segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O Sábado: Santo ao Senhor


O Reavivamento e a Reforma da igreja passam pela reforma da observância do Sábado
Felippe Amorim



Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no Senhor. Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai, porque a boca do Senhor o disse. (Isa. 58:13,14)

Introdução



Desde a última reunião da Conferência Geral, “Reavivamento e Reforma” tem sido a ênfase da igreja. Neste e nos próximos anos todos unidos devemos trabalhar e orar em busca desse objetivo. Essas duas palavras são simples, mas têm uma extrema importância para a época em que vivemos. A Bíblia nos apresenta alguns exemplos de movimentos de Reavivamento e Reforma nos quais podemos nos inspirar para que possamos viver esta experiência em nossos dias.

O livro do profeta Isaías no capítulo 58:5-12 descreve uma reforma que aconteceu na época do profeta. Dentre os pontos da reforma proposta por Isaías está a verdadeira observância do sábado.

A restauração da observância autêntica do sábado faz parte da reforma que a igreja espera sofrer nesses tempos. É importante compreendermos que esta sequência “reavivamento e reforma” deve ser respeitada. Primeiro deve vir um verdadeiro reavivamento. Um reaquecimento da comunhão com Deus é o ponto de partida. Qualquer tentativa de colocar a reforma na frente do reavivamento gerará legalismo, algo muito prejudicial para a igreja.

Compreendendo que a verdadeira guarda do sábado é derivada de uma vida de comunhão com Deus, podemos estudar a mensagem que o profeta Isaías nos passa sobre o santo dia do Senhor.

É interessante como o profeta organizou esta parte de seu livro. Duas palavras nos ajudam a entender. Existe um “SE” e um “ENTÃO”, ou seja, há condições colocadas por Deus em relação ao sábado e consequências que decorrem da obediência a estas condições.


Só se profana algo que é sagrado



“Se desviares o pé de profanar o sábado”. Esta frase nos transmite uma importante mensagem. Só se profana algo que é sagrado. Em outras palavras, o tempo do sábado é um tempo sagrado.

É importante identificarmos quando começaram a existir estas horas sagradas. Em Gênesis 2:1-3 lemos: “Ora, havendo Deus completado no dia sétimo a obra que tinha feito, descansou nesse dia de toda a obra que fizera. Abençoou Deus o sétimo dia, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que criara e fizera. Eis as origens dos céus e da terra, quando foram criados. No dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus”.

A origem do sábado como dia sagrado remonta à criação, aliás, o sábado é o memorial da criação. Esse fato nos ajuda a contra argumentarmos àqueles que dizem que o sábado foi estabelecidos especificamente para os Judeus. A questão é que no último dia da criação ainda não existia nenhuma nação, apenas Adão e Eva. O sábado foi estabelecido para toda a humanidade.

Além disso, o verso de Gênesis nos diz quem nomeou de santo o sétimo dia. “Abençoou Deus o sétimo dia, e o santificou”. Seria no mínimo presunção querer dessacralizar algo que o próprio Deus tornou sagrado.

Ao Deus criar o sábado para a humanidade, Ele estabeleceu propósitos para este dia. O primeiro, encontramos em Ezequiel 20: 12, 20: “Demais lhes dei também os meus sábados, para servirem de sinal entre mim e eles; a fim de que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica[...] E santificai os meus sábados; e eles servirão de sinal entre mim e vós para que saibais que eu sou o Senhor vosso Deus”. Um dos propósitos do sábado é servir de sinal entre o povo de Deus e aqueles que não se submetem ao Senhor. É como se fosse um “crachá de identificação”. Podemos identificar aqueles que pertencem a Deus pela sua submissão à vontade de Deus quanto ao dia que Ele nos pediu que santificássemos.

“Quem quer que obedeça ao quarto mandamento, verificará que está traçada uma linha divisória entre ele e o mundo. O sábado é uma prova, não uma exigência humana, mas a prova de Deus. É aquilo que distinguirá os que servem a Deus dos que não O servem; e em torno deste ponto sobrevirá o derradeiro e grande conflito da luta entre a verdade e o erro”. (Testemunhos Seletos. V. 2, 180)

A citação acima deve ser cuidadosamente observada. Primeiro ela corrobora o texto de Ezequiel 20:12. Além disso, nos esclarece que o grande motivo da perseguição que o povo de Deus sofrerá no final dos tempos, não será pela água ou pela comida, mas pela guarda do verdadeiro sábado.

