quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O Cristão é diferente do mundo


O Cristão é diferente do mundo

Felippe Amorim



Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; I Pedro. 2:9


INTRODUÇÃO

Quem é o Cristão? O que significa ser chamado de Cristão? Quando este nome surgiu, ele se referia àquelas pessoas que imitavam as ações de Jesus Cristo. Ser cristão, portanto, é agir neste mundo como nosso Mestre agiu, é falar como Cristo falou, é tratar as pessoas como Cristo tratou.

Precisamos, então, estudar e meditar sobre o nosso Mestre diariamente para aprendermos sobre Ele. Quando Cristo esteve na terra ele foi muito diferente das pessoas que estavam ao seu redor. Em um mundo cruel e vingativo, Jesus mandou amar o próximo como a si mesmo. Numa época que o dinheiro era mais valorizado que as coisas de Deus, Ele falou para buscar primeiro o reino de Deus. Quando o legalismo imperava na religião, Jesus veio mostrar que somente pelos Seus méritos podemos ser salvos. Enfim, Jesus impactou o mundo pelo contraste de Sua vida em relação as vidas das outras pessoas.

Como cristãos, ou seja, imitadores de Cristo, precisamos assim como nosso mestre sermos diferentes do mundo a tal ponto de causar admiração e interesse naqueles que nos cercam.

O versículo que está no início deste texto é uma advertência recheada de privilégios que o apóstolo Pedro dá aos cristãos.

Em suma, ele nos diz que o povo de Deus nesta terra é um povo diferente, mas quando analisamos este verso de forma mais detalhada descobrimos preciosas lições que saltam das palavras inspiradas

Vós sois raça eleita

Em uma eleição é preciso que existam no mínimo dois candidatos, para que haja uma concorrência e também opções para os votantes. É certo que a eleição na qual fomos eleitos por Deus não é semelhante as eleições que acontecem nos pleitos eleitorais deste mundo. Graças a Deus por isso! Mas quando meditamos na primeira expressão deste verso chegamos a algumas conclusões.

Dentre tantas pessoas que existem neste mundo, entre tantas opções que Deus tem, Ele escolheu a nós como seu povo. Esta é uma grande responsabillidade, mas também um grande privilégio. Apenas isso seria um motivo suficiente para nossa eterna gratidão e devoção a este Deus tão maravilhoso. Mas o verso não para por aí.

Sacerdócio Real

Esta expressão (sacerdócio real) é repleta de significados. Primeiro deveríamos perguntar: quem era o sacerdote?

O sacerdote, no ritual do santuário, era um tipo de Cristo. Ele intercedia pelos pecados do povo dentro do santuário, no lugar santo e uma vez por ano, no dia da expiação, o sumo sacerdote entrava no lugar santíssimo para fazer a limpeza do santuário, representando o papel que Cristo exerce hoje no santuário celestial. Portanto, o sacerdote era Cristo para o povo que viveu antes da Cruz.

Quando pensamos nestes fatos começamos a entender o que o apóstolo Pedro estava dizendo. O cristão deve ser um tipo de Cristo para o mundo. Quando aqueles que não conhecem a Jesus olharem para um cristão eles devem logo identificar as características do Salvador nele.

Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque minha é toda a terra; e vós sereis para mim reino sacerdotal e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel. (Êx. 19:5-6)



Nestes versos estão claros os requisitos para que sejamos sacerdotes de Jesus neste mundo. Diligência em ouvir a voz de Jesus e guardar a aliança que Ele fez conosco. Não existe nada de místico nesta expressão “ouvir a voz de Deus”. A Bíblia não está falando de usar a audição para ouvir a Deus. Nós ouvimos a voz de Deus quando entramos em contato com a sua palavra, ou seja, um dos requisitos para sermos sacerdócio real é a diligência no estudo da Bíblia e a fidelidade na guarda da aliança feita em Cristo.

O versículo ainda nos diz que seremos “propriedade peculiar” de Deus. O comentário da Bíblia de Estudo Almeida fala o seguinte: “O termo hebraico correspondente a esta expressão sugere a ídeia de algo muito precioso que alguém reserva para sí com especial carinho.”(BEA. 2006. p.100 nota h.) É assim que Deus nos considera, pessoas para as quais Ele dispensa especial carinho. Que privilégio nosso!

