segunda-feira, 2 de abril de 2012

Três motivos para Morrer

Felippe Amorim


A morte sempre foi e sempre será algo estranho para o ser humano. Nenhuma pessoa em sã consciência busca a morte para si. Até quem comete suicídio, geralmente, está em um estado mental em que não avalia bem as suas ações.

Não há dúvida que se pudéssemos evitar a morte o faríamos com todas as nossas forças. A ciência todos os dias busca fórmulas de prolongar o período de vida dos seres humanos e alguns cientistas mais ousados até buscam desenvolver o “elixir da juventude eterna”.

A verdade é que nenhum ser humano tem a capacidade de prolongar um minuto sequer de sua vida.

Há muito tempo atrás passou por este planeta um ser humano muito especial. Ele foi o único humano que tinha a capacidade de evitar a própria morte. Jesus Cristo poderia escolher não morrer, mas ele tinha bons motivos para optar pela morte. A Bíblia nos apresenta três motivos que levaram à morte de Cristo.



Hostilidade dos líderes nacionais judeus



            O primeiro motivo foi a hostilidade dos líderes religiosos de sua época. Eles não admitiam a “concorrência” de Jesus. Em vários momentos percebemos que eles estavam prontos a assassinar o Mestre.

            Em Marcos 3:6 lemos assim: “Retirando-se os fariseus, conspiravam logo com os herodianos, contra ele, em como lhe tirariam a vida (ARA)”.

            Os fariseus observavam Jesus em uma sinagoga, mas não estavam interessados em aprender com Ele. Queriam algum motivo pelo qual poderiam acusa-lo. Jesus curou a mão ressequida de um homem e muitos ficaram impressionados com Seu poder e decidiram segui-lo, mas, ao invés de os fariseus saírem da sinagoga renovados espiritualmente, saíram para planejar um assassinato. O coração duro dos fariseus apenas continha ódio contra Cristo.

            Outro episódio que nos mostra a intenção dos líderes judaicos em relação a Cristo está registrado em Lucas 4:16-30. Novamente Jesus estava na sinagoga, dessa vez o Senhor estava lendo e explicando as escrituras para os presentes. Muitos estavam ali, mas com o coração longe de Deus. Isso nos leva a pensar que estar na igreja não significa estar salvo. É preciso estar na igreja e em harmonia com Cristo.

            Nesse episódio Jesus apresenta-se como cumprimento das profecias messiânicas de Isaías, mas ao invés de alegria, aquela mensagem gerou sentimentos de incredulidade nas pessoas e Jesus as repreendeu com dois exemplos: Elias e a viúva de Sarepta e Naamã o general curado da lepra através de Eliseu. Dois estrangeiros que tiveram mais fé que os nativos do povo escolhido.

            Com o coração endurecido o povo não aceitou a repreensão de Cristo. “E, levantando-se, expulsaram-no da cidade e o levaram até ao cimo do monte sobre o qual estava edificada, para, de lá, o precipitarem abaixo” (ARA) (v. 29).

O ódio dos líderes judaicos era um forte indício de que Jesus morreria em pouco tempo.



Estava de acordo com as escrituras



            A vida de Jesus Cristo é um exemplo de submissão à palavra de Deus. Tudo o que Ele fez e faz está de alguma forma relacionado com as Escrituras Sagradas. Desde criança ele gostava de tratar dos negócios do Pai (Lc. 2:49).

            O segundo motivo que fazia da morte de Jesus um evento certo e próximo eram as evidências textuais. Ele sabia o que as escrituras diziam a respeito de sua morte e o fazia feliz cumprir este propósito.

            Diversas vezes Jesus menciona sua disponibilidade em cumprir a vontade de Deus. Em Marcos 14:21 Jesus disse: “Pois o Filho do Homem vai, como está escrito a seu respeito; mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido!” (ARA).

          Encontramos outra autodeclararão de morte em Lucas 24:25,26: “Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?” (ARA). No mesmo evangelho no capítulo 22:37 há outra declaração: “Pois vos digo que importa que se cumpra em mim o que está escrito: Ele foi contado com os malfeitores” (ARA).

Não poderíamos deixar de fora o capítulo 53 de Isaías, pois, sem dúvida, é o que melhor retrata o sofrimento e o propósito da morte de Cristo.

Portanto, o testemunho das escrituras a respeito do ministério de Cristo era outro motivo para que ele tivesse certeza de Sua morte.



Ele escolheu morrer



Os dois motivos apresentados anteriormente não são tão fortes e determinantes quanto o terceiro: Jesus escolheu morrer. Esta é uma expressão que deveria nos fazer parar para pensar. Jesus tinha a opção de não morrer, mas por amor a cada ser humano, do mais consagrado ao mais profano, ele decidiu sofrer a pior morte. “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc. 19:10 - ARA).

            Outra linda declaração está em Marcos 10:45: “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (ARA).

            Jesus gostava de servir e o maior serviço que Jesus prestou à humanidade foi morrer. Nós estávamos sequestrados, reféns de Satanás, mas Jesus nos resgatou com seu sangue. Sem dúvida, foi o maior serviço já prestado à humanidade.

            Tenho, porém, um batismo com o qual hei de ser batizado; e quanto me angustio até que o mesmo se realize! (Lc. 12:50 - ARA). Este é um importante versículo, pois nos ajuda a perceber que toda esta disponibilidade de Cristo para morrer não era sem sofrimento. Mas mesmo diante do medo da morte (estranha à natureza humana de Cristo), Ele se dispunha a submeter-se a ela.

Jesus “escolheu uma vida de sofrimento, uma ignominiosa morte e, da maneira apontada pelo Pai, tornar-Se-ia o governador legítimo dos reinos da Terra, tendo-os nas mãos como possessão para sempre”. (EGW. Deserto da Tentação, 65).

“O divino Filho de Deus deixou o trono do Céu e por nós deu a Sua vida, tornando-Se pobre por nossa causa. Revestiu Sua divindade com a humanidade. Agora, em retribuição, está você disposto a negar o eu e seguir seu Salvador? Ah, não desperdice os poucos momentos que lhe restam, buscando honras humanas e perdendo assim o precioso privilégio da vida eterna! (EGW. Manuscrito 40, 1886).

“Cristo foi tratado como nós merecíamos, para que pudéssemos receber o tratamento a que Ele tinha direito. Foi condenado pelos nossos pecados, nos quais não tinha participação, para que fôssemos justificados por Sua justiça, na qual não tínhamos parte. Sofreu a morte que nos cabia, para que recebêssemos a vida que a Ele pertencia. "Pelas Suas pisaduras fomos sarados." Isa. 53:5. (EGW. O Desejado de Todas as Nações, 25).



Gratidão por tão grande favor



Depois de analisarmos tudo isso a única atitude diante de tanto amor deve ser uma gratidão irrestrita. Merecíamos a morte, mas recebemos a vida e ainda temos o privilégio de termos uma comunhão plena com Ele. “Pela Sua vida e morte, Cristo operou ainda mais do que a restauração da ruína produzida pelo pecado. Era o intuito de Satanás causar entre o homem e Deus uma eterna separação; em Cristo, porém, chegamos a ficar em mais íntima união com Ele do que se nunca houvéssemos pecado. (EGW. O Desejado de Todas as Nações, 25). Para nós, resta viver uma vida de obediência em resposta ao amor tão grande de Cristo!

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