sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O pecado: Os casos de Adão e Eva


O pecado: Os casos de Adão e Eva

Felippe Amorim


Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais do campo, que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal.  Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu. Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais. (Gênesis 3:1-7)

INTRODUÇÃO
            O relato do pecado original é uma triste página da história da humanidade. Nele está contido o motivo pelo qual o mundo está na atual situação. Mas, apesar de um relato trágico, podemos retirar dele algumas lições que nos ajudarão a ter uma vida espiritual mais vitoriosa.
            Adão e Eva foram abordados pelo inimigo das almas de formas distintas. Para cada um deles Satanás usou uma estratégia específica de acordo com a circunstância que eles se encontravam. A análise deste episódio bíblico é muito útil para os cristãos do século XXI, pois conhecendo a estratégia do inimigo podemos melhor nos proteger dele.
            Quais foram as táticas utilizadas pelo inimigo de Deus para enredar os nossos primeiros pais? Quais as atitudes de Adão e Eva que facilitaram a ação de Satanás? Como o nosso Deus agiu para resolver este grande problema? Nas linhas seguintes tentaremos responder  a estas questões.

O Éden

            O Éden era um lugar de perfeita harmonia. A natureza apresentava em suas diversas cores toda a plenitude da obra de Deus. Os animais conviviam pacificamente dividindo o território do Jardim, assim como toda a terra que compartilhava da mesma perfeição do Éden.
            O primeiro casal vivia uma felicidade conjugal plena, entre eles não havia nada além do mais puro amor e de uma atmosfera celestial que marcava o primeiro lar instituido pelo próprio Deus.
            Todas as tardes o criador do universo era recebido pelo casal para uma reunião onde eles ouviriam palavras saídas da suprema sabedoria do universo. Que privilégio!  Em algum destes encontros Deus contou para Adão e Eva a respeito da guerra que houve no céu e de como Satanás procuraria tentá-los e induzí-los a pecar contra a lei de Deus.
            Tanto Deus quanto o Seu inimigo sabiam que se o casal cedesse apenas um pouco em relação aos princípios estabelecidos pelo governo divino , seria o suficiente para que todo o equiíbrio da criação fosse abalado e o clima celestial do Éden ficasse ofuscado.
           
Eva,  enganada pelo inimigo.

            A árvore do conhecimento do bem o do mal era o único acesso que satanás teria para se aproximar do ser humano. Se o casal edênico se mantivesse afastado dela estaria eternamente seguro do pecado.
            Eva, porém, decidiu arriscar-se chegando perto daquilo que oferecia risco à sua integridade espiritual e física. Este foi o primeiro grande erro da humanidade, chegar perto daquilo que Deus dissera para se manter longe.
            A queda de Eva foi o resultado de uma série de decisões infelizes. Uma delas foi a de afastar-se de seu esposo. Existia uma advertência de Deus para ela que deve receber uma profunda atenção dos cristãos do século XXI:
Os anjos haviam advertido Eva de que tivesse o cuidado de não se afastar do esposo enquanto se ocupavam com seu trabalho diário no jardim; junto dele estaria em menor perigo de tentação, do que se estivesse sozinha. Mas, absorta em sua aprazível ocupação, inconscientemente se desviou de seu lado. Percebendo que estava só, sentiu uma apreensão de perigo, mas afugentou seus temores, concluindo que ela possuía sabedoria e força suficientes para discernir o mal e resistir-lhe. Esquecida do aviso do anjo, logo se achou a contemplar, com um misto de curiosidade e admiração, a árvore proibida.  P.P. 54

            O afastamento físico ou mesmo emocional entre um casal pode ser um grande perigo para o matrimônio. Foi em um desses momentos que Satanás aproveitou para tentar Eva que, longe de Adão, não percebeu que aquilo que ela admirava com tanta curiosidade seria a causa da ruína da perfeita harmonia de seu lar e da paz do planeta.
            Aproveitando esta infeliz oportunidade, Satanás fez uso de um poderoso instrumento para enganar a mulher. Um dos mais lindos animais do Éden, 
A serpente era então uma das mais prudentes e belas das criaturas da Terra. Tinha asas, e enquanto voava pelos ares apresentava uma aparência de brilho deslumbrante, tendo a cor e o fulgor de ouro polido. P.P 53

            Sempre que o inimigo tenta enganar alguém ele usa o que tiver de mais bonito e atrativo para aquela pessoa. Se ele se apresentasse como ele realmente é ninguém cairía em suas armadilhas. Eva não percebeu o laço em que estava sendo colocada e aos poucos foi envolvida pela voz suave e melodiosa da serpente médium.
            Além da beleza da serpente, o fruto também era atrativo, a bíblia o descreve assim:
Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu. (Gen. 3:6)

            Há neste versículo mais de uma coisa que precisamos analisar. O fruto que representava a desobediência a Deus era agradável ao paladar e aos olhos da mulher. Que combinação perigosa! Paladar e visão deturpados são a combinação perfeita para a queda.
            No versículo acima ainda existe um outro elemento para o qual precisamos dar atenção. O texto diz que a árvore era desejável para dar entendimento. Esse foi um argumento usado pelo inimigo para enganar Eva e que tem dado certo com muitos no presente século: “Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal.” (Gen. 3:5).
            A procura por conhecimento tem desviado muita gente do foco do evangelho assim como aconteceu com a nossa primeira mãe. A irma White já nos advertiu:

Em seus esforços para pesquisarem o que Deus foi servido recusar-lhes, multidões descuidam-se das verdades que Ele revelou, e que são essenciais para a salvação. P.P 55

