domingo, 12 de setembro de 2010

O Campeão Espiritual

O Campeão Espiritual

Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas. II Tm. 2:5 (ARA)

Felippe Amorim

            A vitória sempre é o objetivo de qualquer atleta profissional. Para alcançá-la todos os meios são utilizados, alguns até usam de meios ilícitos para ficarem mais fortes ou mais rápidos e acabam sendo descobertos e desclassificados. A questão é que sempre os atletas buscam a vitória. Mas ela não vem por acaso, há um preço a ser pago pelo êxito. Paulo usa a figura do atleta para ilustrar a preparação pela qual o cristão precisa passar ao longo de sua caminhada rumo ao céu. Precisamos, portanto, analisar quais as “normas” que envolvem a preparação e a luta de um atleta espiritual.
            O texto de I coríntios  9:24 e 25 nos diz algo interessante a respeito do atleta espiritual.

Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só é que recebe o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta, em tudo se domina; ora, eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível.

            Paulo estava escrevendo para um povo acostumado a assistir e participar de competições esportivas. Na Grécia a cada quatro anos aconteciam os jogos olímpicos e na própria cidade de Corinto a cada três anos aconteciam os jogos Istmicos. Portanto os leitores primários desta carta de Paulo entendiam exatamente o que o apóstolo queria falar.          
            O primeiro conselho do apóstolo é: “correi de tal maneira que o alcanceis”. Para alcançar a vitória, o atleta não podia correr de qualquer maneira. Existia um jeito certo de se portar para que o objetivo fosse alcançado. Na vida espiritual não é diferente. Não é de qualquer maneira que seremos vencedores. Necessitamos primeiramente ajustar o nosso foco. Nunca um atleta espiritual pode tirar os olhos de Jesus, único meio de alcançarmos a salvação. Correr em qualquer outra direção é perder tempo.
            Determinação é outro aspecto imbutido neste primeiro conselho paulino. Há duas partes do treinamento que não são naturalmente atrativas para nós, mas que são essenciais para o sucesso na carreira: O estudo da Bíblia e a oração. Nenhum atleta será campeão na corrida espiritual se não for determinado nestes dois “treinamentos” da preparação cristã. Determinação se faz necessária, porque a nossa natureza não busca essas coisas. Na verdade para que possamos praticar constantemente o estudo da Bíblia e a oração precisamos lutar contra a nossa natureza carnal.
            No versículo 25, Paulo nos apresenta uma segunda característica do atleta que precisamos aplicar à nossa vida espiritual. Ele diz: “E todo aquele que luta, em tudo se domina”. Os atletas gregos quando iam se preparar para uma competição se submetiam a um rigoroso treinamento que durava em média dez meses. Durante este período eles abriam mão de muitas coisas. Eles sacrificavam a convivência com amigos e familiares, não desfrutavam de prazeres nas festas que eram comuns na Grécia. Cuidavam da alimentação, evitando os alimentos que não os ajudariam na preparação para a competição. Os atletas gregos rejeitavam, durante aqueles dez meses, qualquer coisa que não os ajudasse a tornarem-se vencedores.
            Assim como eles, nós, os atletas espirituais, precisamos nos dominar em muita coisa se queremos alcançar a coroa. Podemos citar várias das áreas nas quais precisamos exercer o domínio prórpio, que é fruto do Espírito. No namoro, no trabalho, nas relações sociais precisamos dominar nossa inclinação para o erro. Outra área é a alimentação. Há uma dieta ideal que o Senhor deseja que tenhamos e precisamos buscar cada vez mais estar perto do ideal de Deus para nós. Essa dieta está inserida dentro de um estilo de vida que deve ser buscado por cada cristão na face da terra.
            Para os gregos o tempo era de dez meses. Para nós também há um tempo: até a volta de Jesus. Muitas vezes o treinamento é rigoroso e acompanhado de sofrimento. Nessas horas devemos pedir ajuda ao treinador Jesus e pensar no prêmio que estamos buscando.
            Aliás, não tirar os olhos do prêmio é o grande segredo da vitória na vida espiritual. Os atletas que Paulo cita, corriam, se esforçavam, renunciavam por causa de um prestígio passageiro e de uma coroa de louros que dentro de dias estaria murcha e deveria ser jogada no lixo. Se eles se dedicavam tanto para ganhar coisas passageiras, quanto mais nós que temos a ganhar uma coroa eterna.
            Há muitas diferenças entre o prêmio do atleta secular e o nosso prêmio. Nos jogos olímpicos, em cada modalidade, apenas um atleta poderia ser campeão e todos os outros que fizeram esforço equivalente ficavam tristes. Na competição espiritual a disputa não é contra o companheiro do lado, a luta é contra nós mesmos e todos podem ser campeões ao mesmo tempo. Há coroa para todos!
            Em Tiago 1:12 lemos:

Bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam.

            Apocalipse 2:10 completa esta ideia:

 Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.

            A nossa luta não é fácil. Jesus nunca prometeu que a preparação do atleta espiritual seria um mar-de-rosas, mas para todos aqueles que forem fiéis, há um prêmio preparado que compensará todo esforço e renúncia feitos neste processo de preparação.
            Na primeira visão de Ellen G. White foi revelado a caminhada do povo de Deus rumo às mansões celestiais. Na parte final desta revelação ela e o grupo dos salvos chegaram ao céu. Após sete dias de viagem em uma núvem, finalmente eles chegaram ao mar de vidro e ali receberam das mãos do próprio Cristo a sua coroa, harpas de ouro e palmas de vitória. Sob a companhia dos anjos e o convite de Jesus, todos entraram na cidade santa vestindo vestes brancas lavadas no sangue do cordeiro. Todos se maravilhavam com as construções de ouro e logo se dirigiram para perto da árvore da vida. Neste momento acontece um episódio muito lindo:

Todos nós fomos debaixo da árvore, e sentamo-nos para contemplar o encanto daquele lugar, quando os irmãos Fitch e Stockman, que tinham pregado o evangelho do reino, e a quem Deus depusera na sepultura para os salvar, se achegaram a nós e nos perguntaram o que acontecera enquanto eles haviam dormido. Tentamos lembrar nossas maiores provações, mas pareciam tão pequenas em comparação com o peso eterno de glória mui excelente que nos rodeava, que nada pudemos dizer-lhes, e todos exclamamos - "Aleluia! é muito fácil alcançar o Céu!" - e tocamos nossas gloriosas harpas e fizemos com que as arcadas do Céu reboassem. (Primeiros Escritos, 17)

            O galardão era tão maravilhoso, que as lutas pelas quais passaram na terra se tornaram em nada. É isso que está guardado para nós. O prêmio da “competição espiritual” é tão maravilhoso que qualquer esforço nosso no processo de preparação se tornará minúsculo  frente a maravilha da coroa da vida. Que o Espírito Santo nos guie na preparação e nos faça campeões espirituais.
           


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