quinta-feira, 30 de junho de 2011


Vinícius Mendes de Oliveira
Professor de Língua Portuguesa no IAENE
Mestrando em Ciências Sociais na UFRB
Formando em Teologia no IAENE


A DOUTRINA DA MORTE



INTRODUÇÃO

O estado do homem na morte é um assunto muito controvertido em nossos dias. Compreender esse assunto é de vital importância devido ao fato de que envolve a natureza do homem e o plano de Deus para salvá-lo do pecado. È por isso que o inimigo de Deus tem trabalhado muito para que haja confusão a respeito desse ponto e que em seu primeiro engano para o ser humano, levou nossos primeiros pais a pensarem que não morreriam, como tem ensinado o espiritismo.

Portanto, esse texto aborda esse tema a partir da perspectiva bíblico-antropológica e da análise de dois textos bíblicos usados erroneamente para refutar a correta doutrina bíblica a respeito do estado do homem na morte.

ANTROPOLOGIA BÍBLICA

Esse é um tema antropológico. Logo, precisamos recorrer, para iniciarmos o assunto, à criação do homem e a forma como Deus define a pergunta geradora da antropologia: “O que é o homem?” Gênesis 2:7 diz: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em seus narizes o fôlego da vida, e o homem foi feito alma vivente.”

De acordo com essa simples e clara definição o homem não possui uma alma. O homem é uma alma vivente. Do ponto de vista bíblico, a vida humana é uma composição de dois elementos: fôlego de vida e pó da terra. Observe que no texto de Genesis 2:7 a integralidade do ser humano é definida como alma vivente, ou seja, a alma não é uma entidade que está no homem, mas é o próprio homem. O texto é claro com respeito a isso. Há ratificações neotestamentárias desse pensamento mosaico em I Coríntios 15:45: “o primeiro homem Adão, foi feito em alma vivente...” E Apocalipse 16:3:” E o segundo anjo derramou a sua salva no mar, que se tornou em sangue como de um morto, e morreu no mar toda alma vivente.”

É interessante observar a relação que o Gênesis faz entre o tipo de vida que há no homem e a que existe nos animais: “Expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado e de fera, e de todo réptil que se roja sobre a terra, e todo homem, tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em seus narizes, tudo o que havia no seco morreu.” Gênesis 7: 21-22.

O texto deixa claro que os animais possuem o mesmo fôlego de vida que os homens possuem. Assim, fica difícil pensar que os animais possuem uma alma pensante que sai de seu corpo quando morrem. O sábio Salomão acrescenta: “Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso também sucede aos animais; a mesma coisa lhe sucede; como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego; e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade. Todos vão para o mesmo lugar, todos são pó, e ao pó tornarão.” Eclesiates 3:19-20

O texto acima ainda iguala o lugar para onde vão os mortos de forma tácita: pó da terra, porque todos são pó, tanto homens quanto animais. Veja que o texto não dá nenhuma margem para considerarmos outro lugar para onde vão os mortos senão o pó da terra.

Eclesiastes 12:7, falando sobre a morte diz: “e o pó volte a terra, como era, e o espírito volte a Deus que o deu.” O ponto de vista antropológico de Salomão (inspirado) é de que o homem é uma composição de pó (corpo) e espírito (hebraico ruaj e traduzido pela LXX como pneuma). Assim o termo ruaj e seu correlato grego pneuma equivalem a fôlego de vida. A analogia das Escrituras deixa claro que a fórmula antropológica de Salomão é a mesma que aparece em Gênesis 2:7.

Com respeito à incapacidade cognitiva e volitiva do estado do homem na morte, diz Eclesiastes 9:5-6 “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” Assim, não é possível uma formulação doutrinária bíblica que derive uma interpretação de um estado de consciência do homem após a morte.

É importante mencionar ainda que a compreensão de que a alma humana é imortal contradiz frontalmente a doutrina da ressurreição.

No Éden, o engano da serpente girou em torno da mortalidade X imortalidade da alma. Enquanto Deus havia dito que o casal original não devia comer do fruto, pois a consequência seria a morte (Gn. 3:3), Satanás, contradizendo a Deus disse “Não morrereis”(Gn. 3:4). O primeiro engano satânico foi levar o homem à compreensão mentirosa da imortalidade. A frase “É certo que não morrereis” tem ecoado hoje através do espiritismo, falsas doutrinas bíblicas, filmes, novelas etc.

Com esse ensino quer Satanás levar o homem a viver irresponsavelmente pois, segundo seu engano, sempre haverá uma chance, mesmo após a morte do corpo. Isso contradiz a Bíblia em Hebreus 9:27, que diz: “E, assim como aos homens está ordenado morreram uma só vez, vindo, depois disto, o juízo.”

A certeza de um juízo após a morte evidencia a necessidade de levar-nos a sério as coisas de Deus enquanto estamos vivos, pois a morte não nos reserva outra chance. É por isso que a Bíblia sempre apela para uma decisão para hoje (Hb. 4:7). Por outro lado, o juízo determinará de que maneira a eternidade se revelará para cada ser humano. É por isso que a Bíblia ensina que há duas ressurreições (João 5:28-29; Apoc. 20:1-6). A primeira para a vida eterna e a segunda para a morte eterna. O desejo de Deus é de que todos tenham parte na primeira ressurreição.