            Infelizmente até dentro do cristianismo podemos observar gente buscando estudar sobre coisas que Deus não revelou completamente. Destas pessoas nascem as heresias e as divisões na igreja. O pior de tudo é que muito destes esquecerão de estudar o que realmente é importante e perderão sua salvação em nome de uma pseudo-intelectualidade que os levará para a morte eterna caso não se arrependam. Existe uma onda de “mentes abertas” que está destruindo o cristianismo. A impressão que é passada por alguns destes é que as pessoas que querem se manter firmes nos princípios bíblicos sobre música, alimentação, vestuário, métodos evangelísticos, etc, tem a “mente fechada” e que quem é frouxo nos princípios é que tem a “mente aberta”.
            A busca por entender coisas que Deus deixou restrita a Ele foi um dos motivos pelos quais Eva caiu nos enganos de Satanás. Ela não estava fazendo por maldade, Eva era sincera, mas estava sinceramente errada. Ser sincero não torna erro em verdade  pois,

No Juízo, os homens não serão condenados porque conscienciosamente creram na mentira, mas porque não acreditaram na verdade, porque negligenciaram a oportunidade de aprender o que é a verdade. P.P 55

            Para Eva estavam disponíveis todas as instruções dadas pelo próprio Deus em seus encontros no Éden. Para nós está disponível a Bíblia, ningúem será desculpado por ter negligenciado a oportunidade de conhecer a vontade de Deus expressa em Sua palavra.
            Dessa forma, quase que inconscientemente, Eva foi levada a comer do fruto proibido e a abrir as portas do planeta para o pecado.


Adão, o pecado consciente.


            Após pecar, Eva tornou-se um agente de satanás levando o fruto para seu marido. Ela queria um companheiro para seu pecado.
            Adão logo percebeu a diferença em sua esposa,o pecado havia retirado dela a pureza e santidade anteriores. A tristeza logo tomou conta do coração de Adão ao perceber que sua companheira, a quem ele tanto amava, havia cometido um grave erro. Adão sabia que sua esposa estava errada, ele sabia que não deveria comer daquele fruto. Em seu coração se instaurou um doloroso conflito.
            Ele sabia o que era o correto a fazer, mas amava muito sua esposa. Adão estava diante de um dilema extremamente difícil. Ele deveria escolher entre a companhia de Deus e a companhia de sua esposa. Todas as tardes Deus descia ao Éden para conversar com o casal, a companhia de Deus era apreciada por Adão, por outro lado, ele não queria perder a sua amada esposa.
            Adão precisava escolher, e ele tomou a decisão errada; ele escolheu a companhia de Eva. Certamente o amor de Adão por Eva era muito grande,mas nenhum amor pode ser maior do que o amor que devemos ter por Deus. Adão falhou conscientemente,

Não compreendia que o mesmo Poder infinito que do pó da terra o havia criado, como um ser vivo e belo, e amorosamente lhe dera uma companheira, poderia preencher a falta desta. Resolveu partilhar sua sorte; se ela devia morrer, com ela morreria ele. P.P 57.

            Se este fosse o enredo de um filme romântico, talvez fosse um lindo final de um casal que se ama, mas quando falamos das coisas de Deus, a prioridade é sempre Dele. Pois quando buscamos primeiro a Deus, Ele cuida do nosso casamento e de todas as outras coisas de nossa vida. Adão conscientemente escolheu o pecado.


As consequências do Pecado
           

            A prova de que sempre nos damos mal quando deixamos Deus em segundo lugar, é que o amor que levou Adão a escolher ficar ao lado de Eva em seu pecado logo se transforma em acusações e censuras contra sua esposa. Em Gênesis 3:12 Adão culpa Eva e também a Deus ao falar para o criador:  “A mulher que me deste por companheira deu-me a árvore, e eu comi.”
            A mulher por sua vez mostra em suas atitudes as consequências do pecado. Eva joga a culpa para Deus. Assim está relatado em Gênesis 3:13: “Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi.” É como se Eva dissesse assim para Deus: Por que Criaste a serpente? Por que lhe permitiste entrar no Éden? Momentos após o pecado o ser humano já estava desafiando a sabedoria divina.
            O juízo de Deus imediatamente seguiu ao ato pecaminoso do homem.

Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás tu dentre todos os animais domésticos, e dentre todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. (Gênesis 3: 14,15)

            Neste texto podemos identificar juizo sobre a serpente enquanto animal, pois esta perdera seus privilégios de animal alado e o brilho que sobre ela existia. Mas este texto também nos mostra o juízo sobre o diabo. Em uma profecia que aponta para a cruz, Deus falou da derrota que já estava preparada para o inimigo das almas.
            Outra coisa que sofreu sérios danos como consequência do pecado foi a harmonia  que existia no primeiro lar. “E  à mulher disse Deus: Multiplicarei grandemente a dor da tua conceição; em dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.”
            A desarmonia no lar nunca foi a vontade de Deus e nesta passagem ele não estava expressando sua vontade para o casamento, mas estava apenas falando qual seria a consequência do pecado para o matrimônio.

Na criação Deus a fizera(Eva) igual a Adão. Se houvessem eles permanecido obedientes a Deus - em harmonia com Sua grande lei de amor - sempre estariam em harmonia um com o outro; mas o pecado trouxera a discórdia, e agora poderia manter-se a sua união e conservar-se a harmonia unicamente pela submissão por parte de um ou de outro. Lar Adventista 115.

            Por procurar algo que não estava nos planos de Deus a mulher edênica destruiu o perfeito plano do criador para o casamento.

