domingo, 16 de dezembro de 2012


Resiliência
Felippe Amorim


Ultimamente temos ouvido falar muito a palavra “resiliência”. Na igreja, nas empresas, nos consultórios médicos, sempre há alguém se referindo a ela.
Resiliência é um conceito oriundo da física, que se refere à propriedade de que são dotados alguns materiais, de acumular energia quando exigidos ou submetidos a estresse sem ocorrer ruptura” (Wikipédia).
Para entendermos melhor basta vermos alguns exemplos. O elástico é um material resiliente, você pode esticá-lo até o seu limite e depois ele retornará à sua forma original. Outro exemplo é a vara de salto em altura usada em eventos esportivos. Ela se dobra ao peso do atleta, mas logo que passa a tensão, ela volta à sua forma original. Ela é resiliente.
A psicologia se apropriou deste conceito e o aplicou às pessoas. Alguém resiliente seria uma pessoa com capacidade de sofrer pressão ou enfrentar problemas de forma sóbria e depois retornar ao seu estado anterior.  
O apóstolo Paulo sem dúvida é um bom exemplo de uma pessoa resiliente. Ele enfrentou duras provas ao longo da vida, mas não foi quebrado por nenhuma delas. Ele mesmo relata: Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas (2 Coríntios 11:24-28).
Ele suportou muito sofrimento em favor do evangelho, porém no final da vida o percebemos sóbrio e calmo mesmo diante da morte. As cartas da prisão nos dão uma boa ideia a respeito disso. Paulo escreveu a Timóteo: Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda (2 Timóteo 4:6-8).
É até difícil imaginar alguém condenado à morte estar tão tranquilo, afirmando que não está morrendo simplesmente, mas está sendo oferecido como oferta a Deus. Não se trata de sacrifício humano. Paulo apenas está dizendo que a vida dele pertence a Deus e se for necessário morrer por Ele, isso acontecerá.
Isso é resiliência. Depois de uma vida dura e diante da morte iminente, há tranquilidade. O que fazia de Paulo um homem resiliente? Podemos encontrar a resposta nesse texto escrito a Timóteo.

Consciência tranquila

Paulo nos dá um indício de como estava sua consciência para com Deus naquele momento. “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” (2 Timóteo 4:7). É perceptível que o apóstolo tinha uma consciência tranquila em relação aos seus deveres de cristão. Ele tinha feito tudo o que deveria fazer. Vale a pena analisarmos as três partes desta frase.
A vida cristã é um combate constante e Paulo sabia disso. Ela já havia afirmado: E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível (1 Coríntios 9:25). A própria preparação para o combate cristão é parte dele.
Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho (Filipenses 1:27). O Cristão também combate para manter a fé viva.  
Encontramos ainda outro aspecto do combate mencionado por Paulo: Mas, mesmo depois de termos antes padecido, e sido agravados em Filipos, como sabeis, tornamo-nos ousados em nosso Deus, para vos falar o evangelho de Deus com grande combate (1 Tessalonicenses 2:2). É o combate da pregação do evangelho. Temos um inimigo que tenta atrapalhar a todo custo, mas não podemos desistir da luta.
A vida tem ainda outros combates que algumas vezes travamos. São lutas para manter a família, para ser fiel, para se manter saudável etc. São lutas comuns a todos e que às vezes machucam e deixa cicatrizes.
Além de combater, Paulo diz que “acabou a carreira”. Ele está falando do percurso que Deus traçou para ele e para cada cristão que se coloca sob Suas mãos. Deus tem propósitos para nossa vida e os cumprirá se nós assim o deixarmos. “Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (Atos 20:24). Cumprir a missão dada por Deus, foi para isso que o apóstolo dedicou a vida.
Paulo completa essa parte do pensamento dizendo: “Guardei a Fé”. Mesmo diante das dificuldades, ele não vacilou na fé. Ele estava dizendo que diante de todas as provas enfrentadas ele esteve firme aos princípios divinos. “Cada cristão guarda "a fé" quando vive pessoalmente seus princípios. A sinceridade da fé de um cristão se mede pela amplitude com a qual reflete esses princípios” (CBA - eletrônico).
Diante do percurso da vida, Paulo sabia que tinha feito tudo o que deveria fazer e por isso estava com a consciência tranquila. Esse era o primeiro segredo da resiliência paulina.

Certeza da recompensa

A segunda faceta da capacidade de Paulo de suportar as provas relaciona-se com uma certeza que ele guardava em seu coração. Ele sabia que sua “coroa da justiça está guardada (2 Timóteo 4:8). Perceba que ele usa o verbo no presente, indicando a convicção que tinha.
Durante suas horas mais difíceis de luta pela fé, o esplendor da promessa de seu Senhor lhe deu esperança. Paulo não tirava os olhos daquele lugar lindo de tal forma que ele não conseguiu descrever: “as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam” (1 Coríntios 2:9).
Paulo sabia que a recompensa era maravilhosa e certa. Diante das adversidades e, muitas vezes, injustiças da vida, não podemos tirar os olhos da recompensa eterna. A visão da recompensa ajudava Paulo a resistir nas provas, a ser resiliente.