Outro propósito do sábado é que ele funciona como prova de lealdade a Deus. “Alguns argumentarão que o Senhor não é tão exigente em Seus preceitos; que não é seu dever guardar o sábado estritamente com tão grande prejuízo, ou se colocarem em conflito com as leis da Terra. É, porém , justamente aí o ponto em que sobrevirá a prova, a ver se honraremos a lei de Deus acima das exigências dos homens. Isto é o que fará distinção entre os que honram a Deus e os que O desonram. É nisto que devemos provar nossa lealdade. A história do trato de Deus com Seu povo em todos os séculos, mostra que Ele exige exata obediência”( Testemunhos Seletos. V. 2, 183).


Como se profana o Sábado?



Quando falamos sobre a observância do sábado, sempre surgem perguntas de cunho prático. O que posso fazer no sábado? O que não posso fazer no sábado? Preparar uma lista de regras sobre como proceder durante o sábado é extremamente arriscado. Corremos sério risco de cair no pecado do legalismo como aconteceu com os fariseus no tempo de Cristo que tinham centenas de regras sobre o sábado.

Contudo, a Bíblia nos apresenta princípios que devem nortear nossas ações sabáticas. O texto que estamos analisando primariamente nos mostra como profanamos o Dia do Senhor: “cuidando dos próprios interesses, seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade” (Isa. 58:13). A essência do pecado é o egoísmo. No que se refere aos “atos sabáticos inadequados”, nos é útil analisá-los a partir do principio bíblico. Quando agimos a partir dos nossos desejos egoístas, certamente estaremos pecando, seja no sábado ou em qualquer outro dia da semana. Mas se queremos um critério para as nossas ações no sábado, devemos nos perguntar: Isto que estou fazendo é para satisfazer os meus desejos egoístas? A partir da resposta, avaliaremos se aquela ação é adequada ou não para as horas sabáticas.

O texto ainda nos apresenta outro princípio para nosso comportamento no Dia do Senhor: “não falando palavras vãs”. No sábado não devemos tratar dos nossos negócios, ou mesmo planejar o trabalho da semana. Certamente o texto de Isaías não está tratando apenas de palavrões, piadas do duplo sentido ou qualquer outra coisa desta espécie, pois estas devem estar longe do vocabulário de um cristão em qualquer dia da semana. Palavras vãs são aquelas que estão fora do contexto espiritual que deve permear o sábado.

O sábado proporciona ao homem a oportunidade de dominar o egoísmo e cultivar o hábito de fazer o que agrada a Deus, pois este deve ser o propósito do cristão: “e qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista”. (1 João 3:22).

O texto do quarto mandamento é outra passagem importante para compreendermos qual a vontade de Deus para o Seu santo dia. Em Êxodo 20: 8-11, lemos: “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho; mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou”.

Neste texto encontramos todos os elementos para que compreendamos a origem, o propósito e as ações do sábado. Neste momento, porém, nosso foco está no que não fazer, então destacaremos este aspecto. As horas do sábado não são próprias para o trabalho, para este Deus reservou seis dias como Ele deixou explícito no mandamento. Nem nós devemos trabalhar, nem aqueles que são nossos funcionários. Aqueles que trabalham em nossa empresa ou mesmo em nossa casa, devem ser dispensados do trabalho no sábado, mesmo que eles não o observem, pois o mandamento é claro: “nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas”.

Como se santifica o sábado?



A santificação do sábado começa com o dia da preparação. Na Bíblia encontramos um texto que nos apresenta o princípio a respeito da preparação para o sábado. Em Êxodo 16:21-25 encontramos o relato do maná com o qual Deus sustentou o povo durante a peregrinação pelo deserto: “Colhiam-no, pois, pela manhã, cada um conforme o que podia comer; porque, vindo o calor do sol, se derretia. Mas ao sexto dia colheram pão em dobro, dois gômeres para cada um; pelo que todos os principais da congregação vieram, e contaram-no a Moisés. E ele lhes disse: Isto é o que o Senhor tem dito: Amanhã é repouso, sábado santo ao Senhor; o que quiserdes assar ao forno, assai-o, e o que quiserdes cozer em água, cozei-o em água; e tudo o que sobejar, ponde-o de lado para vós, guardando-o para amanhã. Guardaram-no, pois, até o dia seguinte, como Moisés tinha ordenado; e não cheirou mal, nem houve nele bicho algum. Então disse Moisés: Comei-o hoje, porquanto hoje é o sábado do Senhor; hoje não o achareis no campo”.