Eva tinha sido perfeitamente feliz ao lado do esposo, em seu lar edênico; mas, semelhante às inquietas Evas modernas, lisonjeou-se com a esperança de entrar para uma esfera mais elevada do que aquela que Deus lhe designara. Tentando erguer-se acima de sua posição original, caiu muito abaixo da mesma. Idêntico resultado será alcançado por todas as que estão indispostas a assumir com bom ânimo os deveres da vida, de acordo com o plano de Deus. Em seus esforços para atingirem posições para as quais Ele não as adaptou, muitas estão deixando vago o lugar em que poderiam ser uma bênção. Em seu desejo de uma esfera mais elevada, muitas têm sacrificado a verdadeira dignidade feminil, e a nobreza de caráter, e deixaram por fazer precisamente o trabalho que o Céu lhes designou.  P.P 59

            Certamente não há nenhum pecado em as mulheres quererem alcançar posições de destaque na sociedade, mas isso não pode ser feito em detrimento das funções para as quais Deus as criou, o cuidado e a educação dos filhos só são supridos pela figura da mãe. A televisão, a secretária ou mesmo a vovó não são as mais indicadas para esta função. Deus designou esta alta vocação para as mães e o trabalho, os estudos ou qualquer outra coisa não podem ocupar esta sagrada função.
            A natureza também sofreu consequências do pecado.

Ao testemunhar Adão os primeiros sinais da decadência da natureza com o cair das folhas e o murchar das flores, chorou mais sentidamente do que os homens hoje choram os seus mortos. (P.P. 55)

            Desde o Éden até hoje a natureza continua numa curva decrescente que se não fosse interrompida pela volta de Jesus, levaria para a completa destruição do meio ambiente.

A Gravidade do Pecado

            Se nós olharmos apenas para o simples ato de comer uma fruta, poderíamos correr o risco de achar que Deus foi severo demais contra um pecado tão simples. Mas o capítulo 3 de Gênesis nos dá a real dimensão do pecado.
            Comer a fruta não seria um pecado pequeno? Não importa se é um ato simples ou uma ação que escandaliza muitas pessoas. Pecado é pecado. “Quem pode saber, no momento da tentação, as terríveis conseqüências que advirão de um passo errado?” P.P 61
            Precisamos estar atentos em todos os momentos para não incorrer em erros que podem ter consequências desastrosas para a nossa vida. “Apenas uma vez”, “ninguém está vendo”, “é a última vez”, são expressões que podem esconder um pecado que trará tristeza por toda a vida.
            Não importa se você pecou inconscientemente ou com plena consciência. O pecado é igualmente grave para todos e as consequências certamente virão.


A Solução para o Pecado

            Quando o primeiro casal pecou, imediatamente perceberam sua nudez, pois tinham perdido o manto da justiça de Deus que os cobria. Ao perceberem que estavam nus, colheram folham de figueira e fizeram cintas para si (Gen. 3:7). Foi a solução humana para tentar cobrir a sua condição pecaminosa. Mas a solução para o pecado não está no homem. Nada do que possamos fazer ou deixar de fazer pode nos salvar da condenação do pecado.
            Deus, logo após falar da gravidade e da consequência do pecado, faz algo que simbolizaria uma ação Sua muitos anos depois. “E o Senhor Deus fez túnicas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu.”(Gen. 3:21) Um sacrifício foi feito para que  Adão e Eva tivessem seus corpos cobertos no Éden,

Um abrigo de folhas de figueiras nunca cobrirá nossa nudez. O pecado deve ser removido, e o manto da justiça de Cristo deve cobrir o transgressor da lei de Deus. o homem tem sua nudez oculta, não sob a cobertura das folhas de figueira, mas sob o manto da justiça de Cristo. Cristo fez um sacrifício para satisfazer os requisitos da justiça. Que preço o Céu teve de pagar pelo resgate do transgressor da lei de Jeová. (Olhando para o alto. MM 1983 . p. 373.)

            Nenhum dos atos humanos pode fazê-lo melhor ou digno de salvação. A tentativa dos homens de se salvarem através dos bons atos são equivalentes às folhas de figueiras no éden, mas um dia Jesus veio à terra e fez o supremo sacrifício pelo pecado do homem. Pagou o preço da transgressão e ofereceu as vestes de justiça com as quais, unicamente, o homem poderá alcançar a salvação. A parte do homem em todo este plano é aceitar a salvação pela graça de Cristo e permitir que o Espírito Santo desenvolva neles o seu fruto.

           
BIBLIOGRAFIA
WHITE. Ellen G. Patriarcas e Profetas. Casa Publicadora Btasileira
WHITE. Ellen G. Olhando para o alto. MM 1983. Casa Publicadora Brasileira
WHITE. Ellen G. O Lar Adventista. Casa Publicadora Brasileira

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O Cristão é diferente do mundo


O Cristão é diferente do mundo

Felippe Amorim



Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; I Pedro. 2:9


INTRODUÇÃO

Quem é o Cristão? O que significa ser chamado de Cristão? Quando este nome surgiu, ele se referia àquelas pessoas que imitavam as ações de Jesus Cristo. Ser cristão, portanto, é agir neste mundo como nosso Mestre agiu, é falar como Cristo falou, é tratar as pessoas como Cristo tratou.