Amar a vinda de Cristo

Há um terceiro elemento importante no conjunto de fatores que contribuíram para a força de Paulo diante das provas. Ele escreveu que a recompensa seria dada “a todos os que amarem a sua vinda” (2 Timóteo 4:8).
O retorno de Cristo à Terra não é para ser aguardado apenas, é para ser amado. Há uma diferença significativa. Muitas vezes dizemos que aguardamos a volta de Cristo, mas vivemos como se Ele nunca fosse voltar. Quem ama a vinda dEle, espera ansioso todos os dias e trabalha para que aconteça o mais rápido possível.
Paulo sonhava com a volta de Jesus. Ele escreveu: Porque, se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, assim também aos que dormem, Deus, mediante Jesus, os tornará a trazer juntamente com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que já dormem. Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor. (I Tess. 4: 14 – 17).
            A vontade de ver Jesus era tão grande que Paulo falava dela como se fosse acontecer ainda enquanto ele estivesse vivo. Ele cria que seria ainda em sua geração e pregava assim. Quando o desanimo batia à porta, Paulo olhava para o céu e sentia o frescor da esperança da volta de Cristo. Isso o fazia resiliente.

Resiliência recebida

A resiliência de Paulo era fruto da fé nas promessas de Deus. Ele se torna um precioso exemplo para nós. Diz Ellen White: “Quase vinte séculos se passaram desde que o idoso Paulo derramou seu sangue em testemunho da Palavra de Deus e para testificar de Jesus Cristo. Nenhuma mão fiel registrou para as gerações vindouras as últimas cenas da vida deste santo homem; a inspiração, porém, nos preservou seu testemunho ao morrer ele. Como o clangor de uma trombeta, sua voz tem repercutido através de todos os séculos, enrijando com sua coragem milhares de testemunhas de Cristo, e despertando em milhares de corações, feridos pela tristeza, o eco de sua alegria triunfante: "Eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo de minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a Sua vinda." II Tim. 4:6-8”. (Atos dos Apóstolos, 513).
Todos enfrentamos problemas. Constantemente somos dobrados pelas provas, apertados pelas aflições da vida, postos no fogo das tentações. Assim como um elástico, muitas vezes somos provados até o limite das nossas forças. É assim no mundo de pecado, infelizmente.
Aqueles, no entanto, que, como Paulo, tiverem consciência tranquila do dever cumprido, certeza da salvação em Cristo e amor por sua vinda, passarão pelos problemas e não sofrerão danos. A pressão da vida não modificará a sua fé, não diminuirá sua alegria, não moverá seus olhos do Salvador. Deus dá a quem quiser a capacidade de suportar e superar os problemas.
Talvez você esteja precisando agora de resiliência divina. O Senhor que a deu a Paulo e que na cruz nos deu o maior exemplo de resiliência da história, pode dá-la a você agora. Peça e você receberá, Ele prometeu. 

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012


 
Palavras de Confiança
Três frases para serem copiadas por todo cristão


Algumas pessoas deixam marcas pelo que fazem, outros ficam marcados na história pelo que cantam, há ainda outros que são marcados pelo que falam.
Há frases célebres que nos fazem lembrar imediatamente do seu autor. Não tem como não vincular a frase “I have a dream” (eu tenho um sonho) ao corajoso e determinado Martin Luter King. Esta frase sem dúvida o marcou. Sócrates disse “Conhece-te a ti mesmo” e muitos se lembram dele por estas palavras. O filósofo francês Voltaire cunhou uma frase repetida muitas vezes: “não concordo com o que dizes, mas defendo até a morte o direito de o dizeres”. O estadunidense Benjamin Franklin teve suas sábias palavras projetadas na história: “Ser humilde com os superiores é uma obrigação, com os colegas uma cortesia, com os inferiores é uma nobreza”. Sem dúvida estas frases ajudaram a estas pessoas a entrarem para a história.
Na Bíblia encontramos muitas frases lindas. Sem dúvida, as melhores e mais significativas frases. São as melhores talvez não pela plástica de suas construções, mas porque são frases que envolvem salvação. Gostaria de destacar três frases que deveriam ser motivos de meditação e cópia para cada cristão.