ANÁLISE DE I PEDRO 3: 13-20 E LUCAS 23:43

I PEDRO 3: 13-20

Com respeito, a I Pedro 3 : 18-20 a explicação bíblica é clara. No entanto, é preciso considerar o contexto em que esse texto aparece. A perícope inicia-se no verso 13, a partir de onde Pedro está instruindo os crentes a permanecerem firmes na fé diante da perseguição daqueles que não crêem na fé evangélica. O apóstolo recomenda a santificação e preparo para responder a respeito da esperança que os cristãos possuem. Pedro afirma, então, que é melhor sofrer pela verdade do que praticar o mal.

Com base nesse contexto, o apóstolo usa exemplo de Cristo, que morreu por justos e injustos. Pedro explica que a morte de Cristo lhe subtraiu temporariamente seu corpo humano, mas não lhe tirou a vida espiritual que Ele possui desde a eternidade. Foi no uso dessa vida (vida espiritual e não em Seu corpo humano) que Cristo pregou, através do ministério de Noé, aos antidiluvianos, que rejeitaram a oferta de salvação, zombando do profeta. A pregação de Noé resultou na salvação de sua família apenas, a qual os livrou do dilúvio, o que para Pedro simboliza o batismo, no qual os que ouvem e praticam a voz de Deus são salvos.

A dificuldade aparente desse texto reside no uso do termo “vivificado no espírito”(v.18) e à expressão “espíritos em prisão (v.19). A expressão “vivificado no espírito” está em oposição a “morto, sim, na carne”. O que Pedro quer ensinar aqui é que Cristo, durante a encarnação, viveu em carne humana, mas que, a despeito dessa condição humana, Ele possui vida espiritual. E foi no uso dessa vida espiritual que Ele pregou, nos dias da pregação histórica de Noé, através de Noé, aos antidiluvianos, chamados aqui de “espíritos em prisão”. Uma exegese honesta do texto, com base na analogia das Escrituras, não permite a inferência de que essa pregação foi após a morte de Cristo, até porque, segundo Hebreus 9:27, os homens morrem e estão sujeitos ao juízo, não havendo mais possibilidade de se mudar seu destino. Essa verdade bíblica torna sem propósito uma suposta pregação de Cristo a seres que morreram sem salvação. Se por acaso for tomada a teoria falsa de Cristo foi pregar, em Sua morte, aos anjos caídos, o problema persistirá pois Judas 6 diz que esses anjos estão sob trevas espirituais, com seus casos decididos aguardando o dia do juízo.

A expressão “espíritos em prisão” está fazendo uma clara referência aos antidiluvianos que viviam durante a pregação de Noé. A Bíblia, no Novo testamento, usa muitas vezes o termo “espírito” para se referir a pessoas vivas (I Cor,16:18; Gl. 6:18). Com respeito a essa expressão associada à prisão, a explicação é a de que o pecado (natureza pecaminosa) é uma prisão para o ser humano sem Cristo (Rm 7:7-25).

Assim, o resumo do ensino de Pedro nessa perícope (I Pedro 3: 13-22) é de que os crentes devem permanecer na fé e defendê-la com amor, mesmo que isso resulte em desprezo e perseguição. O caso de Cristo, pregando aos antidiluvianos é tomado como exemplo, pois mesmo estes não aceitando Sua pregação (apenas oito pessoas foram salvas) e Ele sendo morto em Sua encarnação, isso não lhe tirou a vida espiritual que Ele possuía desde a eternidade, a qual foi plenamente recuperada por Ele em Sua ressurreição. O que Pedro quer ensinar que essa vida espiritual, através da ressurreição, é oferecida a todos os que permanecem na Palavra de Deus.

LUCAS 23: 43

“E Jesus respondeu: em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.”

A explicação dessa passagem passa pelos seguintes seguimentos: 1- contextual e 2- linguístico

CONTEXTUAL

Em Suas palavras de despedida aos apóstolos no Cenáculo, vinte quatro horas antes de dizer essas palavras ao ladrão, Jesus disse: “E quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou, estejais vós também.” João 14:3. Essas palavras indicam claramente que o paraíso, para onde os salvos vão, só pode ser acessado quando Jesus voltar. Isso torna incoerente a suposta promessa de Jesus de que o ladrão estaria naquele mesmo dia, com Ele, no paraíso. Da boca de Cristo nunca saiu e nunca sairá incoerência.

Três dias após a promessa ao ladrão, Jesus diz a Maria Madalena: “Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai...” João 20:17. Haveria uma grave contradição contextual se Jesus de fato tivesse prometido ao ladrão que estaria com Ele naquele dia no paraiso, pois nem Ele mesmo tinha ascendido ao céu. Entendendo que na Bíblia não há contradição, fica claro que o ladrão não poderia estar com Jesus, naquele dia, no paraíso.