Precisamos, então, estudar e meditar sobre o nosso Mestre diariamente para aprendermos sobre Ele. Quando Cristo esteve na terra ele foi muito diferente das pessoas que estavam ao seu redor. Em um mundo cruel e vingativo, Jesus mandou amar o próximo como a si mesmo. Numa época que o dinheiro era mais valorizado que as coisas de Deus, Ele falou para buscar primeiro o reino de Deus. Quando o legalismo imperava na religião, Jesus veio mostrar que somente pelos Seus méritos podemos ser salvos. Enfim, Jesus impactou o mundo pelo contraste de Sua vida em relação as vidas das outras pessoas.

Como cristãos, ou seja, imitadores de Cristo, precisamos assim como nosso mestre sermos diferentes do mundo a tal ponto de causar admiração e interesse naqueles que nos cercam.

O versículo que está no início deste texto é uma advertência recheada de privilégios que o apóstolo Pedro dá aos cristãos.

Em suma, ele nos diz que o povo de Deus nesta terra é um povo diferente, mas quando analisamos este verso de forma mais detalhada descobrimos preciosas lições que saltam das palavras inspiradas

Vós sois raça eleita

Em uma eleição é preciso que existam no mínimo dois candidatos, para que haja uma concorrência e também opções para os votantes. É certo que a eleição na qual fomos eleitos por Deus não é semelhante as eleições que acontecem nos pleitos eleitorais deste mundo. Graças a Deus por isso! Mas quando meditamos na primeira expressão deste verso chegamos a algumas conclusões.

Dentre tantas pessoas que existem neste mundo, entre tantas opções que Deus tem, Ele escolheu a nós como seu povo. Esta é uma grande responsabillidade, mas também um grande privilégio. Apenas isso seria um motivo suficiente para nossa eterna gratidão e devoção a este Deus tão maravilhoso. Mas o verso não para por aí.

Sacerdócio Real

Esta expressão (sacerdócio real) é repleta de significados. Primeiro deveríamos perguntar: quem era o sacerdote?

O sacerdote, no ritual do santuário, era um tipo de Cristo. Ele intercedia pelos pecados do povo dentro do santuário, no lugar santo e uma vez por ano, no dia da expiação, o sumo sacerdote entrava no lugar santíssimo para fazer a limpeza do santuário, representando o papel que Cristo exerce hoje no santuário celestial. Portanto, o sacerdote era Cristo para o povo que viveu antes da Cruz.

Quando pensamos nestes fatos começamos a entender o que o apóstolo Pedro estava dizendo. O cristão deve ser um tipo de Cristo para o mundo. Quando aqueles que não conhecem a Jesus olharem para um cristão eles devem logo identificar as características do Salvador nele.

Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque minha é toda a terra; e vós sereis para mim reino sacerdotal e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel. (Êx. 19:5-6)



Nestes versos estão claros os requisitos para que sejamos sacerdotes de Jesus neste mundo. Diligência em ouvir a voz de Jesus e guardar a aliança que Ele fez conosco. Não existe nada de místico nesta expressão “ouvir a voz de Deus”. A Bíblia não está falando de usar a audição para ouvir a Deus. Nós ouvimos a voz de Deus quando entramos em contato com a sua palavra, ou seja, um dos requisitos para sermos sacerdócio real é a diligência no estudo da Bíblia e a fidelidade na guarda da aliança feita em Cristo.

O versículo ainda nos diz que seremos “propriedade peculiar” de Deus. O comentário da Bíblia de Estudo Almeida fala o seguinte: “O termo hebraico correspondente a esta expressão sugere a ídeia de algo muito precioso que alguém reserva para sí com especial carinho.”(BEA. 2006. p.100 nota h.) É assim que Deus nos considera, pessoas para as quais Ele dispensa especial carinho. Que privilégio nosso!

Nação Santa

A conotação da palavra “santa” na bíblia é diferente do que comumente se fala nos meios seculares. Um dos sentidos de santo é consagrado. Ser consagrado é ser separado do uso comum e profano é ser dedicado somente a Deus.

Podemos ainda dizer que santo é algo ou alguém separado para um propósito especial.

Quando lemos as palavras do apóstolo Pedro “nãção santa”, entendemos que Deus nos escolheu para estarmos separados do mundo, consagrados para o Seu serviço e distante do que é comum e profano. Poderíamos incluir na categoria profano as músicas, as conversas, as piadas, as roupas, as comidas, os filmes que não estão de acordo com a vontade de Deus. Como nação santa precisamos nos manter longe daquilo que não é santo.

Propriedade exclusiva de Deus



Em Deuteronômio 6:7 Deus deixou registradas as seguintes palavras:

Porque tu és povo santo ao Senhor teu Deus; o Senhor teu Deus te escolheu, a fim de lhe seres o seu próprio povo, acima de todos os povos que há sobre a terra.


No mesmo livro no capítulo 14:2 está escrito:


Porque és povo santo ao Senhor teu Deus, e o Senhor te escolheu para lhe seres o seu próprio povo, acima de todos os povos que há sobre a face da terra.


Existe na Bíblia uma clara vontade da parte de Deus de que nós sejamos um povo especial, um povo exclusivo Dele, como ele exprimiu nos versos anteriores. A irmã White confirma que estas palavras são aplicadas a nós também:


Os princípios apresentados em Deuteronômio para instrução de Israel, devem ser erguidos pelo povo de Deus até ao fim do tempo. A verdadeira prosperidade depende da continuidade de nossa relação de concerto com Deus. Nunca podemos nos permitir compromisso de princípio fazendo aliança com os que O não temem. Há o constante perigo de que cristãos professos venham a pensar que para exercer influência sobre os mundanos, necessitem conformar-se até certo ponto com o mundo. Mas embora tal conduta possa parecer como propiciando grandes vantagens, acaba sempre em perda espiritual. P.P 570.
É um imperativo divino, temos que ser diferentes do mundo. Não podemos negociar princípios em nome de uma suposta evangelização que não evangeliza o mundo, mas mundaniza a igreja.