Nação Santa

A conotação da palavra “santa” na bíblia é diferente do que comumente se fala nos meios seculares. Um dos sentidos de santo é consagrado. Ser consagrado é ser separado do uso comum e profano é ser dedicado somente a Deus.

Podemos ainda dizer que santo é algo ou alguém separado para um propósito especial.

Quando lemos as palavras do apóstolo Pedro “nãção santa”, entendemos que Deus nos escolheu para estarmos separados do mundo, consagrados para o Seu serviço e distante do que é comum e profano. Poderíamos incluir na categoria profano as músicas, as conversas, as piadas, as roupas, as comidas, os filmes que não estão de acordo com a vontade de Deus. Como nação santa precisamos nos manter longe daquilo que não é santo.

Propriedade exclusiva de Deus



Em Deuteronômio 6:7 Deus deixou registradas as seguintes palavras:

Porque tu és povo santo ao Senhor teu Deus; o Senhor teu Deus te escolheu, a fim de lhe seres o seu próprio povo, acima de todos os povos que há sobre a terra.


No mesmo livro no capítulo 14:2 está escrito:


Porque és povo santo ao Senhor teu Deus, e o Senhor te escolheu para lhe seres o seu próprio povo, acima de todos os povos que há sobre a face da terra.


Existe na Bíblia uma clara vontade da parte de Deus de que nós sejamos um povo especial, um povo exclusivo Dele, como ele exprimiu nos versos anteriores. A irmã White confirma que estas palavras são aplicadas a nós também:


Os princípios apresentados em Deuteronômio para instrução de Israel, devem ser erguidos pelo povo de Deus até ao fim do tempo. A verdadeira prosperidade depende da continuidade de nossa relação de concerto com Deus. Nunca podemos nos permitir compromisso de princípio fazendo aliança com os que O não temem. Há o constante perigo de que cristãos professos venham a pensar que para exercer influência sobre os mundanos, necessitem conformar-se até certo ponto com o mundo. Mas embora tal conduta possa parecer como propiciando grandes vantagens, acaba sempre em perda espiritual. P.P 570.
É um imperativo divino, temos que ser diferentes do mundo. Não podemos negociar princípios em nome de uma suposta evangelização que não evangeliza o mundo, mas mundaniza a igreja.

O Propósito da diferença

A diferença, não é um fim em si mesma. Nós não temos que ser diferentes apenas para que possamos ser notados como um povo diferente. Existe um propósito para esta vida distinta do mundo. O apóstolo Pedro deixou claro o motivo pelo qual nós devemos ser diferentes do mundo: “a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou...”

Somente os que possuirem as características citadas anteriormente é que terão autoridade espiritual para pregar o evangelho. Afinal de contas, como proclamaremos as virtudes de Jesus se não as possuímos?

Este é o grande fim de termos uma vida consagrada a Deus. Para que ao falarmos Dele para outras pessoas, o nosso exemplo possa ser uma das ferramentas de convencimento. A conversão é trabalho exclusivo do Espírito Santo, mas nós temos o privilégio de servimos como instrumentos de convencimento na pregação do evangelho através das palavras e também do nosso exemplo cristão.

O Motivo da pregação

Existe um motivo que nos leva a pregar o evangelho, e ele está escrito no versículo que deu origem a este texto: “...vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;”

A gratidão pela salvação que Deus nos deu de graça é a mola que nos impulsiona a pregar o evangelho. Deus nos tirou da lama do pecado e da situação de perdição e nos mostrou a sua luz.

Até neste privilégio esta imbutida uma responsabilidade. O verso nos diz que agora estamos na maravilhosa luz de Deus. A Bíblia fala a respeito daqueles que estão na luz.

pois outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz (pois o fruto da luz está em toda a bondade, e justiça e verdade), provando o que é agradável ao Senhor; e não vos associeis às obras infrutuosas das trevas, antes, porém, condenai-as; porque as coisas feitas por eles em oculto, até o dizê-las é vergonhoso. (Efe. 5:8-12)
Os filhos da luz devem se comportar como a fonte da luz: Jesus.
Os que haverão de ser herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo na herança imortal, serão peculiares. Sim, tão peculiares que Deus porá uma marca sobre eles como Seus, totalmente seus. Vocês pensam que Deus receberá, honrará e reconhecerá um povo tão misturado com o mundo que apenas difere dele no nome? M.M 2009. 271
Apenas ter o nome de cristão não nos faz cristãos. A citação anterior deve ser motivo de reflexão por muito tempo para nós. A pergunta final é uma dura advertência para os cristãos do século XXI. Será que somos apenas cristãos nominais, ou somos genuinamente imitadores do Cristo?
Enquanto refletimos sobre este assunto, é possivel que venha a nossa cabeça uma pergunta: É possivel alcançar este alto padrão? Será que algum ser humano pode conseguir ser tal qual a Bíblia nos pede que sejamos?
ENOQUE