Através do exemplo do maná, Deus nos deixou a lição de que devemos nos preparar para o sábado de tal forma que nossos afazeres corriqueiros não nos atrapalhem na adoração do dia santificado pelo Senhor.

“O dia anterior ao sábado deve ser feito dia de preparação, para que tudo esteja pronto para suas horas sagradas. "O que quiserdes cozer no forno, cozei-o, e o que quiserdes cozer em água, cozei-o em água." "Amanhã é repouso, o santo sábado do Senhor." Êxo. 16:23[...]Muitos adiam negligentemente até ao começo do sábado pequeninas coisas que deviam ter sido feitas no dia de preparação. Isto não se deve fazer. Todo trabalho negligenciado até ao começo do sábado deve ficar por fazer até que ele haja passado” (Testemunhos Seletos. V.2, 184,185).

Voltemos ao texto de Isaías. Há nele outra frase que nos indica como santificar o sábado. “Se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor” (Isa 58:13). A mera formalidade da observância do sábado é de pouco proveito. Sentir prazer nas horas sabáticas faz parte da adoração. Para Deus só é válida uma obediência que seja feliz, por amor.



Ainda de acordo com Isaías 58:13,por contraste aprendemos que santificamos o sábado quando cuidamos dos interesses de Deus, seguimos os caminhos de Deus, fazendo a vontade de Deus, falando as palavras de Deus.

Uma chave para que possamos identificar o que podemos fazer no sábado também está no nosso texto primário. O texto diz: “digno de honra e o honrares”. Uma pergunta pode nos servir de chave para identificarmos o que é correto ou não para fazermos no dia do Senhor: “É para honra de Deus?” Toda vez que a resposta for positiva, a ação é adequada para as horas sabáticas.



Promessas para os Fiéis



A Bíblia está repleta de promessas para Seus filhos. Não é diferente em relação aos guardadores do sábado. Isaías 58:14 começa com a palavra “então”. Todas as promessas feitas neste texto são consequências para os que cumpriram o “se” do verso 13.

A primeira promessa é: “te deleitarás no Senhor”. As pessoas descobrirão a felicidade de servir ao Senhor quando se submeterem à vontade de Deus em relação ao sábado. Ninguém pode falar que ama a Deus e se deleita Nele, se se recusa a cumprir aquilo que Ele quer.

Outra promessa é que os fiéis iriam cavalgar sobre os altos da terra. Há uma relação entre esta promessa e as palavras de Jesus: “Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mat. 6:33). Deus cuidará da carreira profissional, do sucesso profissional daqueles que forem fiéis ao quarto mandamento. A preocupação de muitas pessoas é que não conseguirão crescer em suas profissões se guardarem o sábado. Por isso Deus preocupou-se em deixar esta promessa para que confiemos Nele.

As promessas ainda não acabaram. Deus diz: “te sustentarei com a Herança de Jacó”. Interessante, há muitos personagens ricos na Bíblia. Por que Jacó foi escolhido para compor esta promessa? Qual é a herança de Jacó?

Na história de Jacó podemos perceber que ele tinha uma atração especial pela primogenitura. Na cultura de sua época, o primogênito recebia mais que herança financeira, recebia a bênção, a herança espiritual. Na vida de Jacó podemos constatar que ele escolheu a herança espiritual e Deus acrescentou a herança material. Assim acontecerá com os guardadores do sábado. Todos os que escolherem a parte espiritual, terão o cuidado de Deus em sua vida financeira. “Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão (Sal. 37:25). Deus cuidará de todos os seus fiéis. Como posso ter certeza disso? A última parte do versículo nos diz: “A BOCA DO SENHOR O DISSE”. As promessas de Deus nunca falharam e o cuidado Dele para com os seus fiéis tem se cumprido na vida de milhares de pessoas ao redor do mundo. Suas promessas são infalíveis.