Jó: “Ainda que ele me mate, nele esperarei” (Jó 13:15 - NVI)

A história de Jó é uma das mais lindas e significativas da Bíblia. Também uma das minhas preferidas. Ele é descrito como alguém integro, reto, temente a Deus e que se desviava do mal.
Sem dúvida, Jó é um homem admirável. Um pai de família respeitado e de sucesso, pois, a Bíblia descreve sua família unida, os seus filhos sempre se encontrando em banquetes (v. 4).
Nos negócios ele era muito bem sucedido, a ponto de ser descrito como o mais rico do oriente (v. 3). Essa riqueza toda foi adquirida de forma honesta e justa. Essa é, resumidamente, a descrição inicial de Jó no livro que leva seu nome.
Um dia, no entanto, em um lugar muito distante da casa de Jó, seu destino foi alterado drasticamente. Depois de desafiar a Deus, satanás conseguiu a permissão para tocar nos bens, na família e depois na saúde de Jó.
Não sou pai, mas já vi alguns pais perderem seus filhos para a morte e foram cenas de indescritível dor. Imagina então alguém perder dez filhos de uma só vez. Que sofrimento! Os bens, perto desta perda, são quase irrelevantes.
Precisamos relembrar algumas coisas importantes. Deus não inflige o mal sobre o homem, mas se ele permite, há um propósito. Contudo, o mal vem exclusivamente de satanás. Jó, porém, não entendia muito bem isso naquele momento. E, sob as acusações dos amigos de sofrer as consequências de seus pecados, atribuía todo seu sofrimento a Deus. Jó realmente pensava que era Deus quem o estava castigando.
No meio do sofrimento sua confiança irrestrita em Deus não se abalou. Foi neste contexto que ele disse uma frase célebre: Ainda que ele me mate, nele esperarei (Jó 13:15 - NVI). Mesmo pensando que era Deus quem lançara sobre ele o problema, não fraquejou. A confiança de Jó não estava baseada no que ele recebia de Deus, estava baseada em quem era Deus. A decisão deste homem era ficar unido a Deus mesmo que nunca mais recebesse uma bênção sequer.
Se nossa confiança em Deus estiver vinculada à ausência de problemas, nunca estaremos prontos para confiar nEle. Porém, Jó nos dá um exemplo a ser seguido, ele diz: Ainda que ele me mate, nele esperarei (Jó 13:15 - NVI) e completa:  Eu sei que o meu Redentor vive (Jó 19:25). Que Frases! Que confiança! Que exemplo!

José – Como eu pecaria contra Deus? (Gn. 39:9)

            A história de José é outra dessas muito conhecidas e apreciadas pelos leitores da Bíblia. Ele era o filho mais querido do seu pai e isso era publicamente demonstrado pelos presentes que ele ganhava.
            Além desses privilégios familiares, ele também tinha privilégios espirituais. Cedo se mostrou com o dom profético ao receber revelações de Deus. Seus sonhos eram um vislumbre do futuro da família.
            Novamente encontramos um “porém” na vida feliz de um ser humano. José foi vendido como escravo pelos seus próprios irmãos. Foi rebaixado e injustiçado. Tinha todas as razões para abandonar a Deus, pois, aparentemente, tinha sido abandonado por Ele. Mas, mesmo sem entender o que acontecia, decidiu permanecer firme em Deus.
            Um dia, enquanto fazia seus trabalhos de escravo, foi submetido a uma tentação. A mulher de seu chefe o convidou para um adultério. Não havia ninguém na casa além dos dois. Pelos menos ninguém visível e José sabia disso.
Na hora da tentação ele falou uma linda Frase: Como eu pecaria contra Deus? (Gn. 39:9). Que frase! Ela expressa um grande exemplo de fidelidade na tentação. José poderia ter-se revoltado contra Deus por tudo o que acontecera com ele e cair em pecado, mas ele decidiu se manter fiel mesmo sem motivos aparentes para isso. Aliás, os servos de Deus não precisam de motivos para ser fiéis.
O que José tinha era o senso da presença constante de Deus e isso o fazia ser tão seguro em sua posição. Ellen White comenta: “Se acalentássemos uma impressão habitual de que Deus vê e ouve tudo que fazemos e dizemos, e conserva um registro fiel de nossas palavras e ações, e de que devemos deparar tudo isto, teríamos receio de pecar. Lembrem-se sempre os jovens de que, onde quer que estejam, e o que quer que façam, acham-se na presença de Deus. Parte alguma de nossa conduta escapa à observação” (Patriarcas e Profetas, 217). Onde quer que estejamos, em qualquer momento, inclusive agora, estamos ao alcance dos olhos do Criador.

 Paulo – Eu sei em quem tenho crido (2 Tm 1:12)

            Paulo escreveu a maior parte do Novo Testamento. Foi um homem que dedicou os melhores anos de sua vida à pregação do evangelho. Ao longo de sua trajetória passou por muitos sofrimentos por causa do evangelho. Ele mesmo listou alguns deles.
“Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas (2 Coríntios 11:24-28).
Sem dúvida foi uma vida de desgaste pelo evangelho. Paulo merecia uma aposentadoria tranquila depois de uma vida tão atribulada. Mas não foi isso que aconteceu. No final de sua vida, cansado e maltratado pelo trabalho, em vez de uma tranquila aposentadoria, ele foi preso e condenado à morte.
Na prisão, onde muitos desanimam e perdem as forças, Paulo pronuncia uma das mais significativas frases de sua vida: “Eu sei em quem tenho crido” (2 Tm 1:12). Emociona-me esta frase! Este servo de Deus poderia estar reclamando com o céu por não ter a recompensa de uma vida de dedicação missionária. Mas, ao contrário disso, ele demonstra uma esperança inabalável em todos os momentos. Mesmo injustiçado pelos homens, ele não tirava os olhos de Jesus. Seu coração fervia de esperança.
Eu sei em quem tenho crido. Estas foram as palavras escolhidas por Ellen White para findar a sua jornada na Terra e ir descansar enquanto espera pelo retorno de Jesus. Assim como Paulo, mesmo tendo diante de si a morte, a esperança fervia em seu coração.