A partir de agora analisaremos um pouco da vida de um personagem bíblico que alcançou este alto padrão: Enoque. Qual o segredo deste herói da fé? Como era sua vida para que chegasse no modelo estabelecido por Deus?

Andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos; e gerou filhos e filhas. Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos; Enoque andou com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus o tomou.( Gen. 5:22-24 )

Enoque vivia no mundo anti-diluviano. O cenário político, religioso, social e moral era muito parecido com os dias que estamos vivendo. Era semelhante a tal ponto que Jesus Cristo comparou os dias que antecederiam a sua volta a esta terra com os dia que precederam o dilúvio.

Enoque vivia em um mundo corrupto, cheio de imoralidade sexual e com um alto índice de ateísmo. Bem parecido com o nosso. Mas a Bíblia diz que ele andava com Deus. O que significa “andar com Deus”?
As citações abaixo nos esclarecerão:

O andar de Enoque com Deus não foi em arrebatamento de sentidos ou visão, mas em todos os deveres da vida diária. Não se tornou um eremita, excluindo-se inteiramente do mundo; pois tinha uma obra a fazer para Deus no mundo. Na família e em suas relações com os homens, como esposo e como pai, como amigo, cidadão, foi ele um servo do Senhor, constante, inabalável. P.P. 85

As vezes pensamos que andar com Deus é sentir Deus corporalmente. Muitos esperam ter experiências sobrenaturais, ver anjos, ou, no mínimo, ter um arrepio para terem a certeza de que estão andando com Deus. Mas este não é o tipo de relacionamento que Enoque tinha. Ele andava com Deus da seguinte forma:

Orai em vosso aposento particular; e enquanto seguis vossos afazeres diários, elevai muitas vezes o coração a Deus. Era assim que Enoque andava com Deus. Essas orações silenciosas sobem para o trono da graça qual precioso incenso. Satanás não pode vencer aquele cujo coração deste modo se firma em Deus. C.C. 99,100

Uma vida de comunhão com o Senhor, era assim que Enoque andava com Deus. Isso fez dele um homem diferente dos seus contemporâneos. Esse profeta fez a diferença para melhor na sociedade em que estava inserido.

Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte; e não foi achado, porque Deus o trasladara; pois antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus. (Heb. 11:5)

Enoque é um grande exemplo de que o ser humano, com a ajuda do Espírito Santo, pode alcançar o alto padrão de Deus para a vida espiritual. Assim como ele, nós também vivemos em uma sociedade desafiadora, mas podemos, com a graça de Deus, sermos diferentes deste mundo secularizado. Existe um paralelo entre a história de Enoque e a história do povo de Deus nos últimos momentos da terra. A irmã White assim o descreve:

Mas, como Enoque, o povo de Deus procurará pureza de coração, e conformidade com Sua vontade, até que reflitam a semelhança de Cristo. Como Enoque, advertirão o mundo da segunda vinda do Senhor, e dos juízos que cairão sobre os transgressores; e pela sua santa conversação e exemplo condenarão os pecados dos ímpios. Assim como Enoque foi trasladado para o Céu antes da destruição do mundo pela água, assim os justos vivos serão trasladados da Terra antes da destruição desta pelo fogo. P.P 89

A nação santa, o povo peculiar de Deus, um dia estará tão diferente deste mundo que Deus terá que o tirar daqui e o levar para o mesmo lugar para onde levou Enoque. Que Deus nos abençõe para estarmos preparados para este maravilhoso momento.

BIBLIOGRAFIA


Bíblia de Estudo Almeida. Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.

WHITE, Ellen G. Caminho a Cristo. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí. São Paulo

WHITE, Ellen G. Jesus meu Modelo. Meditação Matinal 2009. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí. São Paulo

WHITE, Ellen G. Patriarcas e Profetas. Casa Publicadora Brasileira

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