Muitas pessoas têm experimentado as bênçãos de guardar o sábado e desfrutado do cuidado de Deus. Cada um de nós é convidado todos os dias a estar sob a proteção e o cuidado de Deus. Submeta-se a Ele e desfrute. 

domingo, 16 de janeiro de 2011

A Graça e a Lei:
Entendendo a relação entre elas
Felippe Amorim



Introdução

            O mundo cristão de vez em quando se depara com questões que balançam a fé de alguns. São temas importantes que nem sempre são tratados da melhor forma possível, e por isso muitas pessoas sinceras acabam se enveredando por caminhos que arriscam o destino eterno delas.
            Um desses temas é a relação entre a Graça e a Lei. Sobre esse assunto, muitas perguntas surgem, tais como: A graça é suficiente para me salvar ou preciso fazer algo? Se sou salvo pela graça, por que devo guardar a lei? Se Jesus é amor, Ele me condenará porque não cumpro a lei? Ainda devo cumprir a lei mesmo estando sob a graça?
            Graças a Deus que deixou na Bíblia argumentos suficientes para que possamos responder todas essas perguntas. Abaixo traremos uma pequena amostra (existem muitas outras) de passagens bíblicas que nos ajudam a compreender este tema.

A salvação: somente pela graça

            Certamente um dos assuntos mais lindos e gostosos de se estudar na Bíblia é a Graça de Cristo. Ao longo de todo o Livro Sagrado encontramos evidências desse inexplicável e incompreensível amor que nos salva apesar de nós mesmos.
            A mensagem é confortante e precisamos tê-la profundamente arraigada em nosso coração. A Bíblia apresenta o que devo fazer para ser salvo. No diálogo entre Paulo, Silas e o carcereiro lemos: “e, tirando-os para fora, disse: Senhores, que me é necessário fazer para me salvar?  Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”.(Atos 16:30,31). A condição humana pede um amor nas dimensões do amor de Deus pois, “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”(Rom 3:23). Todos estamos na condição de pecadores e, portanto, na condição de perdidos. Nossa justiça não serve para nos garantir a salvação e por isso somos “justificados gratuitamente pela Sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus”(Rom 3:24). Percebeu a palavra “gratuitamente”? Que graça! Paulo ainda completa: “concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei”(Rom 3:28).
            A Bíblia é clara quando diz que a nossa salvação vem apenas de Jesus. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus;  não vem das obras, para que ninguém se glorie(Ef. 2:8,9). Ninguém poderá chegar no céu e dizer que se encontra lá por causa de seus próprios méritos. Todos reconhecerão que estarão salvos por causa do incrível amor de Deus tão bem descrito em João 3:16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
            Conta-se a história de um menino que morava nos EUA. Um dia ao passear com seu pai por um parque da cidade viu um grande monumento que ficava no meio do parque. O menino puxou a calça de seu pai e disse: “pai quero comprar o monumento para mim”. O pai comovido pela inocência da criança pediu que ela falasse com o policial que estava perto do objeto.
            O garoto se aproximou do policial e falou de sua intensão de comprar aquele grande objeto. O policial, com um sorriso no rosto, perguntou quanto o menino tinha no bolso. Depois de conferir o quanto tinha, disse ao policial que tinha cinquenta centavos e perguntou se com aquele valor ele compraria o monumento.
            O policial perguntou se o garoto era americano e a resposta foi positiva, então pediu que o garoto guardasse seu dinheiro e disse: este monumento não está à venda, todo o seu dinheiro não o compraria, mas por você ser americano ele já é seu.
            É assim com a salvação. Não está à venda, todo o seu dinheiro não a compraria, mas já pertence a todos aqueles que aceitam o sacrífício de Cristo.  

A graça nos isenta da lei?
           