O Propósito da diferença

A diferença, não é um fim em si mesma. Nós não temos que ser diferentes apenas para que possamos ser notados como um povo diferente. Existe um propósito para esta vida distinta do mundo. O apóstolo Pedro deixou claro o motivo pelo qual nós devemos ser diferentes do mundo: “a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou...”

Somente os que possuirem as características citadas anteriormente é que terão autoridade espiritual para pregar o evangelho. Afinal de contas, como proclamaremos as virtudes de Jesus se não as possuímos?

Este é o grande fim de termos uma vida consagrada a Deus. Para que ao falarmos Dele para outras pessoas, o nosso exemplo possa ser uma das ferramentas de convencimento. A conversão é trabalho exclusivo do Espírito Santo, mas nós temos o privilégio de servimos como instrumentos de convencimento na pregação do evangelho através das palavras e também do nosso exemplo cristão.

O Motivo da pregação

Existe um motivo que nos leva a pregar o evangelho, e ele está escrito no versículo que deu origem a este texto: “...vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;”

A gratidão pela salvação que Deus nos deu de graça é a mola que nos impulsiona a pregar o evangelho. Deus nos tirou da lama do pecado e da situação de perdição e nos mostrou a sua luz.

Até neste privilégio esta imbutida uma responsabilidade. O verso nos diz que agora estamos na maravilhosa luz de Deus. A Bíblia fala a respeito daqueles que estão na luz.

pois outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz (pois o fruto da luz está em toda a bondade, e justiça e verdade), provando o que é agradável ao Senhor; e não vos associeis às obras infrutuosas das trevas, antes, porém, condenai-as; porque as coisas feitas por eles em oculto, até o dizê-las é vergonhoso. (Efe. 5:8-12)
Os filhos da luz devem se comportar como a fonte da luz: Jesus.
Os que haverão de ser herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo na herança imortal, serão peculiares. Sim, tão peculiares que Deus porá uma marca sobre eles como Seus, totalmente seus. Vocês pensam que Deus receberá, honrará e reconhecerá um povo tão misturado com o mundo que apenas difere dele no nome? M.M 2009. 271
Apenas ter o nome de cristão não nos faz cristãos. A citação anterior deve ser motivo de reflexão por muito tempo para nós. A pergunta final é uma dura advertência para os cristãos do século XXI. Será que somos apenas cristãos nominais, ou somos genuinamente imitadores do Cristo?
Enquanto refletimos sobre este assunto, é possivel que venha a nossa cabeça uma pergunta: É possivel alcançar este alto padrão? Será que algum ser humano pode conseguir ser tal qual a Bíblia nos pede que sejamos?
ENOQUE

A partir de agora analisaremos um pouco da vida de um personagem bíblico que alcançou este alto padrão: Enoque. Qual o segredo deste herói da fé? Como era sua vida para que chegasse no modelo estabelecido por Deus?

Andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos; e gerou filhos e filhas. Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos; Enoque andou com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus o tomou.( Gen. 5:22-24 )

Enoque vivia no mundo anti-diluviano. O cenário político, religioso, social e moral era muito parecido com os dias que estamos vivendo. Era semelhante a tal ponto que Jesus Cristo comparou os dias que antecederiam a sua volta a esta terra com os dia que precederam o dilúvio.

Enoque vivia em um mundo corrupto, cheio de imoralidade sexual e com um alto índice de ateísmo. Bem parecido com o nosso. Mas a Bíblia diz que ele andava com Deus. O que significa “andar com Deus”?
As citações abaixo nos esclarecerão:

O andar de Enoque com Deus não foi em arrebatamento de sentidos ou visão, mas em todos os deveres da vida diária. Não se tornou um eremita, excluindo-se inteiramente do mundo; pois tinha uma obra a fazer para Deus no mundo. Na família e em suas relações com os homens, como esposo e como pai, como amigo, cidadão, foi ele um servo do Senhor, constante, inabalável. P.P. 85

As vezes pensamos que andar com Deus é sentir Deus corporalmente. Muitos esperam ter experiências sobrenaturais, ver anjos, ou, no mínimo, ter um arrepio para terem a certeza de que estão andando com Deus. Mas este não é o tipo de relacionamento que Enoque tinha. Ele andava com Deus da seguinte forma:

Orai em vosso aposento particular; e enquanto seguis vossos afazeres diários, elevai muitas vezes o coração a Deus. Era assim que Enoque andava com Deus. Essas orações silenciosas sobem para o trono da graça qual precioso incenso. Satanás não pode vencer aquele cujo coração deste modo se firma em Deus. C.C. 99,100

Uma vida de comunhão com o Senhor, era assim que Enoque andava com Deus. Isso fez dele um homem diferente dos seus contemporâneos. Esse profeta fez a diferença para melhor na sociedade em que estava inserido.

Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte; e não foi achado, porque Deus o trasladara; pois antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus. (Heb. 11:5)

Enoque é um grande exemplo de que o ser humano, com a ajuda do Espírito Santo, pode alcançar o alto padrão de Deus para a vida espiritual. Assim como ele, nós também vivemos em uma sociedade desafiadora, mas podemos, com a graça de Deus, sermos diferentes deste mundo secularizado. Existe um paralelo entre a história de Enoque e a história do povo de Deus nos últimos momentos da terra. A irmã White assim o descreve:

Mas, como Enoque, o povo de Deus procurará pureza de coração, e conformidade com Sua vontade, até que reflitam a semelhança de Cristo. Como Enoque, advertirão o mundo da segunda vinda do Senhor, e dos juízos que cairão sobre os transgressores; e pela sua santa conversação e exemplo condenarão os pecados dos ímpios. Assim como Enoque foi trasladado para o Céu antes da destruição do mundo pela água, assim os justos vivos serão trasladados da Terra antes da destruição desta pelo fogo. P.P 89

A nação santa, o povo peculiar de Deus, um dia estará tão diferente deste mundo que Deus terá que o tirar daqui e o levar para o mesmo lugar para onde levou Enoque. Que Deus nos abençõe para estarmos preparados para este maravilhoso momento.

BIBLIOGRAFIA


Bíblia de Estudo Almeida. Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.

WHITE, Ellen G. Caminho a Cristo. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí. São Paulo

WHITE, Ellen G. Jesus meu Modelo. Meditação Matinal 2009. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí. São Paulo

WHITE, Ellen G. Patriarcas e Profetas. Casa Publicadora Brasileira

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Daniel: Resultado da comunhão


Daniel: Resultado da comunhão


Por: Felippe Amorim



INTRODUÇÃO

Quando analisamos a vida de alguns personagens bíblicos, ficamos impressionados com a quantidade de vitórias espirituais que encontramos ao longo da sua jornada. Coisas sobrenaturais foram realizadas por homens iguais a qualquer outro ser humano.

Um desses homens cuja vida impressiona a qualquer leitor da bíblia é Daniel. A palavra de Deus não indica nenhum pecado em relação a Daniel, o que certamente não indica que ele era perfeito, afinal, “como está escrito: Não há justo, nem sequer um”(Romanos 3:10). Porém o fato da Bíblia não relatar pecados de Daniel nos mostra que ele era alguém fiel a Deus e que se desviava do mal.
A Irmã White faz uma declaração a respeito de Daniel, sobre a qual nós deveríamos pensar:

“O profeta Daniel tinha um caráter notável. Ele foi brilhante exemplo daquilo que os homens podem chegar a ser quando unidos com o Deus da sabedoria.” (Santificação. 19)


Existe neste citação uma bênção e uma responsabilidade para os cristãos do século XXI. A bênção é que Deus nos oferece a oportunidade de desfrutarmos de uma vida santa como a de Daniel, mesmo possuindo uma natureza que tenta nos arrastar para o pecado. A responsabilidade que este texto nos impõe é a de nos esforçarmos para nos mantermos unidos a Cristo de onde receberemos poder para resistir ao mal.

Considerando que as palavras inspiradas por Deus nos falam que podemos ser como Daniel, vale a pena analisarmos quais são os resultados da comunhão na vida de Daniel e consequentemente em nossa própria vida.
A VIDA DE DANIEL



Daniel capítulo 1:3-5 fala o seguinte:


Então disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos que trouxesse alguns dos filhos de Israel, dentre a linhagem real e dos nobres, jovens em quem não houvesse defeito algum, de bela aparência, dotados de sabedoria, inteligência e instrução, e que tivessem capacidade para assistirem no palácio do rei; e que lhes ensinasse as letras e a língua dos caldeus. E o rei lhes determinou a porção diária das iguarias do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem alimentados por três anos; para que no fim destes pudessem estar diante do rei.
No ano 606 a.C, após vencer a batalha de Carquemis o então príncipe Nabucodonosor, filho do velho rei Nabopolassar, estabeleceu domínio sobre a Síria e Palestina . Dentre os povos conquistados, o povo de Deus foi levado cativo para a Babilônia, onde deveria servir o império babilônico.

Dentre as características da Babilônia, podemos destacar uma que afetou diretamente o povo Judeu. Não havia anti-semitismo na Babilônia, o povo vivia confortável e próspero e foi rápida a adaptação e assimilação. O povo Judeu se adaptou muito fácilmente “...não apenas permanecendo na terra, mas permitindo a terra penetrar-lhe.” ( Merrill ).

Neste contexto, Nabucodonosor pediu aos seus oficiais que separassem dentre os filhos de Israel jovens com características especiais. Estes jovens deveriam estudar na Universidade da Babilônia a Língua e Literatura Caldéia que envolvia magia, astrologia, adivinhação dentre outras coisas.

Daniel e seus três amigos, que tinham aproximadamente 18 anos, estavam dentro da instituição de ensino mais secularizada da sua época, onde eles sofreriam as mais fortes e malignas influências , mas a Bíblia relata que eles se mantiveram incontaminados. Esta é uma grande lição para os jovens do século XXI. A influência do mundo não pode invadir e corromper nossos princípios. A identidade do cristão deve ser mantida com a ajuda de Deus.
CONHECIMENTO DO PLANO DE DEUS

A primeira consequencia da comunhão na vida de Daniel que gostaríamos de listar é que ele sabia exatamente qual o plano de Deus para sua vida. No capítulo 1:7 lemos o seguinte:
Mas o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abednego.


O Nome tinha um valor muito grande nos tempos de Daniel e ao mudar os nomes dos hebreus, o rei Nabucodonosor estava tentando aos poucos mudar a identidade deles. Mas Daniel e seus amigos sabiam muito bem qual o plano de Deus para suas vidas e a mudança de nome não representou muito para Daniel pois logo em seguida a este episódio a Bíblia relata a firme decisão do jovem Daniel.