LINGUÍSTICO

É essencial saber que a versão grega original do texto de Lucas 23:43 não possui nem sinais de pontuação tampouco o conectivo que aparece nas versões modernas. Assim no texto original grego de Lucas não aparece a conjunção subordinativa oti (que). Seu acréscimo nas versões atuais decorre da influência que a doutrina da imortalidade da alma exerceu sobre os tradutores modernos da Bíblia.

Dessa forma, o texto deveria ser lido corretamente assim: “Em verdade te digo hoje estarás comigo no paraíso.” O advérbio hoje (grego semeron) nesse texto é usado para modificar o verbo digo e não o verbo estarás.

Em Marcos 14:30, aparece o advérbio semeron (hoje) antecedido pela comjunção oti (que): Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes.”

No texto de Marcos, vemos Jesus enfatizando que a negação de Pedro ocorreria naquela mesma noite, como de fato aconteceu. Portanto, o uso de semeron (hoje) antecedido de oti (que) aparece corretamente no original grego. Mas o mesmo não ocorre em Lucas 23: 43, pois Jesus não desejava, neste texto, enfatizar uma noção presente da ida ao paraíso com a palavra hoje (semeron), mas relacionar o termo hoje ao verbo digo com o propósito fortalecer o valor do que ia dizer.

Infelizmente para, literalmente, colocar palavras na boca de Jesus, forçando-O a dizer o que não pretendia, os tradutores modernos da Bíblia acrescentaram a palavra que ao texto de Lucas para que essa passagem pudesse ser base para uma doutrina não bíblica.

CONCLUSÃO

Embora a doutrina da morte seja controvertida em nossos dias, um exame criterioso do ensino das Escrituras sobre o tema deixa clara a noção de que o ser humano é uma entidade holística, composta por corpo (pó da terra) e espírito (fôlego de vida).. Logo, o homem não possui uma alma, mas é uma alma. Uma análise criteriosa, embasada em uma exegese séria, de qualquer texto bíblico, inclusive os que parecem mais complexos revelam a doutrina de que o homem é mortal, e que o juízo de Deus decidirá o destino de todos os homens. Está diante de todas as pessoas escolher apenas dois caminhos: vida eterna ou morte eterna. Não há uma estrada alternativa. A mentira Satânica, desde o Éden, foi fazer pensar que o homem poderia ser eterno como Deus. Mas só o Senhor tem esse dom e deseja compartilhar com todos aqueles que aceitam e praticam toda a palavra que procede da boca de Deus (Mateus 4:4).

sábado, 25 de junho de 2011


Livrando-se do Peso da culpa

A experiência de Davi mostra o quão prejudicial é o pecado e como podemos nos livrar dele.


Felippe Amorim



Introdução



No meio do ano passado eu e minha esposa resolvemos mudar de casa e fomos morar no terceiro andar de um pequeno prédio. Naturalmente fomos fazer a mudança. Com a ajuda de alguns amigos descarregamos os móveis de uma caminhonete e começamos a subir as escadas até o apartamento.

Confesso que subir escadas carregando móveis não é algo agradável, aliás, nunca é confortável ter um peso nos ombros.

Pode ser que algumas pessoas não carreguem pesos materiais nos ombros, mas estão encurvadas por um peso que incomoda muito mais que o físico. Estão sobrecarregadas com o peso da culpa. Este peso tem algumas peculiaridades. Quanto mais tempo fica sobre nós, mais pesado ele vai ficando. A culpa vai sugando as energias da alma até que prostra o ser humano. Outra característica desse peso é que nós não temos a capacidade de retirá-lo de nós. Apenas Jesus Cristo o pode fazer.

O rei Davi passou por uma experiência da qual podemos tirar importantes lições a respeito do peso da culpa e de como nos livrarmos dele.

O peso do pecado

“Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui a iniquidade, e em cujo espírito não há dolo” (Sl. 32: 1-2). É assim que Davi começa a escrever o Salmo 32. Este é um Salmo de reminiscências, o salmista está lembrando momentos de sua vida nos quais ele passou por situações cruciais. Davi começa falando de como é bom receber o perdão. Nesse momento o rei de Israel está sentindo a felicidade que todos os seres humanos sentem quando o peso da culpa é retirado de seus ombros.

Deus oferece a cada filho Seu a oportunidade de se livrar dos pesos de culpa que carrega sobre seus ombros. Os consultórios dos psicólogos e psiquiatras estão lotados de pessoas que não conseguem ter paz devido a algo de seu passado que os perturba todos os dias. Davi sofreu disso e da experiência dele podemos retirar princípios de perdão para nossa vida.

Após falar da alegria do perdão, o homem segundo o coração de Deus começa a relembrar os difíceis momentos pelos quais passou. Ele os relata assim: Enquanto guardei silêncio, consumiram-se os meus ossos pelo meu bramido durante o dia todo. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. (Sl 34:3,4)

Podemos identificar alguns elementos que evidenciam a condição emocional e espiritual de Davi. Ele estava tentando encobrir algo de errado que ele havia feito, mas isso o estava destruindo internamente. A sua sensação era que seus ossos estavam se deteriorando aos poucos. Ao longo de suas atividades reais diárias, ele não conseguia se concentrar, seu trabalho estava sendo prejudicado por causa de seu sentimento de culpa.

