sábado, 24 de julho de 2010

A Chama não pode se apagar

Felippe Amorim

Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. João 14: 1-3




Existem muitos motivos pelos quais podemos ser cristãos e especialmente Adventistas do Sétimo Dia. A tradição da família, os princípios cristãos que nos ajudam a viver em paz neste mundo conturbado, o hábito e outros motivos que nos levam a freqüentar a igreja. A despeito de todos os motivos acima mencionados, nenhum é mais importante para justificar a vida cristã do que a esperança na volta de Jesus.

O conhecido verso bíblico acima foi pronunciado por Jesus aos seus discípulos quando os mesmos estavam angustiados pela iminência da separação de seu Mestre. Eles ainda não compreendiam muito bem as palavras de Jesus a respeito dos acontecimentos que em breve ocorreriam e ficaram amedrontados em pensar que teriam que continuar o trabalho sem o seu Senhor.

Neste contexto, Jesus faz a mais linda e importante promessa da Bíblia, o seu retorno. Nestes três versículos estão contidas palavras essenciais para a nossa vida. Considero a mais importante promessa das escrituras primeiramente porque é o motivo da nossa carreira cristã. A existência de escolas, hospitais e igrejas adventistas só se justifica se o pano de fundo for a esperança na volta de Jesus. Se estas instituições perderem este foco, perdem também o razão de existitem.

Outro motivo pelo qual considero o tema da promessa de João 14:1-3 como o mais importante da Bíblia é que esta é a única e realmente eficiente solução para os problemas do mundo. Por mais que tenhamos estratégias para combater a violência, a destruição do meio ambiente, a corrupção e outros problemas que tem afetado cada um de nós moradores do planeta Terra, nenhuma delas é absoluta. Somente o retorno de Jesus dará a solução final para os problemas da humanidade.

O primeiro grande ensinamento desta promessa é que Crer é o segredo para a tranquilidade. Os discípulos estavam com o coração agitado, cheios de perguntas sem respostas, cheios de medos e incertezas. Assim como as vezes acontece conosco hoje, eles não conseguiam viver uma vida de tranquilidade. Jesus, então, dá a receita infalível para uma vida de paz: “credes em Deus, crede também em mim”. A fé, a entrega de nossa vida a Deus em atitude de completa confiança é a única maneira de vivermos em paz em meio as tempestades deste mundo. A primeira parte da promessa nos garante que podemos viver um vislumbre do céu aqui na terra quando cremos em nosso Senhor.

O Salvador continua sua preciosa promessa falando do lugar para onde iremos. A expressão usada é muito interessante. Ele diz que na “casa do pai” há muitas moradas e que lá iria preparar um lugar para nós. No céu não haverá pessoas que moram mais próximas do trono de Deus e outras mais distantes. Não haverá periferia no céu. Todos nós moraremos na mesma casa, sem distinção, sem classificação, todos teremos um quarto dentro da casa do Pai.

Existe, porém, a parte central desta promessa. Jesus disse: “Voltarei”. Todas as palavras de Jesus não teriam sentido se não existisse esta parte. Só podemos viver tranquilos e sonhando com a casa do Pai, porque Jesus prometeu voltar. Esta é a maior e mais importante doutrina Bíblica e consequentemente dos Adventistas, motivo maior da existência desta igreja, por isso retratada no início do nosso nome: Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Essa esperança moveu os pioneiros desta igreja. O ano de 1844 é, sem dúvida, um marco na nossa história. Naquele ano milhares de pessoas aguardavam o retorno de Jesus para o dia 22 de outubro. A vontade de ver o Senhor era tamanha que para eles não havia um assunto mais importante do que este. Em qualquer momento e para qualquer pessoa eles falavam sobre este evento.

Nos meses que antecederam a data marcada, os adventistas mileritas venderam tudo o que eles tinham e investiram na pregação da volta de Jesus. Aquele evento era prioridade para eles, portanto, não mediam esforços para proclamá-lo.

O dia 22 de outubro de 1844 chegou e com ele uma alegria que não cabia no coração. Era o dia de encontrar com o Salvador. O líder do movimento, Guilherme Miller, havia trabalhado duro para pregar a mensagem da volta de Cristo, muitas pessoas estavam como ele aguardando ver Jesus nas nuvens. O dia passou, a noite chegou e Jesus não veio. Um grande desapontamento se estabeleceu em todos os adventistas.

Não seria diferente para Miller, era a segunda vez que ele se desapontara. Muitos zombaram dele e sua vida se tornou dolorosa por causa dos inimigos. Mas ao invés de desanimar, este grande homem de Deus afirmou que tinha uma nova data para a volta do seu Senhor. Ele disse que aguardaria Jesus para “Hoje, Hoje e HOJE, até que Ele venha”. Que fé!

Mais de 160 anos já se passaram desde aqueles dias e infelizmente alguns Adventistas do Sétimo Dia não têm mais a chama da volta de Jesus acesa em seu coração. Vivem como se não tivessem esta esperança. Dela não falam, com ela não sonham, para ela não se preparam, parece que este mundo está bom demais para que eles desejem sair dele.

Quanto tempo do nosso dia temos passado pensando na volta de Jesus? Será que ainda pensamos nela? Quando foi a última vez que você falou sobre isto a alguém ou a você mesmo? Não existe real motivo para a vida cristã se não arde em nosso coração o desejo pela volta de Jesus. Parece estar demorando, mas o tempo é de Deus e não nosso. Nossa preocupação deve estar em como estamos. O “quando” é de Deus. Precisamos voltar a ter a chama da volta de Jesus acesa em nosso coração. Não podemos nos deixar abater por causa do tempo. Devemos fazer tal qual Guilherme Miller, aguardar Jesus para “hoje, hoje e HOJE, até que Ele venha”. Jesus está voltando e a chama não pode se apagar.

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