Daniel, porém, propôs firmemente no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se contaminar (Daniel 1:8)
Quando analisamos este verso podemos perceber como Daniel tinha foco no plano de Deus para sua vida. No verso 5 do mesmo capítulo a Bíblia diz que “o rei lhes determinou a porção diária das iguarias do rei, e do vinho que ele bebia”. Daniel, portanto, estava diante da ordem do monarca terreno e dos princípios instituidos pelo Deus criador. Foi nessa ocasião de pressão que o resultado da comunhão com Deus aflorou, mesmo com o perigo de perder privilégios na corte, Daniel foi firme em permanecer ao lado de Cristo.


“Hoje há entre os professos cristãos muitos que haveriam de julgar que Daniel era por demais esquisito, e o considerariam mesquinho e fanático. Eles consideram a questão do comer e beber como de muito pequena importância para exigir tão decidida resistência - tal que poderia envolver o sacrifício de todas as vantagens terrenas. Mas aqueles que assim raciocinam, notarão no dia do juízo que se desviaram dos expressos conselhos de Deus e se apoiaram em sua própria opinião como norma para o certo e para o errado.” Santificaçao. 20, 21


Que lição para os cristãos da atualidade! Daniel sabia qual era a vontade de Deus para sua alimentação naquela ocasião e ele seguiu sem se preocupar com as consequencias. Desde 1863 a Igreja Adventista do 7º Dia recebeu orientações divinas a respeito da forma correta como os fiéis cristãos deveriam se alimentar. Há claras recomendações do que comer e beber e do que não comer e não beber, mas como falou a citação acima, muitos consideram esse assunto de pouca importância, ao contrário do que Deus considera.

É importante, contudo, destacarmos o porque desta tão vigorosa decisão pelos princípios feita por Daniel. O verso 9 do capítulo 1 nos fala: “Ora, Deus concedeu a Daniel misericórdia e compreensão da parte do chefe dos eunucos”.

Somente com a misericórdia de Deus em nossa vida poderemos ser firmes na vida religiosa. Não existe força em nós para lutarmos contra o pecado. Somente com a força de Deus em nós é que poderemos seguir o Seu plano para a nossa vida nesta terra.

DEPENDÊNCIA DE DEUS

Outra característica que podemos destacar na vida do profeta Daniel é que ele tinha completa dependência de Deus. Podemos evidenciar isso quando analisamos a história do capítulo 2 de seu livro.

Daniel estava diante de um grande desafio. O rei nabucodonosor havia sonhado algo que ele não lembrava, então convocou todos os sábios e advinhadores do reino e pediu que eles lhes contasse o que ele tinha sonhado e qual a interpretação daquele sonho.

Era um pedido muito difícil para qualquer ser humano, e consequentemente nenhum dos sábios conseguiu responder ao rei a respeito de seu sonho. Irritado o rei emitiu uma ordem para que todos os sábios do reino fossem mortos.


Ao que Daniel se apresentou ao rei e pediu que lhe designasse o prazo, para que desse ao rei a interpretação. Então Daniel foi para casa, e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros, para que pedissem misericórdia ao Deus do céu sobre este mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem, juntamente com o resto dos sábios de Babilônia.(Daniel 2: 16-18)


A atitude do profeta ao se deparar com uma situação de risco de morte é um grande exemplo da dependência que o cristão deve ter de Deus. Daniel reuniu os seus amigos e buscou o maior recurso que o cristão tem nas horas difíceis: a oração.

O costume de orar três vezes ao dia dava a Daniel o poder necessário para vencer nas horas mais difíceis, como diz a irmã White:

“Daniel foi submetido às mais severas tentações que podem assaltar os jovens de hoje; contudo, foi leal para com a instrução religiosa recebida na infância. Ele estava cercado por influências que subverteriam aqueles que vacilassem entre o princípio e a inclinação; todavia, a Palavra de Deus o apresenta como um caráter irrepreensível. Daniel não ousava confiar em seu próprio poder moral. A oração era para ele uma necessidade. Ele fazia de Deus a sua força e o temor do Senhor estava continuamente diante dele em todos os acontecimentos de sua vida.” (Santificação. 20)


A dependência de Deus que se manifestava na vida de Daniel era um claro sinal de alguém que mantinha uma íntima comunhão com o Criador. Cada jovem Adventista que deseja resistir às tentações impostas pelo inimigo, deve ter uma vida de oração tal qual Daniel, pois é deste costume que brota poder para o cristão e “Satanás não pode vencer aquele cujo coração deste modo se firma em Deus”(Caminho a Cristo. 100)

BOM TESTEMUNHO

Quando estamos ligados a Videira Verdadeira damos os verdadeiros frutos do Espírito, pois recebemos a seiva que vem de Jesus. Isso era uma realidade na vida do profeta Daniel. Um bom testemunho foi uma consequencia inevitável em sua vida.

Podemos perceber o quanto o testemunho de Daniel falava bem a respeito do evangelho quando visualizamos a história do capítulo 5 de seu livro. Lá está relatado o banquete que o rei Belsazar promoveu.

Dentre os diversos pecados que estavam sendo cometidos alí destacamos um que a Bíblia deixou evidente. Os objetos sagrados que haviam sido retirados do templo de Jerusalém estavam sendo usados para fins profanos em uma festa com orgias.

Em uma altura da festa Deus interveio. Uma mão apareceu e escreveu uma mensagem na parede. O rei Belsazar ficou completamente transtornado, a Bíblia descreve assim seu estado emocional:

Mudou-se, então, o semblante do rei, e os seus pensamentos o perturbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um no outro(Daniel 5:6)


Logo foram convocados todos os que teoricamente poderiam decifrar aquela inscrição, mas não responderam satisfatoriamente aos anseios do rei.