O texto continua nos dizendo que o sono de Davi também não era mais o mesmo. A insônia sempre acompanha aqueles que carregam a carga mais pesada que alguém pode colocar em seus ombros: a culpa. Certamente seu corpo já estava cansado de não dormir em paz por longos meses.

Davi não conseguia se livrar dos pensamentos de acusação que o acompanhavam desde o momento em que ele caiu e escolheu esconder seu pecado.

O caminho para o pecado



Em II Samuel 11 descobrimos o que fazia com que a vida do rei Davi estivesse numa condição emocional tão ruim. Lá encontramos a história do pecado de Davi com Bate-Seba. É uma história que contêm mentiras, adultério, assassinatos, ociosidade e muitos outros atos pecaminosos cometidos por Davi.

Durante algum tempo me perguntei por que uma história tão vergonhosa foi registrada no livro sagrado de Deus. Até que compreendi que Deus estava querendo ensinar profundas lições aos seus filhos. São lições que podem fazer diferença entre a vida e a morte eternas.
O texto começa dizendo que “tendo decorrido um ano, no tempo em que os reis saem à guerra, Davi enviou Joabe, e com ele os seus servos e todo o Israel; e eles destruíram os amonitas, e sitiaram a Rabá. Porém Davi ficou em Jerusalem” (II Sm 11:1). Naquele momento Davi não deveria estar em casa, mas ele fez a escolha errada.

O reino de Israel passava por um momento político-social muito bom. A agricultura ia bem, a maior parte dos inimigos já tinham sido derrotados e os cofres estavam abarrotados de ouro, prata e outros bens preciosos.

Diante desta situação confortável, o rei Davi estava no auge de sua vida pública. Frequentemente recebia homenagens e aclamações por todos os seus feitos. O rei tinha uma vida muito confortável.

Se existe um lugar perigoso para o ser humano, este lugar é o “auge”. É uma posição muito almejada e também perigosa. Todos sonham em chegar no auge da vida profissional, da vida sentimental, da vida espiritual. Mas no auge, muita vezes, é o lugar onde começa o declínio, pois lá existe a tentação da acomodação, da autossuficiência , do esquecimento de Deus.

Foi no auge da carreira profissional de Davi que Satanás viu o melhor momento para derrubá-lo. Davi estava no lugar errado, era época dos reis estarem na guerra. O exército de Israel estava na guerra, mas o seu líder estava em casa, na ociosidade. Davi achava que já havia conquistado tudo o que precisava. “Foi o espírito de confiança e exaltação próprias o que preparou o caminho para a queda de Davi” (Patriarcas e Profetas, 717).

Alguns passos foram dados até a consumação do pecado. A Bíblia diz que Davi acordou tarde naquele dia. Estava dormindo quando deveria estar lutando. A ociosidade foi o primeiro erro do rei. O pecado não chega rapidamente, Satanás vai minando as forças do ser humano aos poucos. “A obra do inimigo não é feita abruptamente; não é, ao princípio, súbita e surpreendente; é uma ação secreta de minar as fortalezas dos princípios. Começa em coisas aparentemente pequenas - negligência de ser fiel a Deus e de confiar nEle inteiramente, disposição para seguir costumes e práticas do mundo” (Patriarcas e Profetas, 718).

O segundo passo de Davi rumo ao pecado foi “ver”. A palavra de Deus diz que ele viu uma mulher tomando banho. Naquele momento Davi foi tentado. Estava diante dos seus olhos a oferta de satanás, mas ele poderia recusar as insinuações do inimigo. O problema é que ele fixou seus olhos na tentação. Ele poderia ter feito como José, fugido, mas Davi se deteve contemplando aquela mulher.

Aqui há uma importante lição para nós. Cada ser humano sabe exatamente quais são as suas tentações, alguns são tentados por bebidas alcoólicas, outros por pornografia, outros por dinheiro fácil. Cada um sabe o que mais lhe tenta. Precisamos agir diferente de Davi. Não podemos fixar os olhos naquilo que nos tenta. Quanto mais distantes da nossa tentação, menor a possibilidade de cairmos.

Um momento de afastamento de Deus e Davi caiu em um buraco de pecado. Pediu informações a respeito da mulher e alguém lhe disse “Porventura não é Bate-Seba, filha de Eliã, mulher de Urias, o heteu?” Percebemos claramente o que este recado dizia: “Davi, a mulher é casada”. O rei não escutou a advertência que Deus havia mandado para ele. Quando nos afastamos de Deus escutamos cada vez menos a sua voz.

Davi chamou a mulher, que veio sem resistir. Não há desculpas para Bate-Seba, ela poderia ter preferido à morte a trair seu esposo. Então, o ato pecaminoso foi consumado.

A mulher voltou para sua casa e aparentemente as coisas voltaram ao normal. Algum tempo depois chegou para Davi a notícia da gravidez de Bate-Seba. Certamente o monarca lembrou-se de Levítico 20: 10. Sabia que se seu pecado fosse descoberto ele deveria morrer.

