sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Mensagem à Laodicéia


Uma Advertência ao povo remanescente
Felippe Amorim



Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, Estou a ponto de vomitar-te da minha boca. (Ap. 3: 14 – 16)






Nos primeiros capítulos do livro do apocalipse, Deus, através do profeta João, deixou registradas mensagens às sete igrejas que se localizavam na Ásia. Estas mensagens têm aplicações literais para aquelas igrejas, mas também são mensagens de cunho profético. Deste ponto de vista, cada uma das igrejas de apocalipse dois e três correspondem a um período da história do cristianismo. As mensagens dadas a cada um destes períodos eram adequadas às necessidades que apareciam na igreja verdadeira correspondente àquele trecho da história.

A sequência das igrejas e seu respectivo período são os seguintes: Éfeso (31 – 100 d.C.) momento da igreja no qual predominava a pureza apostólica. A segunda é a de Esmirna (100 – 313 d.C.). Neste intervalo a igreja foi marcada pelos mártires, homens que deram a vida pelo evangelho. Pérgamo (313 – 538 d.C.) é a terceira. Este período corresponde à popularidade do cristianismo. Na sequência vem Tiatira (538 – 1517 d.C). A adversidade foi a marca da igreja neste trecho de sua história. A quinta igreja é a de Sardes (1517 – 1798 d.C.), período da reforma, no qual muitas verdades bíblicas foram restauradas. A penúltima é a de Filadélfia (1798 – 1844 d. C.). Os avivamentos marcaram este período profético. Finalmente chega a mensagem à igreja de Laodicéia (1844 – volta de Jesus). De acodo com as profecias, neste momento da história do cristianismo ocorreria o Julgamento sobre a terra.

A mensagem dada à igreja de Laodicéia é especialmente interessante para nós, pois corresponde aos dias nos quais vivemos e, portanto, diz respeito a cada cristão que habita neste planeta.

Lendo os três primeiros capítulos de apocalipse, podemos observar que há um elogio para cada uma das igrejas, exceto para Laodicéia. Para esta, apenas advertências e um convite. Estudemos com cuidado esta importante mensagem.



O mensageiro



Inicialmente precisamos identificar quem está enviando a mensagem. A importância de um recado está ligada intimamente com a identidade de quem o enviou.

A Bíblia identifica o remetente como “O Amém”, a “Testemunha Fiel e Verdadeira” e “O Princípio de Criação de Deus”. As Escrituras Sagradas nos ajudam a identificar o mensageiro. Todos os títulos apontam para o nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é o “amém” porque em Jesus se cumprem todas as promessas de Deus (II Cor. 1:20). Apocalipse 1:5 identifica a Jesus como a “Testemunha Fiel e Verdadeira”. Jesus também é aquele através do qual tudo se fez, Ele e “O Princípio de Criação de Deus”. Princípio, não no sentido de ter sido o primeiro a ser criado, Jesus é coeterno com Deus Pai e Espírito Santo (Mq. 5:2). Ele é o princípio no sentido da ser o “motor” da criação, ou seja, Jesus é o próprio criador.(Gen. 1:1).

Constatamos, portanto, a relevância da mensagem, pelo seu mensageiro. Todos os cristãos deveriam estar muito atentos às mensagens que Jesus nos enviou através de seus profetas canônicos e não canônicos. Estas mensagens são essenciais para nossa felicidade presente e eterna.



A Mensagem



A primeira parte da mensagem diz respeito à onisciência de Jesus. Ele diz: “Conheço as tuas obras”. Nada do que nós fazemos está escondido de Jesus. Este deveria ser um pensamento contante em nossa caminhada cristã. Pois “se acalentássemos uma impressão habitual de que Deus vê e ouve tudo que fazemos e dizemos, e conserva um registro fiel de nossas palavras e ações, e de que devemos deparar tudo isto, teríamos receio de pecar. (Patriarcas e Profetas, pág. 217).

É importante ressaltar que a constante presença de Jesus não se faz como um vigia disposto a castigar-nos por qualquer ato errado cometido. Jesus está constantemente ao nosso lado como um Deus de amor disposto a nos ajudar na caminhada da santificação. Porém a consciência da presença constante de Deus nos ajudaria a evitar muitos pecados que cometemos em nosso cotidiano.

Por causa da abrangente visão de Jesus ele tem autoridade para fazer uma afirmação sobre Laodicéia: “És morno”.

Esta figura da água morna é uma rica ilustração da situação dos cristãos nos momentos que antecederiam o Juízo Final. Há pelo menos duas formas de uma água quente se tornar uma água morna. Uma delas é misturando água quente com água fria. Infelizmente, muitos cristãos tem vivido esta realidade. Vivem uma vida misturada. Estão na igreja, mas não largam o mundo. São membros de igreja que no sábado de manhã estão no culto, mas a noite frequentam lugares que desonram a Deus. Cristãos que estão com a Bíblia na mão quando vão à igreja, mas nem tocam nela quando estão em casa. Pessoas que cantam os hinos de Deus na igreja, mas têm seus aparelhos de som recheados de músicas que não são cristãs. A mistura entre as coisas de Deus e às do mundo produz um cristão morno.