            Há uma grande controvérsia a respeito da lei de Deus. Muitos acreditam que a morte de Jesus na cruz por nós, nos isenta de cumprir a lei. Mas não é isso que a Bíblia diz sobre a lei de Deus.
            Não resta dúvida de que somos salvos apenas pela graça, como vimos no tópico anterior, mas a graça de cristo não anulou a lei de Deus.
            A primeira coisa que precisamos é entender a função de lei. Em Romanos 7:7 lemos: “Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Contudo, eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás”. A função da lei nunca foi salvar. Como lemos anteriormente a lei serve para indicar o pecado. A ilustração do espelho é muito útil. Quando nos olhamos em um espelho e detectamos uma sujeira em nosso rosto não apelamos para que o espelho nos limpe. Vamos até a água para nos lavar. A lei é como o espelho, ao olharmos para ela vemos onde estamos errados, mas somente Jesus, a água da vida, pode nos limpar do nosso pecado.
            Apenas este versículo já seria o bastante para que concluíssemos qua a lei não foi abolida. Mas pode ser que ainda reste um pensamento de que a graça de Deus nos livra das obrigações da lei. Por isso leremos Romanos 6:1,2,14 e 15: “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele?[...] Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porquanto não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Pois quê? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum”. É útil neste momento definirmos pecado: “todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é transgressão da lei”(1 Jo. 3:4).
            Diante destas passagens podemos concluir que a lei de Deus não foi anulada  pela morte de Jesus e ainda temos a obrigação de observá-la, pois esta é a vontade de Deus.
            Infelizmente alguns cristãos estão confundindo o pecado acidental, que é aquele que está presente na vida do cristão convertido, com o pecado por rebelião. A graça de Cristo é suficiente para perdoar o pecado acidental. Mas Deus reprova e condena o pecador consciente, ou seja, aquele que pratica o pecado por escolha.
            Deus fala sobre filhos rebeldes em Isaias 30: 1,8 “ Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que executam planos que não procedem de mim e fazem aliança sem a minha aprovação, para acrescentarem pecado sobre pecado! [...] porque povo rebelde é este, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor”. O novo testamento confirma a aversão de Deus ao pecado consciente. O autor de Hebreus diz no capítulo 10:12: “Porque se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados”. Não há respaldo bíblico para transgredirmos a lei de Deus baseados na graça de Cristo.
            O fato é que uma grande parte dos cristãos não têm problema com 9 dos 10 mandamentos. Dificilmente veremos alguém defendendo o furto, o adultério ou a desonra a pai e mãe. O mandamento que incomoda é o quarto, o sábado. Por isso não podemos encerrar esta sessão sem citarmos Tiago 2:10: “Pois qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar em um só ponto, tem-se tornado culpado de todos”. Portanto, mesmo após a morte de Cristo, ainda é vontade de Deus que guardemos todos os seus mandamentos.

Amo o Deus que me salvou de Graça

            Imagine que você recebeu um presente muito grande e caro de alguém que não tinha obrigação nenhuma de presenteá-lo. Certamente o seu sentimento em relação à pessoa que o presenteou seria de muita gratidão.
            O presente que recebemos de Jesus, a salvação, é maior do que qualquer que poderíamos receber. Nosso sentimento em relação a Ele é de amor. Dificilmente você ouvirá de um cristão que ele não ama Jesus.
            Nosso amor cresce mais ainda quando meditamos no desprendido amor de Deus. “Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós”(Rom. 5:8). Não tem como não amar alguém que me ama tanto.
            A Bíblia nos diz quais os sinais existentes na vida de alguém que ama Jesus. Em João 14:15 Jesus nos diz: Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.
            Outro título que os cristãos gostam de autodenominar-se é de “amigos de Jesus”. Todos queremos ser amigos do Grande Mestre. Jesus estabeleceu as “regras” desta amizade: “Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando”(Jo. 15:14).
            Amar a Deus é mais que palavras. Amar a Deus envolve ação. “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos.  Porque este é o amor de Deus, que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são penosos”( 1 Jo. 5:2,3).
            Imagine que um marido infiel foi descoberto por sua esposa, que depois de muito sofrimento resolveu perdoar seu marido e aceitá-lo de volta. Esse marido perdoado depois de pouco tempo voltou a trair sua esposa confiando que seria perdoado novamente. Esse marido não entendeu o perdão de sua esposa. Ela não o perdoou para que ele continuasse no erro.
            Quando Jesus nos perdoa, seu perdão deve nos levar a abandonar o pecado e buscar a fidelidade à sua vontade. A graça de Cristo é suficiente para nos perdoar, mas além disso a graça nos dá poder para deixarmos as trevas e andarmos na luz.

domingo, 9 de janeiro de 2011

O que significa temer a Deus ?
Felippe Amorim



O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra. (Salmo 34:7)


Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar; (1 Pedro 5:8)





Os dois textos acima são complementares. O primeiro é uma linda promessa e o segundo uma séria advertência para cada um de nós.

Saber que temos proteção divina em um mundo tão perigoso é, no mínimo, um alívio. Quando combinamos os dois textos, então, temos uma alegria maior ainda. O alerta feito na carta de Pedro nos diz que existe um inimigo sempre pronto a nos devorar assim como um leão faminto tenta devorar sua presa.