Arquitetou um plano para conseguir um pai legítimo para aquela criança. Mandou chamar de volta Urias, marido de Bate-Seba, da guerra. Após, sem sucesso, tentar fazer com que aquele fiel soldado voltasse para sua casa e dormisse com sua esposa, encobrindo assim seu pecado, Davi envolveu todo o seu exército em um plano de assassinato. Escreveu uma carta para Joabe, seu general e a mandou por Urias, que conduziu sua própria sentença de morte. Voltou para a guerra e lá foi assassinado.

Um ano de “tranquilidade” se passou. Davi casou com aquela mulher viúva e o

bebê nasceu. Mas Deus não permitiu que Seu nome fosse envergonhado e nem que seu filho ficasse naquela situação de perdição. Davi estaria perdido enquanto não confessasse seu pecado.

O profeta Natã foi enviado por Deus e com muita habilidade, digna de imitação

pelos pregadores atuais, mostrou para o rei seu pecado e apresentou a solução. Um ano após o pecado, finalmente Davi conseguiu respirar aliviado.


Libertando-se do peso do pecado.



Na terceira parte do salmo 32 nos é revelado o segredo para nos livrarmos do peso da culpa: “Confessei-te o meu pecado, e a minha iniquidade não encobri. Disse eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado” (Sl. 32:5-6).

Confessar o pecado era o que faltava para que Davi conseguisse novamente ter paz. Só há uma base para o perdão: o arrependimento acompanhado de confissão. Precisamos, contudo, saber que o arrependimento compreende a expulsão do pecado da vida. O ato de confessar está acompanhado do ato de abandonar, pois, “a justiça de Cristo não encobrirá pecado algum acariciado” (Parábolas de Jesus, 316). Uma clara convicção do dever cristão sempre acompanha à mudança de coração" ( RH 18-12-1913).

Agora é o momento de Confessar. Podemos até pensar que o que fizemos é tão grave que Deus não nos aceitará de volta. Mas “não devemos estar ansiosos acerca do que Cristo e Deus pensam de nós, mas do que Deus pensa de Cristo, nosso Substituto. Vós sois aceitos no Amado” (Mensagens Escolhidas, vol. 2, págs. 32 e 33). Deus promete perdão para todos os que, de todo coração, confessam e abandonam seus pecados.

Depois de perdoado e aliviado do peso da culpa, Davi fez uma oração que cada um de nós deveria fazer todos os dias. “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito inabalável” (Sl. 51: 10). O pedido de perdão sempre deveria ir acompanhado de um pedido para que Deus renove e santifique o coração. Davi compreendeu que somente com um coração criado e renovado por Deus ele poderia continuar tendo uma vida sem culpa, com muita paz interior. Hoje é o dia de fazermos a oração de Davi!





sábado, 18 de junho de 2011


AS DUAS FACES DO CORDEIRO

                                   Vinícius Mendes de Oliveira
Mestrando em Ciências Sociais na UFRB
  Professor de Língua Portuguesa no IAENE
Aluno do 7º período do SALT – IAENE
vimeo@hotmail.com




“Os reis da terra, os grandes , os comandantes, os ricos, os poderosos e todo livre, se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?” Apocalipse 6: 15-17

INTRODUÇÃO

O texto acima apresenta o quadro caótico em que estará o mundo e a situação de desespero de grande parte da população nos momentos que antecedem imediatamente a volta de Jesus. O verso 17 revela a imagem de Jesus, o Cordeiro, irado, vindo nas nuvens do céu para executar o Seu juízo. Milhares de pessoas se encontrarão perdidas, pessoas estas de todas as classes sociais, que clamarão aos montes e rochedos “caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono”.
 Tal situação, então, faz emergir a séria pergunta que finaliza o capítulo seis de Apocalipse, onde, nos versos 12 a 17, aparece o sexto selo. Diante de tamanha perdição em que estão submetidos, os perdidos dramaticamente perguntam: “quem é que pode suster-se?”. O livro do Apocalipse não deixa sem resposta essa questão. No capítulo sete, o apóstolo João apresenta três características daqueles que passarão incólumes pelo caos em que o mundo estará nos momentos antecedentes à volta de Jesus e esclarece qual o motivo por que essas pessoas não sofrerão a ira do Cordeiro, mas usufruirão de Sua amorável proteção.