E ordenou o rei em alta voz, que se introduzissem os encantadores, os caldeus e os adivinhadores; e falou o rei, e disse aos sábios de Babilônia: Qualquer que ler esta escritura, e me declarar a sua interpretação, será vestido de púrpura, e trará uma cadeia de ouro ao pescoço, e no reino será o terceiro governante. Então entraram todos os sábios do rei; mas não puderam ler o escrito, nem fazer saber ao rei a sua interpretação.(Daniel 5:7)


Novamente o reino da Babilônia estava diante de um enigma aparentemente indecifrável. Porém a reputação de um homem de Deus foi lambrada na hora mais escura da vida de Belsazar:


Ora a rainha, por causa das palavras do rei e dos seus grandes, entrou na casa do banquete; e a rainha disse: Ó rei, vive para sempre; não te perturbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante. Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonozor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus, e dos adivinhadores;porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e conhecimento e entendimento para interpretar sonhos, explicar enigmas e resolver dúvidas, ao qual o rei pôs o nome de Beltessazar. Chame-se, pois, agora Daniel, e ele dará a interpretação.(Daniel 5:10-12)



Quando o império Babilônico precisou de alguém que tinha comunhão com Deus, apenas um homem foi lembrado, Daniel. O bom testemunho era uma evidência da comuhão que ele mantinha com Deus. Assim também será na vida daqueles que fizerem de Jesus seu companheiro de todas as horas.

INTEGRIDADE

Ainda podemos encontrar outra característica em Daniel de uma vida consagrada ao Rei dos reis: A integridade.

O capítulo 6 de Daniel relata uma linda e inspiradora história a respeito deste profeta. O império Babilônico havia passado, os Medo-Persas já assumiam o governo e Daniel foi nomeado por Dario, rei Persa, como um dos presidentes do reino. Logo Daniel se destaca como o mais competente dos presidentes e seus colegas de função logo criam inveja em seus corações. A palavra de Deus conta que eles então começam a procurar uma situação na qual pudessem acusar Daniel. A Bíblia registra então uma passagem que deveria nos levar a meditar em nossa vida:



Nisso os presidentes e os sátrapas procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino mas não podiam achar ocasião ou falta alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem falta. Pelo que estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, a menos que a procuremos no que diz respeito a lei do seu Deus.(Daniel 6: 4-5)



Aqueles homens procuraram em todos os aspectos da vida de Daniel algo que estivesse errado para que o acusassem. Mas os inimigos de Daniel tiveram que admitir que nada existia na vida dele do qual eles o pudessem acusar.

Os cristãos do século XXI precisam se demorar pensando sobre este episódio da vida de Daniel. Se hoje os inimigos do povo de Deus começassem a fazer uma busca na vida financeira, no namoro, nos negócios, nas relações sociais dos cristãos adventistas do 7º dia, será que eles poderiam fazer a mesma afirmação que os inimigos de Daniel fizeram?

Reafirmamos, porém, que nenhuma dessas qualidades eram provenientes da natureza carnal de Daniel, todas elas eram consequencia da comunhão que ele mantinha com o Deus do céu.


VIDA ETERNA


Se a nossa esperança se limitasse apenas a uma existência de algumas décadas nesta terra, seria inútil tanta luta contra o pecado e tanto esforço para se aproximar de Deus. Mas o grande objetivo da vida do cristão é um dia deixar este mundo e morar com Jesus no céu e, após o milênio, na nova terra.

A vida devota de Daniel fez com que no final da sua vida ele ouvisse a mais linda promessa que um ser humano poderia escutar: “Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança”. (Daniel 12:13).

A vida eterna. Este é o supremo resultado de uma vida ao lado de Jesus. Não sabemos quando Jesus voltará para nos resgatar, mas se chegar o nosso momento de descansar o sono da morte, dormiremos com a certeza com a qual Daniel descançou.

“Deus deu aos homens faculdades e aptidões. Deus trabalha e coopera com os dons que Ele comunicou ao homem, e este, sendo participante da natureza divina e fazendo a obra de Cristo, pode ser um vencedor e obter a vida eterna. O Senhor não tenciona realizar a obra que Ele concedeu ao homem poderes para efetuar. A parte do homem precisa ser realizada. Ele deve ser cooperador de Deus, unindo-se a Cristo, e aprendendo de Sua mansidão e de Sua humildade.”(Fé e obras. 26)



Existe uma parte que compete ao homem no que diz respeito a sua salvação. É necessário que o ser humano esteja sempre perto do Salvador, desta forma estermos com a salvação garantida através do sangue de Cristo Jesus.

Todos os cristãos podem ter em sua vida as vitórias que o profeta Daniel alcançou. Apenas precisamos ter uma vida de comunhão com Jesus tal como Daniel teve. É necessário abandonar as coisas que atrapalham a comunhão. A televisão, a internet, relacionamentos errados ou qualquer outra coisa que nos afastem de Deus precisam ser abandonadas e a Bíblia e a oração devem se tornar as nossas companheiras inseparáveis. Que o Senhor Jesus nos abençõe.




BIBLIOGRAFIA



MERRILL. Eugene H.– História de Israel no Antigo Testamento. Ed. CPAD

Ellen White. Santificação. Casa Publicadora Brasileira

Ellen White. Fé e Obras. Casa Publicadora Brasileira

Ellen White. Caminho a Cristo. Casa Publicadora Brasileira