Duas expressões são importantes nestes textos: “Redor” e “derredor”. O anjo está ao redor e o diabo está ao derredor. Podemos perceber uma clara progressão nestas expressões. Temos um amigo protetor bem próximo de nós, mas logo após ele está o inimigo querendo nos destruir.

Enquanto o anjo estiver ao nosso redor estaremos seguros, mas no momento que o anjo sair do seu lugar, o inimigo terá acesso direto à nossa vida e estaremos correndo sérios perigos de consequências eternas.

O salmo 34:7 nos mostra como desfrutarmos permanentemente da companhia do anjo do Senhor. Ele está ao redor dos que o temem. Devemos, portanto, nos preocupar em compreender profundamente o que significa temer a Deus. Inicialmente já devemos saber que o temor nesse texto não é a mesma coisa que ter medo. No sentido bíblico, temer é algo muito mais amplo.

Temer a Deus envolve pelo menos três aspectos da vida cristã: Adoração, Amor a Deus e Serviço. Se compreendermos estes aspectos poderemos temer realmente a Deus e desfrutarmos de sua constante companhia e proteção.


Adoração



Adorar a Deus é mais que uma ação pontual é um estilo de vida. Portanto, devo adorar a Deus desde a hora que acordo até a hora que vou dormir, e inclusive meu sono deve ser revestido de adoração a Deus.

Gostaria, contudo, de destacar três aspectos de uma vida de adoração. O primeiro deles nos é apresentado no Salmo 66:4 onde lemos: “Toda a terra te adorará e te cantará louvores; eles cantarão o teu nome”. Adorar envolve cantar louvores a Deus. A música, sem dúvida, é uma maravilhosa forma de adorar o criador. Quando nos reunimos em congregação e entoamos músicas ao nosso Deus, quando ouvimos um lindo hino executado por uma orquestra, solista, grupo, enfim, podemos adorá-lo com todo nosso coração.

Devemos estar atentos para que a nossa música esteja de acordo com a vontade de Deus expressa em Sua palavra. O critério para que escolhamos as músicas de adoração na igreja não deve ser o que EU gosto, mas o que DEUS gosta, pois, “A música, quando não abusiva, é uma grande bênção; mas quando usada erroneamente, é uma terrível maldição”(O Lar Adventista, 408). Analisemos com cuidado os textos inspirados para que possamos utilizar a música sempre sob a vontade de Deus.

Um segundo aspecto da adoração que gostaria de destacar está explícito em Gênesis 22:5: “E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o mancebo iremos até lá; depois de adorarmos, voltaremos a vós”. Adorar envolve entrega total. O contexto do versículo anterior é o momento no qual Abraão estava subindo o monte para sacrificar seu filho Isaac. Como pode haver adoração em uma situação como aquela? A adoração consistia no ato de se submeter à vontade de Deus irrestritamente. Há algo que precisamos pensar a respeito daquela ocasião. Abraão não compreendia tudo a respeito da ordem que Deus havia dado, mas adorar a Deus é obedecê-lo mesmo quando não entendemos tudo a respeito do que Ele nos pede.

Quero ainda destacar um terceiro aspecto da adoração. Deuteronômio 26:10 nos diz: “E eis que agora te trago as primícias dos frutos da terra que tu, ó Senhor, me deste. Então as porás perante o Senhor teu Deus, e o adorarás”. Adorar envolve fidelidade nos dízimos. Não há dúvida de que o texto de deuteronômio faz uma ligação íntima entre a fidelidade nos dízimos e a adoração a Deus. Existem declarações bíblicas claras a respeito da devolução dos dízimos e do ato de ofertar. Infelizmente, alguns cristãos têm resistido a este ensinamento divino. Criam suas próprias teorias sem embasamento bíblico e desviam o destino do dízimo e as vezes nem o devolvem. Ambas as ações são contrárias às romendações bíblicas, tornam o cristão um ladrão e o privam de bênçãos, de acordo com o que diz Malaquias 3:8 a 11.

Uma vida de adoração, portanto, é um dos aspectos do temor ao Senhor.