SELAMENTO

            O capítulo sete de Apocalipse inicia a resposta à pergunta que finaliza o capítulo anterior apresentando quatro anjos que estão neste planeta, evitando que o mundo seja completamente devastado até que outro anjo pudesse assinalar a fronte dos fiéis com o selo do Deus vivo (Ap 7: 1-2). O anjo assinalador diz, no verso 3: “Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até selarmos na fronte os servos do nosso Deus.”
            Esse texto começa respondendo a pergunta do capítulo seis, apresentando claramente que haverá um grupo de selados, os quais são chamados de “servos do nosso Deus.” Esse grupo, frente ao terrível drama pelo qual o mundo passará, estará seguro, mesmo diante das provas, pois estarão protegidos por Deus e Seus anjos.
            A pergunta que surge, no entanto, é: qual é o selo que distinguirá os protegidos servos de Deus dos desesperados perdidos descritos no final do capítulo seis de Apocalipse?
            O apóstolo Paulo em Efésios 1: 13 e 4:30 diz: “em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.” Os textos acima são claros em apresentar o Espírito Santo como o agente selador, ou seja, o crente só recebe o selo de Deus através do Espírito Santo. Assim, fica claro que o selamento é produto da ação de Deus no ser humano e não de um esforço humano para alcançar mérito diante de Deus, habilitando-o para a salvação.
            Nesse momento, no entanto, é importante refletirmos sobre qual é, de fato, a obra do Espírito Santo na vida do crente para compreendermos o que o Espírito sela na vida de um servo de Deus. Em Ezequiel 36: 26 e 27, lemos: “Porei dentro de vós o meu espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardareis os meus juízos e os observareis.” O profeta Ezequiel nesses versos deixa claro qual é a obra do Espírito no coração: fazer um transplante de coração do fiel, inscrevendo nesse novo coração os estatutos e juízos de Deus que são termos sinônimos para lei. Assim, o profeta quer evidenciar que Deus deseja uma obediência que não seja externa, mas que seja produto de um coração transformado. Sobre esse mesmo tema, Jeremias 31: 33 diz: “Porque esta á a aliança que firmarei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.” Portanto, conforme, os textos acima, a obra do Espírito Santo, ou o seu selo, tem que ver com a inscrição da imutável e eterna Lei de Deus no coração, transformando a obediência a Deus em algo que procede de um coração “transplantado” que obedece por amor e não por obrigação. Isaías 8: 16 também menciona o tema do selamento da lei: “Resguarda o testemunho, sela a lei no coração dos meus discípulos.” Dessa forma fica claro que o agente selador é o Espírito Santo e que o que Ele sela está diretamente relacionado à Lei de Deus.
            O selamento é a obra em que Deus diferencia claramente aqueles que lhe pertencem em relação àqueles que escolheram espontaneamente não serem de Seu povo. O selo, portanto, é um sinal distintivo. Falando sobre a obra de Deus em distinguir o Seu povo, Ezequiel 20: 12 diz: “ Também lhes dei os meu sábados, para servirem de sinal entre mim e eles para que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica.” Nos versos 19 e 20, Ezequiel completa: “ Eu sou o Senhor, vosso Deus; andai nos meus estautos, e guardai os meus juízos, e praticai-os; santificai os meus sábados, pois servirão de sinal entre mim e vós para que saibais que eu sou o Senhor que os santifica.” Nesses textos, Ezequiel apresenta o sábado como um claro sinal distintivo entre Deus e Seu povo. Foi o mesmo Ezequiel quem apresentou o Espírito Santo como agente selador da lei no coração. No entanto, nos versos acima, o profeta destaca, da lei, um mandamento para funcionar especificamente como sinal entre Deus e Seu povo, sem, obviamente, desconsiderar os demais mandamentos como esclarece Ezequiel 20:19.
            O questionamento que surge, portanto, agora é: por que o quarto mandamento foi destacado por Deus para ser o selo distintivo entre Si e Seu povo? A resposta encontra-se no próprio quarto mandamento: “Lembra-te do dia de Sábado para o santificar. Seis dias trabalharás e fará toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou.” (Êxodo 20: 8 -11)
A imagem que é evocada com o tema do selamento é a de um proprietário de gado marcando seus animais, para diferenciá-los dos que não lhe pertencem. É por isso que o mandamento do sábado é tão importante nesse contexto, pois é o único entre os demais, que apresenta claramente o nome de Deus, (Senhor, teu Deus), o mandamento diz qual a jurisdição em que atua o Senhor, (os céus e a terra) e apresenta ainda Deus como o criador de todas as coisas. Esses dados presentes no quarto mandamento caracterizam efetivamente um selo, pois evidenciam plenamente quem é Deus, mostra quais são os “limites” de sua atuação e  garante que Deus é o dono de cada um de nós por ser o nosso criador. Assim, é explicada a escolha de Deus pelo quarto mandamento como Seu selo diferenciador sobre Seu povo. Só a atuação do Espírito Santo no coração permite esse reconhecimento do senhorio de Cristo, mesmo que tal atitude coloque o cristão na contramão do mundo.