Fruto do relacionamento com Deus

            Estes três homens (Jó, José e Paulo), eram seres humanos iguais a nós. Com as mesmas possibilidades de pecar e de ser santificado. Mas atravessaram a vida e conseguiram uma jornada espiritual vitoriosa a ponto de nos deixarem três preciosas pérolas da fé.
            Suas vitórias espirituais não aconteceram por acaso. Jó, por exemplo, tinha uma intensa vida de comunhão com Deus. A Bíblia diz que “terminado um período de banquetes, Jó mandava chamá-los e fazia com que se purificassem. De madrugada ele oferecia um holocausto em favor de cada um deles, pois pensava: "Talvez os meus filhos tenham lá no íntimo pecado e amaldiçoado a Deus". Essa era a prática constante de Jó” (Jó 1:5- NVI).
            Constantemente Jó estava nas madrugadas buscando a presença do Pai, estava em constante comunhão. É por isso que na hora da prova ele pôde dizer: Ainda que ele me mate, nele esperarei.
José não foi diferente. Mesmo escravo e em terra distante e pagã, não perdeu seu contato com Deus. A Bíblia diz que “O Senhor estava com José, de modo que este prosperou e passou a morar na casa do seu senhor egípcio” (Gen 39:2- NVI). Essa ideia foi repetida em Gênesis 39:21 e 39:23. Ele estava constantemente com o Senhor.
O apóstolo Paulo estava tão intimamente ligado com Cristo que foi capaz de dizer: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2:20- NVI). Foi essa ligação que permitiu tamanha fé na hora da morte.

Resultado da confiança

Embora não devamos confiar em Deus e entregar nossa vida a ele esperando receber algo em troca (o mais importante já foi ganho, a salvação), Deus recompensou a confiança desses homens.
Nossos personagens receberam muito em troca de sua entrega irrestrita. No final de seu sofrimento, Jó pôde dizer: Meus ouvidos já tinham ouvido a teu respeito, mas agora os meus olhos te viram (Jó 42:5- NVI). A tribulação provocou nele uma comunhão mais íntima. Algo aparentemente impossível aconteceu, dada a descrição inicial do livro. Jó conseguiu ficar mais íntimo de Deus dentro do problema do que ele já estava antes.
Além disso, ele recuperou tudo em dobro, inclusive os filhos, pois recebeu mais dez e os que morreram estão dormindo e aguardando a ressurreição. Naquele dia, Jó terá filhos em dobro também.
José não foi escravo a vida inteira, algum tempo depois seu pai recebeu a seguinte notícia: “José ainda está vivo! Na verdade ele é o governador de todo o Egito". O coração de Jacó quase parou! Não podia acreditar neles” (Gênesis 45:26- NVI). Deus honrou a fidelidade de José colocando-o nos altos cargos egípcios.
A recompensa de Paulo não foi dada a ele ainda, mas ele morreu na esperança de que sua coroa estava guardada. Ele disse: Todavia, como está escrito: "Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam"; (1 Coríntios 2:9 - NVI). Morreu na esperança da volta de Jesus e de receber o maior prêmio que um ser humano poderá receber, a vida eterna.
Talvez hoje você esteja passando por problemas e não tenha explicação para isso e precise falar como Jó no meio do sofrimento: Ainda que ele me mate, nele esperarei (Jó 13:15). Quem sabe está passando por momentos de fortes tentações e precise falar como José: Como eu pecaria contra Deus? (Gn. 39:9), ou talvez foi castigado pela vida e não recebeu a recompensa por todo o esforço que fez e necessite falar como Paulo: Eu sei em quem tenho crido (2 Tm 1:12). Use as frases desses grandes homens, mas, acima de tudo, apegue-se ao Deus desses grandes homens, Ele cuidará de você.





domingo, 4 de novembro de 2012


Morto porque quis!
Felippe Amorim


Este texto tem um público-alvo bastante selecionado. Não foi escrito para qualquer pessoa. Se você não se encaixar nas pessoas para as quais esse texto está direcionado, por favor, pare de ler.
Estas linhas são apenas para pecadores. Pessoas que carecem da graça perdoadora de Deus. Quem não tem pecados e, portanto, não precisa de perdão, pode parar de ler agora. Mas se você pecou alguma vez na vida e precisa do perdão de Deus, não pare de ler. Aqui há uma mensagem do céu para você.

