. Aquele pedaço de papel representa a pessoa que o enviou. Se a carta foi enviada para alguém desconhecido, tudo o que aquela pessoa saberá de nós é o correspondente ao conteúdo da carta.

Assim também acontece conosco em relação a Jesus. A bíblia nos diz que somos a carta de Cristo para a humanidade. Portanto, quando as pessoas nos “lerem” elas estarão aprendendo a respeito de Jesus e do cristianismo. A pergunta importante é: O que as pessoas estão “lendo” em nós? Quando estamos no nosso trabalho, o que mostramos às pessoas a respeito de Jesus e do cristianismo? E quando estamos na escola ou faculdade, que tipo de mensagens as nossas ações e palavras têm dado a respeito do Senhor?

A bíblia apresenta-nos a história de alguém que foi uma “boa carta” de Deus à humanidade. Onde este homem passava as pessoas o reconheciam como um homem de Deus. Estamos falando de Eliseu, o profeta que sucedeu Elias.

Um episódio muito significativo da vida deste profeta foi registrado na bíblia assim: “Sucedeu também certo dia que Eliseu foi a Suném, onde havia uma mulher rica que o reteve para comer; e todas as vezes que ele passava por ali, lá se dirigia para comer”.(II Reis 4:8) Esta mulher e sua família ficaram tão impressionados com a conduta de Eliseu que construiram um quarto e o mobiliaram especialmente para o profeta. Mas, o que impressionou tanto estas pessoas? Que características Eliseu possuia que fez uma família rica admirar tanto o profeta? A bíblia responde: “E ela disse a seu marido: Tenho observado que este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus. Façamos-lhe, pois, um pequeno quarto sobre o muro; e ponhamos-lhe ali uma cama, uma mesa, uma cadeira e um candeeiro; e há de ser que, quando ele vier a nós se recolherá ali”. (II Reis 4:9,10)

“Um santo homem de Deus”. Esta foi a característica que fez de Eliseu tão atrativo a esta família. Eis um método missionário excelente: uma vida que prega sem proferirir uma só palavra.

Muitos têm se preocupado com quais métodos utilizar para que o evangelho seja pregado aos ricos. A história de Eliseu nos dá uma direção infalível. Uma vida consagrada a Deus pode impressionar vidas e levá-las para mais perto de Jesus. Como diz Ellen White: Em cada esforço para alcançar as mais altas classes, o obreiro de Deus necessita de forte fé. As aparências podem parecer desoladoras, mas na hora mais escura há luz do alto. A força dos que amam a Deus e a Ele servem será renovada cada dia. A mente do infinito está posta a seu serviço, para que ao executarem Seu propósito não cometam erro.(White, 1986. P.242)

Precisamos nos preocupar com o tipo de testemunho que temos dado a respeito da religião que professamos. As palavras que proferimos, as comidas que comemos, as músicas que cantamos e ouvimos, os lugares que frequentamos, tudo isso mostra o quão comprometidos com o evangelho de Jesus nós somos. Pois, “muitos há, cujos nomes estão nos livros da igreja, mas não sob o governo de Cristo. Não Lhe ouvem as instruções, nem fazem Sua obra. Por isto estão sob o domínio do inimigo. Não fazem positivamente bem, por isto produzem dano incalculável. Por sua influência não ser cheiro de vida para vida, é cheiro de morte para morte(White . PJ 304). Temos sido cartas que levam mensagens de vida ou de morte?

Não existe meio termo nesta questão “ou somos coobreiros de Cristo, ou coobreiros do inimigo. Ou ajuntamos com Cristo ou espalhamos.Ou somo cristãos decididos, de todo coração, ou nada somos(White, CPI. 41). Que possamos pedir todos os dias que a graça de Cristo nos santifique a tal ponto que as pessoas possam ver Cristo em nós.





Bibliografia



WHITE, Ellen G. Conselhos para a igreja. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira,2007

WHITE, Ellen G. Párabolas de Jesus. 14ª edição (eletrônica).Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira,

WHITE, Ellen G.. Atos dos Apóstolos. Tatuí – SP . Casa Publicadora Brasileira, 1986