GRANDE TRIBULAÇÃO

“Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são donde vieram? Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação,...” Apocalipse 7: 13-14
            O apóstolo continua descrevendo os salvos e, no texto acima, apresenta uma importante característica que será verificada na vida daqueles que estarão salvos por ocasião da volta de Jesus e que poderão suportar os eventos finais que antecedem a volta do Senhor.
            O texto revela que haverá na identidade do fiel povo de Deus o traço de ter sido perseguido. Naturalmente, essa perseguição é produto da obediência a Deus. “A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos, faz que lhes seja dada certa marca sobre a mão direita ou sobre a fonte, para que ninguém possa comprar ou vender senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome.” (Ap 13: 16 -17) O texto acima apresenta todas as classes de pessoas recebendo sob imposição a marca da besta. Esta imposição restringe a liberdade de comprar e vender para aqueles que rejeitam receber a marca sobre a mão direita (representando o trabalho) e sobre a fronte (representando a consciência), caracterizando assim uma real perseguição sobre os que se mantiverem fiéis a Deus, rejeitando a marca da besta.
            A pergunta que surge, então, nesse momento é: o que é a marca da besta? A resposta a essa questão será clara se entendermos que Satanás é o grande contrafator. Ou seja, se o selo de Deus é a obediência ao quarto mandamento, que se refere à observância do sábado, que é um dia da semana, a marca da besta precisa ser a obediência a um mandado que se refira a um dia, neste caso, o domingo. Apocalipse 14:8 diz: “Caiu, caiu a grande Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição.” O texto acima indica que a obra de Babilônia é prostituir as verdades apresentadas na palavra de Deus e isso é exatamente o que o catolicismo romano fez com lei de Deus, no que diz respeito ao quarto mandamento que requer a observância do sábado, modificando para o domingo (Dn 7:25). Conforme Apocalipse 13, essa mudança se tornará em um decreto dominical. Quando isso ocorrer, estará estabelecida a marca da besta. A aceitação da marca da besta resultará em  “benefícios” temporais humanos. Mas essa decisão determinará uma posição definitiva contra Deus, selando o destino dessas pessoas e atraindo sobre elas as sete e últimas pragas. “Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro.” (Apocalipse 14: 9-10) O texto esclarece que receber a marca da besta vai resultar em condenação por parte dos infiéis a Deus.
            Na sequência, agora se referindo, ao povo de Deus, o apóstolo João diz: “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” (Apocalipse 14:12) O termo utilizado para se referir aos cristãos é “perseverança”. Naturalmente, a não aceitação da marca da besta resultará em terrível perseguição contra o povo de Deus, mas a consciência de que estão seguindo a Palavra de Deus e que a provação que passam não pode ser comparada “com a glória a ser revelada em nós” (Rm 8: 18) está no foco da visão do remanescente de Deus. Outra certeza que o povo de Deus terá é a de que as pragas e a perdição eterna são muito piores, logicamente, do que a provação por causa da fidelidade a Deus pela qual passarão. Isso faz com que sejam perseverantes em guardar os mandamentos de Deus (porque estão selados pelo Espírito Santo) e continuem crendo em Jesus como seu salvador pessoal (Apocalipse 14:12).

SALVAÇÃO PELA FÉ

            A resposta à pergunta de um dos anciãos sobre quem são as pessoas vestidas de branco revela ainda outro aspecto. Diz ele: são os que “lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro.” (Apocalipse 7:14) Essa característica enfatiza a fé na graça de Deus como único meio de salvação e que, apenas aqueles que forem objetos do sangue do Cordeiro, poderão estar salvos por ocasião da volta de Jesus.
            A imagem que emerge nessa passagem é a da morte do cordeiro pascal. A páscoa foi instituída na ocasião da saída do povo de Israel do Egito, quando por causa da décima praga, os primogênitos de quem não tivesse o sangue do cordeiro nos umbrais da porta da casa, seriam exterminados. Nesse sentido, a páscoa foi o ato de o anjo destruidor saltar a casa na qual havia o sangue na porta.
            O texto de Apocalipse 7:14 diz que aqueles que estarão salvos por ocasião da volta de Jesus, ou seja, os únicos que poderão suportar o caos em que o mundo estará antes do retorno do Senhor, “lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro”, indicando que as pragas e a perdição final não alcançarão essas pessoas, pois elas têm a marca do sangue nos umbrais do seu coração.
O ato de lavar as vestes no sangue de Jesus remete ao perdão dos pecados que os remidos recebem de graça quando aceitam a salvação. A lavagem simboliza a remoção desses pecados e a possibilidade de ter nova vida. O texto acrescenta o fato de que as vestes foram alvejadas no sangue de Jesus. Essa imagem remete à purificação plena que o sangue de Cristo efetua na vida do crente. Isso sugere que a atuação de Deus no cristão não consiste em apenas perdoar-lhes os pecados, eliminando, assim o registro deles, mas também de transformar a vida da pessoa redimida de tal forma que não fique em seu caráter a mancha do pecado. Os que estarão salvos são aqueles que aceitam a salvação pela fé na graça de Deus e que permitem que seu caráter seja completamente transformado. Isso, no entanto, não implica impecabilidade ou uma blindagem plena contra o pecado, pois enquanto estivermos com nosso corpo corruptível estaremos sujeitos a pecar, mas implica que o sangue de Cristo produz contínuo crescimento na graça de tal forma que o caráter vai sendo gradativamente limpo das manchas do pecado.