A condição do Homem

A Bíblia apresenta, em sua antropologia, qual a condição do homem após a primeira queda. O apóstolo Paulo nos diz que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23) e completa o pensamento dizendo que “o salário do pecado é a morte”(Rm 6:23).
É isso mesmo, a condição mais íntima do homem é a condição de condenado à morte. Segundo o que lemos, TODOS são pecadores e necessitam da glória e graça de Deus. É interessante a expressão usada por Paulo. Ele diz que o “salário” é a morte.
Quando você trabalha o mês inteiro e no final dele seu salário é depositado, você provavelmente não fica pensando que seu chefe lhe fez um tremendo favor depositando o salário. E isso não é pensado porque o salário não é um favor que empresa te concede, você merece o salário que está ganhando porque trabalhou para isso.
É assim também em relação aos seres humanos quando se trata da morte. Ela não é nada mais e nada menos do que o que nós merecemos. Aliás, a única coisa que nós podemos ter no âmbito espiritual por merecimento é a morte.
O salmista reconheceu que a situação da humanidade é muito difícil. Ele escreveu: “Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá? Mas contigo está o perdão, para que sejas temido” (Salmo 130: 3 e 4).  Se Deus fosse considerar à risca cada um dos nossos pecados e levá-los em conta para a salvação, então ninguém conseguiria herdar a vida eterna. Ninguém! Se Deus pedisse conta dos pecados cometidos, ninguém escaparia da condenação.
O tamanho da dívida que cada ser humano tem com o céu foi ilustrado na parábola do credor incompassivo. Na história o primeiro devedor estabelece a relação entre Deus e o ser humano e o segundo entre o ser humano e seu próximo.
A dívida do primeiro homem, portanto, é uma ilustração da nossa para com Deus. Lemos que “o reino dos céus é comparado a um rei que quis tomar contas a seus servos; e, tendo começado a tomá-las, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos;” (Mt. 18: 23 e 24).
Considerando os valores da época, dez mil talentos correspondem a aproximadamente 166.000 anos de trabalho de um trabalhador comum. Jesus exagerou na numeração exatamente para demonstrar o quão grande e impagável é a dívida que temos com Deus. A situação humana é irremediável, a menos que tenha uma intervenção de alguém maior que este problema.

A disposição de Deus para perdoar

Deus misericordiosamente intervém na situação humana e se mostra disposto a perdoar. Mas, para que o perdão seja algo efetivo na vida do cristão são necessários alguns passos. Deus estabeleceu em Sua palavra qual a parte do cristão no processo de perdão:
1.      Confiar na graça.
Sempre se faz necessário lembrar aos seres humanos que nada do que recebemos do céu está baseado no nosso merecimento. Qualquer bênção recebida é uma expressão da graça maravilhosa de Deus que é capaz de alcançar pessoas como nós. O perdão, portanto, é fruto da misericórdia de Deus. Nossa dívida é impagável, como já vimos, portanto dependemos da graça maravilhosa de Cristo
2.      Confessar
Outro requisito necessário no processo de perdão é confessar os pecados. Deus não perdoa uma pessoa que não reconhece sua necessidade de perdão.
Quando Davi passou por um doloroso processo de perdão, após cometer uma série de pecados ele falou: Confessei-te o meu pecado, e a minha iniquidade não encobri. Disse eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado (Sl 32:5).
O apóstolo João confirma a confissão como passo imprescindível para o perdão do pecador. Ele diz: Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça (1 Jo. 1:9).
Confessar o pecado deve ser um ato específico. Muito oram pedindo perdão de forma generalizada. A oração “perdoa-nos pelos nossos pecados” é bastante adequada quando feita em público, pois não seria conveniente a exposição perante os outros dos nossos pecados. Mas quando estamos em nossa oração particular é importante que sejamos específicos. Nomeie os pecados, isso ajudará até no processo de auto perdão (também muito importante, já que muitos são perdoados por Deus, mas não se perdoam).
O texto de João também nos apresenta o ideal de Deus para nós: não pecar. Isso nos leva a pensar que o perdão que Deus nos estende está ligado diretamente aos pecados acidentais. É assim que o pecado deve se apresentar na vida do cristão. Não há nenhum ser humano que não peque, a diferença do cristão verdadeiro é que ele não programa o pecado, acontece por acidente. Para este tipo de pecado, há perdão garantido.
3.      Perdoar aquele que nos ofendem
Por alguma razão, Deus deixou seu perdão para conosco vinculado ao perdão que nós estendemos aos nossos pares. Jesus deixou isso bem claro quando disse: Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas (Mt. 6: 14 ,15).
Sem dúvida esta afirmação de Cristo é uma tremenda responsabilidade para nós. Considerando que todas as pessoas carecem de perdão e se não forem perdoadas estão na situação de perdidos, então perdoar àqueles que nos ofenderam é uma questão de salvação. Se alguém não perdoa a outro que o fendeu, então Deus não o perdoa e se Deus não o perdoa, então esta pessoa está condenada à morte eterna.
4.      Abandonar o pecado.
O perdão de Deus não é uma autorização para pecar. Pelo contrário, quando Jesus nos perdoa ele recomenda  que não pratiquemos mais aquele pecado. Não podemos nos aproveitar da misericórdia de Deus para viver no erro. Paulo deixou isso claro quando escreveu: Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça?  De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele? (Rm 6: 1,2).
5.      Um resumo dos requisitos
Há muitos textos na Bíblia que falam sobre o perdão. O que está em 2 Crônicas 7:14 faz um bom resumo dos requisitos para o perdão, está escrito: e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.
            Os passos deste texto são: Humilhar, orar, buscar e converter. Há um elemento aqui que gostaria de destacar: a oração. Ela antecede o perdão pelos pecados. Quando pecamos temos uma sensação de que não adianta orar, o inimigo quer nos convencer disso, mas é nesse momento que devemos orar. Deus está aguardando nossa oração para nos dar mais uma chance.