Amar a Deus



Temer a Deus envolve um segundo aspecto da vida cristã. Envolve amar a Deus. Falar de amor nos dias em que vivemos pode nos fazer ter uma concepção errada. O amor, infelizmente, se tornou um sentimento banalizado. Em qualquer relacionamento curto e superficial tem se usado a palavra amor. Mas o amor a Deus envolve compromisso e é mais que um sentimento. Amar a Deus nos leva a ação.

Um primeiro aspecto do ato de amar a Deus que gostaria de destacar é o que está contido em Deuteronômio 11:13: “[...]amar ao Senhor teu Deus, e o servir de todo o teu coração e de toda a tua alma”. Precisamos amar a Deus sem restrições, com tudo que temos e somos. As vezes isso não é fácil porque envolve abrir mão das coisas que gostamos em prol das coisas que Deus gosta.

Outra faceta do amor do homem para com Deus está em Deuteronômio 11:22: “[...]e andardes em todos os seus caminhos,[...]”. Andar nos caminhos de Deus requer submissão, porque nem sempre os caminhos de Deus são os nossos caminhos e quando não há a coincidência precisamos ser humildes o sufuciente para aceitarmos a vontade de Deus.

Em Deuteronômio 11:1 lemos: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus, e guardarás as suas ordenanças, os seus estatutos, os seus preceitos e os seus mandamentos, por todos os dias”. Amor e obediência aos mandamentos são coisas inseparáveis do ponto de vista bíblico. Encontramos esta mesma idéia em várias passagens bíblicas (ex. Dt. 31:12,13). A mais clássica, sem dúvida, foram as palavras pronunciadas pelo próprio Senhor Jesus em João 14:15: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos”. Lemos ainda em 1João 5:2 : “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos”. Portanto o amor a Deus envolve estrita obediência a todos os Seus mandamentos, lembrando que “qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar em um só ponto, tem-se tornado culpado de todos”(Tiago 2:10).

Temer a Deus, portanto, implica em amá-lo irrestritamente e amá-lo significa obedecê-lo, muitas vezes sem entender todos os aspectos do que Ele nos pede.


Serviço a Deus

Ainda há um terceiro aspecto do temor a Deus que precisamos conhecer. Lemos em Deuteronômio 10:12: “Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor teu Deus requer de ti, senão que temas o Senhor teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma”. E o verso 20 complementa: “Ao Senhor teu Deus temerás; a ele servirás, e a ele te apegarás, e pelo seu nome jurarás”.

O Serviço é uma característica da vida de um cristão que teme a Deus. Infelizmente é comum vermos membros de igreja que a única atividade religiosa que exercem é sair de casa, ir até a igreja e “assistir” ao culto. Não são ativos na causa de Deus. É certo que nem todos estarão nos púlpitos pregando. Deus deu diversos dons à sua igreja e cada membro deve trabalhar de acordo com os dons recebidos. Ninguém ficou sem receber pelo menos um dom.

Porém, todos os dons devem ser usados para a pregação do evangelho. Cristão que de alguma forma não serve a Deus na pregação do evangelho, não pode afirmar que teme a Deus, pois o temor envolve serviço ativo na causa de Deus.



Conclusão



Quando eu era criança, estudava em uma escola que tinha um espaço muito grande. Tão grande que para percorrer toda sua extensão de forma rápida era necessário um carro.

Meus colegas tinham mania de pegar caronas nas Kombis que diariamente passavam na frente do prédio de aulas.

Minha mãe sempre me advertia a não pegar estas “caronas”, pois eram perigosas e eu, por respeitar (temer) minha mãe, realmente evitei por algum tempo. Até que um dia resolvi pegar a carona. O resultado, já anunciado previamente por minha mãe, foi que eu caí, quebrei dois dentes e quando cheguei em casa ainda tive que conter as lágrimas e contar o que tinha feito para minha mãe.

Naquele dia, embora disesse que respeitava minha mãe, agi como quem não respeita, pois respeito é muito mais que falar, é comprometer-se e obedecer.

As vezes agimos semelhantemente com Deus, dizemos que o tememos, mas na prática as evidências são de que não O tememos.

Precisamos da proteção de Deus para que estejamos a salvo das investidas de Satanás. Esta proteção está prometida para todos os que O temem, ou seja, para todos que o adoram, amam, obedecem e O servem.

Deus convida a cada um de nós hoje para que abramos nosso coração e deixemos que Ele nos ensine o que é o verdadeiro temor a Deus.