Outra forma de transformar uma água quente em água morna e deixá-la parada,sem fonte de calor, sem uso. Os cristão geralmente começam sua vida religiosa “quentes” espiritualmente. Mas se ficarem parados, sem atividades espirituais, inevitavelmente se tornarão cristãos mornos. Apenas frequentar a igreja, assistir aos cultos, mas não estar ativo no serviço de Deus, tranformará o crente em algúem morno. Somente uma vida de atividades espirituais pode manter a fervura espiritual.

Para estes cristãos mornos, Jesus fez um chamado à decisão: “Quem dera fosses frio ou quente”(Ap. 3:16). Não há espaço no céu para pessoas indecisas. Para Deus é melhor que alguém tome a decisão de se desligar totalmente dele do que estar na condição de mornidão espiritual. “Ou somos coobreiros de Cristo, ou coobreiros do inimigo. Ou ajuntamos com Cristo, ou espalhamos. Ou somos cristãos decididos, de todo o coração, ou nada somos (Testemunhos Seletos. V1. p,26). A situação de indecisão já nos faz pertencer completamente ao inimigo de Deus. Os indecisos de maneira especial necessitam de Deus, mas eles sofrem de arrogância espiritual, dizem: “Rico sou, e abastado, e de nada tenho falta”. Não possuem a real dimensão de sua miserável situação. Essas pessoas têm um sério problema. O Espírito Santo só pode trabalhar naqueles que sentem necessidade dele. Se faz necessário arrependimento urgente.

A situação é tão preocupante que Jesus diz que está a ponto de vomitá-los de sua boca. Quão maravilhosa é a graça de Deus. Ele avisa antes de “vomitar”. Ainda há solução para o problema.



A Solução



Após expor o grave problema de Laodicéia, o nosso problema, Jesus nos dá um conselho: aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas(Ap. 3:18). Mas, como alguém que é miserável, pobre, cego e nu pode comprar alguma coisa? Nós compramos, mas o pagamento já foi feito por Jesus na cruz do calvário.

O primeiro elemento que devemos comprar é o “Ouro Refinado”. As riquezas espirituais são essenciais para a cura da doença de Laodicéia. Esse ouro é a "fé que opera pelo amor" (Gál. 5:6). Precisamos pedir a Deus que aumente nossa fé, para que possamos ter nossa condição de mornidão restaurada à quentura de uma vida de operosa fé em Jesus. Esta fé nos dará condições de adiquirir o segundo elemento receitado por Jesus: “vestimentas brancas”, ou seja, a justiça de Cristo (Mt 22:11-14). É a justiça do único Justo que pode nos justificar. Quando o Senhor nos dá as suas vestimentas brancas, lavadas no sangue do Cordeiro de Deus, estamos aptos a ingressar na vida eterna. Recebemos de volta a chama espiritual que nos esquenta. Finalmente, Jesus nos receita o colírio para ver. O colírio representa a obra do Espírito Santo, que nos ajuda a discernir o certo e o errado e nos mostra o caminho a seguir (João 16:8-11).

Depois de adiquirir na conta de Cristo estes três elementos, há uma ordem: “sê pois zeloso, e arrepende-te”. O Arrependimento é um ato constante na vida do crente, pois o pecado somente será completamente retirado de nós no dia da glorificação. O Imperativo de Jesus diz respeito ao zelo no trabalho, zelo na missão. Trabalhar para Deus “esquenta” o cristão.

“A igreja que trabalha, é igreja que progride. Os membros encontram estímulo e tônico em ajudar a outros. Li a história de um homem que, viajando num dia de inverno através de grandes montes de neve, ficou entorpecido pelo frio, o qual ia quase imperceptivelmente congelando-lhe as forças vitais. Estava enregelado, quase a morrer, e prestes a abandonar a luta pela vida, quando ouviu os gemidos de um companheiro de viagem, também a perecer de frio. Despertou-se-lhe a compaixão, e decidiu salvá-lo. Friccionando os membros enregelados do infeliz homem, conseguiu, depois de consideráveis esforços, pô-lo de pé. Como o coitado não se pudesse suster, conduziu-o compassivamente nos braços através dos mesmos montões que supusera nunca poder transpor sozinho.

Havendo conduzido o companheiro de viagem a lugar seguro, penetrou-lhe de súbito no espírito a verdade de que, salvando seu semelhante, salvara-se a si mesmo. Seus fervorosos esforços para ajudar a outro, estimularam-lhe o sangue prestes a congelar nas veias, comunicando saudável calor aos membros (Obreiros Evangélicos. p, 198-199)”.O cristão que quer permanecer quente, precisa trabalhar para Deus. Esta é a única forma de nos mantermos vivos espiritualmente.



O Convite



Esta maravilhosa obra de restauração do ser humano é operada por Jesus. Nós não temos condições de fazer isso por nós mesmos, é por isso que Jesus termina a mensagem à Laodicéia com um maravilhoso convite: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo (Ap. 3:20).

Jesus está permanentemente à porta do nosso coração batendo, pedindo para entrar. A porta do coração só abre por dentro. É o ser humano que deve abrir a porta para Jesus. É uma decisão individual. Mas uma vez aberta, Jesus entrará e fará toda a obra de restauração que culminará no lar celestial onde teremos eternamente a chama do amor de Jesus nos aquecendo.

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