Exemplos que confortam o coração

A Bíblia nos apresenta pessoas que foram perdoadas de pecados terríveis. A seguir veremos três exemplos de como Deus pode perdoar até o mais cruel dos pecadores se ele se arrepender do que fez.
O primeiro exemplo é uma das mais impressionantes histórias de perdão da Bíblia. Algumas pessoas falam que o Deus do antigo testamento é mais cruel e duro que o do novo testamento. Essa teoria cai por terra quando lemos a história do rei Manassés e descobrimos o tamanho da misericórdia de Deus para com ele.
Em 2 crônicas 33 lemos uma incrível descrição do quão longe este rei foi no caminho do pecado. O relato nos diz que Manassés levantou altares a baalins e postes-ídolos e os serviu (v. 3), profanou o templo de Deus (v. 4 e 5), sacrificou os próprios filhos (v. 6), fez feitiçaria e similares (v.6). Essa sem dúvida é uma descrição assustadora de um homem completamente afastado do céu. Há um detalhe a mais que torna a cena ainda pior. O texto bíblico afirma que Manassés fazia essas coisas para provocar a Deus (v.6). Diante dos olhos humanos não há mais esperança para alguém assim, mas não diante de Deus.
Logo depois da descrição dos terríveis pecados do rei, lemos o seguinte: Pelo que o Senhor trouxe sobre eles os comandantes do exército do rei da Assíria, os quais prenderam Manassés com ganchos e, amarrando-o com cadeias de bronze, o levaram para Babilônia. E estando ele angustiado, suplicou ao Senhor seu Deus, e humilhou-se muito perante o Deus de seus pais; sim, orou a ele; e Deus se aplacou para com ele, e ouviu-lhe a súplica, e tornou a trazê-lo a Jerusalém, ao seu reino. Então conheceu Manassés que o Senhor era Deus (2 crônicas 33: 11-13).
Que relato impressionante! Mesmo depois de desafiar a Deus com pecados tão graves, Manassés foi alcançado pela graça. Podemos perceber no relato que não houve um prazo grande para que Deus analisasse se iria ou não perdoar o rei. Deus havia mandado o juízo para que o coração do pecador fosse tocado e imediatamente depois da confissão e humilhação de Manassés veio o perdão e a restauração de Deus. Que consolo para nós! Se Manassés pôde ser perdoado, também há perdão para nós.
A segundo história que quero compartilhar é a de outro rei de israel. O grande rei Davi. Em 2 Samuel 11 está relatado uma série de pecados que ele cometeu. Cobiça, adultério, mentira, assassinato e por quase um ano ele tentou esconder seu pecado. Mas o nosso amoroso Pai celestial não deixou Davi ficar naquela situação.
Assim como fez com Manassés, enviou um instrumento através do qual despertou em Davi a sua real situação. O profeta Natã contou uma história para Davi e o fez cair em si. Então o perdão aconteceu: Então disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor. Tornou Natã a Davi: Também o Senhor perdoou o teu pecado; não morreras (2 Sm 12:13). Perceba que o perdão veio imediatamente após a confissão. Deus está sempre pronto a nos perdoar.
A terceira história que quero compartilhar está no novo testamento. É o relato da mulher pecadora em João capítulo oito. A Bíblia diz que ela foi apanhada em flagrante adultério e, portanto, era claramente culpada. Apesar disso estava arrependida e o único que tinha autoridade para condená-la disse: Nem eu te condeno; vai-te, e não peques mais (Jo. 8:11). Perdão imediato novamente e recomendação para o abandono do pecado.
Não há dúvidas de que nosso pai celestial está sempre disposto a nos perdoar. Depende mais de nós do que dEle. Se nos arrependermos e confessarmos sinceramente, o perdão será imediato em nossa vida.



O preço do perdão
Às vezes temos a tendência de pensar que todo esse perdão é de graça. Engano! O perdão é de graça para nós. Mas alguém pagou o preço. Um alto preço.
Deus, ao estabelecer as leis cerimoniais, mostrou uma representação de qual seria o preço do perdão. “Assim fará com o novilho; como fez ao novilho da oferta pelo pecado, assim fará a este; e o sacerdote fará expiação por eles, e eles serão perdoados (Lev. 4:20). O cordeiro deveria morrer para que houvesse perdão. Nos serviços simbólicos do antigo testamento estava esboçado o preço do perdão. O apóstolo Paulo afirma que “sem derramamento de sangue não há remissão”(Hb 9:22). Sangue seria o preço pelo perdão, mas não qualquer sangue. Um dia na cruz do calvário Jesus bradou “está consumado”(Jo. 19:13), ou seja, está pago! Foi o sangue de Jesus derramado na cruz que nos possibilitou o perdão.
Paulo ratifica esta ideia: Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo (Ef. 4:32). Deus em Cristo nos perdoou e nos perdoa a cada dia. Não tem como não amar e ser grato a um Deus assim. O salmista reconhecia isso ao afirmar que deveríamos louvar ao Senhor porque “é ele quem perdoa todas as tuas iniquidades, quem sara todas as tuas enfermidades” (Salmo 103:3).

Morto porque quis.

Conta-se uma história de um condenado à morte no velho oeste dos EUA. Aquele homem havia se envolvido numa briga de bar e acabou matando um homem. Por causa disso estava no corredor da morte esperando o dia da execução. A população da cidade resolveu pedir ao governador do Estado para perdoá-lo.
Depois de analisar o caso, o governador resolveu conceder o perdão, mas queria conhecê-lo antes. Colocou a carta de perdão dentro de uma Bíblia, se disfarçou de pastor e foi à prisão. Quando chegou à cela daquele homem, portando a carta que o livraria da morte, foi mal recebido e veementemente rejeitado. Mesmo assim insistiu dizendo para o preso que tinha dentro daquele livro algo muito bom, mas o condenado não o recebeu. Quando o governador foi embora, o carcereiro falou ao preso o que ele havia perdido.
No dia da execução, o condenado pediu para pronunciar suas últimas palavras e então disse: “Não estou morrendo por matei um homem, estou morrendo porque rejeitei o perdão”. É assim também em relação ao reino de Deus. Ninguém se perderá porque pecou, mas sim porque rejeitou o perdão de Deus.
“Quem é comparável a ti, ó Deus, que perdoas o pecado e esqueces a transgressão do remanescente da sua herança? Tu, que não permaneces irado para sempre, mas tem prazer em mostrar amor. De novo terás compaixão de nós; pisarás as nossas iniquidades e atirarás todos os nossos pecados nas profundezas do mar” (Mq. 7:18-19). O perdão de Deus é garantido a todos os que O buscam.
Sou muito grato a Deus por seu amor que me alcança e que pode alcançar a qualquer pessoa deste planeta com perdão e salvação. Resta-nos aceitar o perdão de Deus e viver uma vida de gratidão a Ele.





quarta-feira, 17 de outubro de 2012



Deus em três atos
Felippe Amorim

Cremos em um Deus triuno. Esta é uma das mais importantes verdades bíblicas. Qualquer desvio dessa crença pode causar prejuízos tremendos para o cristão individualmente ou/e para a igreja.
            “Há um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, uma unidade de três Pessoas coeternas. Deus é imortal, onipotente, onisciente, acima de tudo, e sempre presente” (Crença nº 2 da IASD). As provas da triunidade de Deus estão espalhadas por toda a Bíblia. Basta um estudo atencioso e honesto para comprovarmos isso.
            Nenhum dos três foi criado ou está em situação de subordinação em relação ao outro. Como diz o enunciado da crença lido anteriormente, são pessoas coeternas (Pai, Filho e Espírito Santo) formando um só Deus. Não adianta tentarmos entender como isso é possível, nossa mente não chegaria tão longe. Devemos aceitar, no entanto, as evidências.
            Por ocasião do batismo de Jesus, Deus foi mostrado em sua triunidade. Lemos assim: E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo (Lucas 3:22). Pai Filho e Espírito Santo, os três estão nessa cena.
            Em alguns episódios (como o anterior) a trindade apresenta-se junta. Em outros momentos individualmente. Encontramos na Bíblia três momentos que revelam bem o Deus triuno. Como em um grande filme, Deus revela-se através dos tempos. Vamos destacar três atos dessa linda história.

Ato 1: Criação

            No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas (Gênesis 1:1-2).
            Sob a Liderança de Deus, o Pai, e tendo como agente da criação o Filho, tudo foi criado de forma maravilhosa. No original hebraico, a palavra Deus do verso anterior é Elohim. É uma palavra plural. Ela está se referindo a mais de uma pessoa, portanto, no primeiro verso da Bíblia já encontramos uma evidência inequívoca sobre a multiplicidade da divindade. O verso dois, por sua vez, fala claramente sobre a presença do Espírito naquele momento. A trindade já se faz presente no início do relato sagrado.
            Há mais evidência em Gênesis: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra” (Gênesis 1:26).
O texto está todo no plural mostrando que a criação foi obra em conjunto de mais de uma pessoa divina. A pluralidade é uma característica clara da divindade.
O ato criativo de Deus carrega ensinamentos em cada um de seus aspectos. Na criação Deus mostra sua capacidade de Produzir a partir do nada. O aspecto criador de Deus nos garante que Ele pode pegar uma matéria sem forma e vazia e transformar em um lindo planeta com todas as condições para a vida. Isso é confortador para nós, pois, muitos seres humanos estão internamente como a Terra estava, sem forma e vazios. São vidas destruídas pelo pecado que se forem colocadas nas mãos do Criador poderão ser transformadas em valiosas obras de arte. Na Criação, Deus é revelado como o Todo-Poderoso Triuno.

Ato 2: Calvário

O segundo ato que podemos destacar do “filme” da redenção é o Calvário. Neste ato o Filho está em destaque, embora percebamos a presença do Pai. Enquanto estava pregado na Cruz, Jesus se referiu a Ele: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes” (Lucas 23:34). Se Jesus e o Pai não fossem pessoas diferentes, como alguns dizem, Jesus estaria falando com ele mesmo. Isso é ridículo doutrinariamente. O diálogo da cruz é mais uma referência à pluralidade da divindade.
No calvário aconteceu o evento central na história dos seres humanos: a morte do Salvador. Lemos assim: “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras;” (Mateus 27:50-51).
Esse ato de Deus é o motivo que leva os pecadores a ter esperança. A morte de Jesus nos traz vida em abundância. Para deixar bem claro o que acontecia naquela cruz o véu do templo se rasgou. Deus estava indicando o fim dos sacrifícios no Templo terrestre, pois o cordeiro de Deus havia morrido (Jo. 1:29). A justiça divina havia sido satisfeita. Estava pago o preço pelo resgate dos pecadores.
Esta é uma cena que precisa ser lembrada todos os dias. “Far-nos-ia bem passar diariamente uma hora a refletir sobre a vida de Jesus. Deveremos tomá-la ponto por ponto, e deixar que a imaginação se apodere de cada cena, especialmente as finais. Ao meditar assim em Seu grande sacrifício por nós, nossa confiança nEle será mais constante, nosso amor vivificado, e seremos mais profundamente imbuídos de Seu espírito” (O desejado de todas as nações, 83). No calvário Deus é revelado como aquele que Resgata. Como o redentor do mundo.

Ato 3: Pentecostes

O terceiro ato do nosso “filme” é o pentecostes. Nesta cena o Espírito Santo está em destaque. Ele foi enviado para continuar a obra iniciada por Jesus, enquanto o Filho iria para sua obra sacerdotal no santuário celestial.
Em Atos 2: 2 - 4 lemos o seguinte relato: E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”.
Este é um relato do Espírito Santo atuando na vida dos fiéis, distribuindo o dom necessário para aquela ocasião. A terceira pessoa da Trindade é o protagonista deste episódio.
Muitos têm se desviado dos ensinos bíblicos e negado a personalidade de Espírito Santo. Afirmam que ele seria apenas uma força ou influência vinda de Deus, mas não é isso que a Bíblia nos apresenta.
Em Atos 5:3 e 4 lemos: “Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus” (Atos 5:3-4).   
A afirmação que retiramos destes versos é clara: O Espírito Santo é Deus. Ananias e Safira não poderiam mentir para uma força ou para uma influência. Só se mente para um ser que possui personalidade.
Encontramos diversas passagens na Bíblia que descrevem atributos pessoais do Espírito Santo, provando, sem deixar margens para dúvidas, que Ele é uma pessoa da trindade, não uma força ou qualquer outra coisa parecida.
Neste terceiro ato de Deus o encontramos agindo nas pessoas de forma mais direta. Distribuindo seus dons. Gálatas 5: 22 e 23 nos mostra o que o Espírito Santo deseja fazer em nós. “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei”. Ele quer fazer brotar em nós o seu fruto para transformar o cristão, para ajudar a cumprir a missão de Deus e para restaurar mais filhos dEle. No Pentecostes, portanto, Deus é revelado como o capacitador. Aquele que dotará os homens das qualidades necessárias para que eles sejam tudo quanto Deus deseja que sejam.

A cena Final: A (Re)criação

Criador, Redentor e capacitador são três importantes aspectos do Deus Triuno. Porém, toda boa história tem um grande momento final onde o bem definitivamente vence o mal. Nós não poderíamos terminar esta reflexão sem mencioná-lo.
A trindade está envolvida no plano da redenção e o objetivo desse esforço em conjunto é um retorno, todos querem levar o homem de volta ao Éden. O último ato de Deus será a (Re)criação. Quando ele cumprirá a promessa: “E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus (Apocalipse 21:1-3).
O Deus triuno voltará ao primeiro ato e fará a (re)criação. Assim será revelado todo o Seu amor definitivamente. Somente naquele momento poderemos desfrutar do que descreve Ellen White: O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro está purificado. Uma única palpitação de harmonioso júbilo vibra por toda a vasta criação. DAquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até ao maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeito gozo, declaram que Deus é amor (Grande Conflito , 678).