CONCLUSÃO

            A pergunta desesperada que aprece no final do sexto selo (Apo. 6:17) é respondida claramente no capítulo sete de Apocalipse. Esse capítulo aparece como uma espécie de parênteses entre o sexto e o sétimo selo (volta de Jesus) para responder à pergunta feita no final do capítulo seis.
            A mensagem do capítulo sete é, portanto, uma mensagem de esperança para todos aqueles que desejam permanecer ao lado de Deus e receber a salvação eterna. O texto apresenta de maneira clara as características do fiel remanescente de Deus. O apóstolo lança mão de belíssimas imagens para ensinar que o povo de Deus será selado, será perseguido, mas que só estará salvo por causa do sangue de Jesus.
            O apóstolo evoca uma imagem pascoal: um cordeiro, cujo sangue é derramado para que alguém não morra. Para a pergunta “quem pode suster-se?” que se faz no final do capítulo seis de Apocalipse, a resposta definitiva é: aqueles que permitiram que o sangue do Cordeiro os perdoasse e os transformasse. Falando sobre o mesmo grupo que será salvo, Apocalipse 14:4 faz o seguinte comentário: “São eles os seguidores do Cordeiro por onde quer que vá.” Essa imagem é linda! Somente seguir a Jesus em todos os Seus caminhos poderá sustentar-nos nos terríveis momentos que o mundo passará em breve.
            O quadro que o final de Apocalipse seis apresenta é de desespero por conta do medo que os perdidos terão da ira do Cordeiro. No entanto, Apocalipse sete termina de maneira maravilhosa, descrevendo o estado perene de paz e conforto que os salvos usufruirão “pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima.” (Apocalipse 7:17)
            O mesmo Cordeiro apresenta-se de forma distinta nos dois capítulos: irado no final do capítulo seis e manso no final do capítulo sete. Naturalmente, os ímpios, porque rejeitaram a salvação oferecida de graça, se encontrarão com o Cordeiro irado, enquanto os salvos serão objeto da proteção e bondade do Cordeiro. A questão que surge nesse momento é séria e de resposta pessoal: de que forma a face do Cordeiro será revelada para nós, quando Ele voltar? O desejo de Jesus é salvar a todos e que ninguém peça aos montes que os escondam da “face daquele que se assenta sobre o trono e da ira do Cordeiro.” (Apocalipse 6:16)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Por que sou Adventista do Sétimo Dia?

Felippe de Amorim Ferreira


A pergunta tema deste texto deve ser motivo de profunda reflexão. Parece ser uma pergunta simples, mas não é. A resposta a esta pergunta está intimamente ligada com o destino eterno de quem responde.

Durante algum tempo de minha vida eu era adventista do sétimo dia por diversos motivos, nem um deles era o motivo pelo qual Deus espera que estejamos na igreja. Eu era adventista porque a maioria dos meus amigos estava nesta igreja, era adventista porque minha mãe me conduzia à igreja desde criança e isso virou um costume (agradeço a Deus por minha mãe ter feito isso). Outro razão que me levava a ser membro desta igreja é que nunca gostei de gritaria e barulho em cultos religiosos e nunca fui atraído por êxtases espirituais ou curas miraculosas. A igreja adventista era, portanto, a mais apropriada para que eu frequentasse. Estar desta maneira até me fazia um membro da igreja, mas não me fazia um cristão.

Louvo a Deus porque em um momento da minha história Deus conseguiu me alcançar e me mostrou o verdadeiro sentido de ser um adventista do sétimo dia.

A primeira coisa que Deus me ajudou a compreender foi o que significa o nome da minha igreja. Primeiro sou um adventista, ou seja, aguardo a volta de Jesus. Infelizmente, muitos, embora carreguem o nome, não vivem como quem aguarda o retorno de Jesus. Deus me fez compreender que preciso comer, me vestir, falar e fazer todo o resto das minhas atividades como se o Senhor retornasse hoje. Nunca devo retirar de minha mente a promessa “eis que venho sem demora” (Ap. 22:12).

A segunda parte do nome diz que sou “do sétimo dia”. A guarda do sábado bíblico precisa ser uma marca em minha vida. Devo ser um instrumento de Deus para resgatar o verdadeiro sentido da obediência aos dez mandamentos, especialmente do quarto (Ex. 20:4-8). Guardar e pregar o quarto mandamento é um dever meu como salvo por Jesus e membro desta igreja.

Outro motivo que me leva a fazer parte dessa igreja é a sua origem profética. Os adventistas não surgiram da briga entre dois líderes religiosos, mas como resultado do cumprimento exato das profecias de Daniel e apocalipse. Deus me ajudou a entender que esta igreja é parte do povo remanescente de Deus para os últimos dias e que este povo tem uma mensagem específica. Devemos pregar toda a Bíblia, mas nosso enfoque principal deve ser nas três mensagens angélicas (Ap. 14:6-12), pois elas serão a principal pregação daqueles que prepararão o planeta para a volta de Jesus.

Ser um adventista do sétimo dia também significa crer no dom de profecia dado a Ellen White. São muitos conselhos sobre diversos assuntos que devem receber de nós muita atenção, pois foram inspirados pelo mesmo Espírito que inspirou os autores bíblicos.

Ter o nome escrito no livro da igreja não nos faz cristãos, apenas nos torna membros de uma comunidade. Jesus não virá buscar membros de comunidades, Ele virá buscar Cristãos, ou seja, pessoas que o imitam e seguem seus ensinamentos. Louvo a Deus, pois, por Sua graça, me tornou genuinamente um ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA!