terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Com o foco no lugar certo

Felippe Amorim
                                              
Não gosto muito de despedidas. Geralmente são momentos tristes. Como pastor, já tive que me despedir algumas vezes de pessoas queridas. Não é fácil!
Em momentos de despedidas geralmente são faladas algumas palavras de carinho para quem vai e para quem fica. Geralmente, o discurso de despedida é composto de palavras bem escolhidas e de conselhos importantes.
Jesus também teve que se despedir dos seus amigos. Gostaria de destacar um momento de despedida de dEle. Está registrado assim: E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. (Atos 1:9).
Os discípulos tinham vivido três anos inesquecíveis com Cristo. Foram momentos de muita emoção. Tiveram medo quando o barco estava para afundar, ficaram assustados com Jesus andando sobre o mar. Tiveram momentos de felicidade quando Jesus multiplicou os pães. Viveram momentos de repreensão quando ouviram de Jesus: deixai vir as crianças. Foram muitos momentos emocionantes.
Nenhum, no entanto, se igualava àquele momento da despedida. Jesus separou ensinos importantes para aquele derradeiro momento juntos.

Consertando o foco

Os discípulos estavam preocupados com a coisa errada. Diz a Bíblia: Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel? (Atos 1:6).
Os discípulos ainda estavam preocupados com o reino terrestre. Infelizmente, não haviam ainda compreendido completamente a natureza do Reino de Deus. Estavam com foco errado. Pensavam no evento errado e preocuparam-se demais com o tempo.
Nós muitas vezes também temos o foco errado. Por exemplo, colocamos o foco no pecado, não na comunhão com Deus que nos ajuda a não pecar. Colocamos o foco nos problemas do amanhã, não na busca diária da presença de Deus (Mt. 6:33). Focamos mais as coisas, e esquecemos as pessoas. Essas coisas são comuns entre os seres humanos.
Jesus como sempre faz tudo para nos ajudar e não foi diferente com os discípulos naquele momento. Jesus respondeu: E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder (At. 1:7).
Os discípulos perguntaram sobre o tempo e Jesus deu uma resposta que poderia ser dita de outra forma: Não interessa. Em outras palavras era isso que o Senhor estava dizendo. Há coisas que são exclusividade de Deus, o tempo é uma delas.
Muitas pessoas vivem se preocupando com o dia da volta de Jesus. Alguns se excedem e até arriscam um cálculo. Há algum tempo entrei em contato com uma senhora que anunciava um cálculo para o dia da volte de Jesus. Segundo ela, Jesus voltaria no ano 2050. Não tive muito interesse em saber como ela chegou àquela data. O que sei é que, embora afirmasse que usou a Bíblia nos seus estudos, ela pulou o texto de Atos 1:7 na sua leitura bíblica. Neste verso Jesus é bastante claro quanto à questão de datas. Nunca deu certo marcar datas para a volta de Jesus. Ao longo da história muitas pessoas se decepcionaram ao fazê-lo. Jesus, no entanto, não deixou os discípulos sem rumo. Após indicar o erro, o Senhor também indicou o caminho que eles deviam seguir. O foco não poderia estar na data.

Onde deve estar o foco

            Atos 1:8 começa com a partícula adversativa MAS, indicando que o que será falado é uma ideia contrária ao que vinha sendo falado.
A primeira ideia contrária à preocupação com a data é: recebereis poder. Poder aqui é a tradução da palavra grega Dínamus. A mesma raiz da palavra dinamite. O poder que Jesus nos oferece é um poder que abala as estruturas espirituais do planeta. Precisamos colocar nossa preocupação em sermos cristãos fortes. Mas de onde vem esta força? Quando recebermos este poder?
O texto responde: Quando descer sobre vós o Espírito Santo. O foco do cristão deve estar na busca do Espírito Santo. Tem muita gente tão preocupado com a data da volta de Jesus que se esquece da preparação. A preparação está intimamente ligada à busca do batismo do Espírito Santo.
`Cristo declara que nosso Pai celestial está mais disposto a conceder o Espírito Santo àqueles que O pedirem, do que os pais terrestres a dar presentes aos seus filhos` (Review and Herald, 26 de agosto de 1890).
A Bíblia nos apresenta algumas condições para sermos batizados com o Espírito Santo. É importante que as conheçamos. Acompanhe:

1 - Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos. (Atos 1:14)
A Oração é um requisito básico para quem quer ser batizado pelo Espírito Santo. Precisamos orar mais e melhor.

2 - Chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar. (Atos 2:1)
A unidade é outro requisito básico para quem quer receber o batismo do Espírito Santo. Deus não dará esta bênção para um povo desunido.

3 - Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos? (1 Coríntios 6:19).
            Considerando que o corpo é o templo do Espírito Santo, não poderemos receber esta bênção a menos que nosso corpo esteja saudável o suficiente para recebê-la. A reforma de saúde é pré-requisito para o batismo do Espírito Santo.

4 - Depois de orarem, tremeu o lugar em que estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a palavra de Deus. (Atos 4:31)
            A disposição para anunciar as boas novas de salvação é outro requisito para receber o batismo do Espírito Santo. A pregação do evangelho está ligada intimamente ao Espírito Santo.

O efeito do Espírito Santo

            Algumas pessoas confundem o batismo do Espírito Santo com gritaria, êxtase e confusão de línguas, mas não é isso que a Bíblia apresenta. Os efeitos são outros. Atos nos diz que ao recebermos o Espírito Santo: Sereis minhas testemunhas.
Deus não precisa de defesa, não precisa de advogados, Deus quer que sejamos testemunhas. O maior sinal de batismo do Espírito Santo é a vontade de testemunhar. E o que é uma testemunha? Testemunha é alguém que fala do que viu. Portanto, ser testemunha de Jesus é falar dEle. E, claro, precisamos vê-lo todos os dias através das escrituras sagradas para sermos fieis testemunhas.
Aonde devemos ser testemunhas? Primeiro em Jerusalém. Jerusalém era a casa dos discípulos. Este é o lugar mais difícil de ser um cristão. Em casa não usamos máscaras. O cônjuge e os filhos é quem sabe realmente quem somos. O lugar mais difícil do mundo de ser um cristão é em casa. Se não somos cristãos em casa, não adiante sermos em outros lugares.
O próximo lugar a ser uma testemunha é na Judeia e Samaria, ou seja, na vizinhança e, então, até os confins da Terra.
Está claro que o foco dos cristãos não deve estar na data em que Jesus voltará, deve estar na consagração pessoal e na pregação do evangelho.

Decidindo mudar o foco

            Faz alguns meses perdi tragicamente um amigo. Viajando em uma das rodovias brasileiras, seu carro colidiu com outro veículo e ele teve morte imediata. Fiquei pensando sobre a brevidade e a fragilidade da vida.
Tenho plena esperança de que meu amigo dormiu no Senhor. Ele tinha muita preocupação com a consagração pessoal e a pregação do evangelho. Ele estava com o foco no lugar certo.

Talvez seja a hora de você também corrigir seu foco espiritual. Não coloque seu foco nas coisas matérias, não coloque o foco na data da volta de Cristo. Ponha seu foco na busca pelo Espírito Santo e na missão que Deus nos deu. Assim, no dia da volta de Jesus, você estará preparado para passar a eternidade com o Senhor.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013



Inexperiência Superada
 Pr. Felippe Amorim
Graduado em teologia pelo SALT-IAENE
Pós-graduado em docência universitária
Pastor do IAESC - ANC


Quando eu estava no terceiro ano da faculdade de teologia, tive aulas com um grande professor. Ele era um exemplo para todos os alunos, gostávamos de ouvi-lo. Um dia ele nos contou um pouco do início do seu ministério.
Ele enfrentou algumas dificuldades nos primeiros anos de ministério.  Por ter chegado muito jovem no distrito acabou ouvindo frases preconceituosas como a de um ancião que falou: O que esse menino tem a nos ensinar?
O professor nos contou que aquela frase ao invés de coloca-lo para baixo, o motivou a se preparar melhor ainda para ganhar o respeito dos irmãos. No final do período em que esteve naquele distrito, depois de muita dedicação aos estudos, visitas e orações, ele foi homenageado e reconhecido como um dos melhores pastores que já haviam passado por ali. A dificuldade com a idade foi superada pela aplicação ao trabalho.
Muitos jovens pastores (tanto na idade quanto no tempo de ministério) têm enfrentado problemas parecidos. Por chegarem muito inexperientes nas igrejas são recebidos com muito receio pelos líderes. Timóteo sofreu isso e Paulo o ensinou a superar essa dificuldade.
Paulo escreveu: Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem (1 Timóteo 4:12-16).
Timóteo não era um adolescente, ele já servia a Paulo como assistente fazia uns quinze anos. A questão é que, na cultura da época, qualquer pessoa em idade de serviço militar (até quarenta anos) era considerada jovem demais para o ministério. Os Cânones apostólicos, inclusive, estabeleciam que ninguém poderia ser bispo antes dos cinquenta anos. Timóteo, portanto, sentiu na pele o que muitos jovens ministros sentem hoje, uma resistência por parte do mais velhos. Os conselhos de Paulo, porém, o ajudaram a superar esta fase.

Desafio para os jovens ministros


É natural que a igreja olhe com desconfiança para um pastor inexperiente. O pastor deve aconselhar, deve ensinar e, quando necessário, repreender e os jovens de hoje, de maneira geral, não cumprem esse papel com tanta facilidade.
Existe um agravante. Pessoas mais velhas, às vezes, não aceitam ser ensinadas ou repreendidas por jovens. Alguns não aceitam e permanecem em silêncio e outros partem para as críticas. Paulo ensinou que Timóteo deveria silenciar as críticas com sua conduta. A Bíblia NVI traduz assim o início do conselho: Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem (1 Timóteo 4:12). O jovem pastor pode ser respeitado, mas há uma parte dele nesse processo. Por isso, vale a pena prestarmos atenção aos sete conselhos de Paulo a Timóteo.

1 - Seja um exemplo

            A primeira atitude do pastor que quer ser respeitado (seja ele experiente ou não) é tornar-se padrão dos fieis. Paulo está falando de exemplo. Certa vez li uma frase que dizia: Palavras convencem, exemplos arrastam. Um bom exemplo é um dos mais fortes argumentos, por isso os pastores inexperientes devem ensinar pelo que falam, mas, principalmente, pelo que fazem.
O jovem pastor não consegue ser um exemplo de experiência, mas, tem toda possibilidade de ser um exemplo em outras áreas e o texto bíblico as expõe. A primeira é na palavra. O jovem precisa se preocupar com o seu modo de falar, com a linguagem que usa. Embora seja novo, não precisa ter uma linguagem carregada de gírias e expressões que o caracterize mais como um qualquer e menos como um pastor. É lógico que não estou dizendo que uma linguagem rebuscada vai fazer que alguém seja respeitado, mas é preciso que o jovem pastor seja coerente em sua linguagem no púlpito e fora dele.
A segunda área em que ele deve ser um exemplo é no procedimento, ou seja, no seu modo de viver. Sua família deve dar exemplo e seus procedimentos na igreja também devem ser exemplares. Para os jovens pastores a consulta constante do manual da igreja, por exemplo, ajudará muito nos procedimentos administrativos e a oração ajudará muito nos procedimentos cotidianos do trabalho.
A próxima área apresentada por Paulo na qual o pastor deve ser um padrão é no amor. Tenho um amigo pastor que gosta de dizer a seguinte frase: Nada resiste ao amor. Isso é uma verdade. Paulo alertou sobre isso. Nesse texto ele fala do amor ágape, o amor incondicional. Só quem tem esse tipo de amor por Deus e pelo ministério consegue superar as críticas e dificuldades que aparecerão e foi assim que Timóteo superou a crítica dos mais velhos. Os jovens pastores que seguirem este caminho também poderão superar.
A terceira área em que o jovem ministro deve ser padrão é na fé. Essa fé é a indestrutível fidelidade a Deus, custe o que custar. Os jovens pastores precisam manter a fé mesmo quando estão sendo criticados como Timóteo.
Paulo fala ainda que devem ser padrão na pureza. Nesse texto devemos entender pureza como o cumprimento cuidadoso das questões religiosas. Quando Plínio informava a Trajano a respeito dos cristãos em Bitínia, escreveu-lhe: "Costumam não jurar, não cometer furtos, nem roubos, nem adultério; não faltar a sua palavra; não negar uma promessa que se têm feito quando são chamados a responder por ela". Esse tipo de pureza faz com que pessoas de qualquer idade respeitem o ministro de qualquer idade.

2 - Aplica-te à leitura

            O segundo conselho diz respeito à leitura. Originalmente esse conselho trata da Bíblia e de sua leitura pública feita costumeiramente nas igrejas da época de Paulo. Ele está enfatizando a importância de que a Palavra de Deus seja a fonte do assunto do culto. As pessoas vão à igreja para ouvir a Bíblia não a opinião do pastor. Ser especialista em Bíblia dará autoridade ao jovem pastor.
            Podemos, no entanto, aplicar este conselho a outras leituras. Quero amplia-lo dizendo que os pastores precisam ser homens de leitura. Outros livros precisam ser degustados pelos pregadores.

Os pastores devem dedicar tempo à leitura, ao estudo, a meditar e orar. Devem enriquecer o espírito com conhecimentos úteis, aprendendo de cor porções das Escrituras, traçando o cumprimento das profecias, e aprendendo as lições que Cristo deu a Seus discípulos. Levai um livro convosco para ler enquanto viajais de ônibus, ou esperais na estação da estrada de ferro. Empregai todo momento vago em fazer alguma coisa. Assim fechar-se-á, a milhares de tentações, uma porta eficaz. (Obreiros Evangélicos, 279)

A leitura de bons livros ajudará o jovem pastor (e os mais experientes também) a terem mais conteúdo nos sermões, a escreverem melhor e, inclusive, a falarem melhor. É a partir da leitura que terão argumentos sobre assuntos que os mais velhos já conhecem por causa dos anos que viveram a mais.

3 - Exortação

Outra prática que ajudará jovens pastores a serem respeitados por suas igrejas é a exortação. Exortar nesse texto tem o sentido de confortar, incentivar, admoestar. Ou seja, Paulo está falando do que conhecemos hoje como aconselhamento pastoral.
É preciso que o pastor esteja próximo de suas ovelhas e a visitação é um excelente método para que isso aconteça. A visitação vai ajudar os membros mais velhos a conhecerem o pastor e, consequentemente, irão respeita-lo por isso. Mesmo que a visita seja para repreender deve ser feita sem medo. A juventude não deve impedir que o ministro repreenda quem está errado. É preciso, no entanto, ter coragem de fazer isso no púlpito e nas casas. Nesse ponto muitos terão que brigar consigo mesmo para evitar a busca pela popularidade e manter-se concentrado no seu trabalho e na vontade de Deus.

4 – Ensino

O ensino é um dos dons do Espírito listados em 1 Co. 12:28. Isso quer dizer que essa característica, de forma especial, será colocada no pastor quando ele está em comunhão com Deus. Mais do que conhecimento é preciso dedicar tempo para estar mais perto do Senhor.
Depois de estar preparado espiritualmente para exercer a função do ensino é preciso estar intelectualmente preparado para isso. O jovem pastor que pregar sermões com um conteúdo significativo ganhará o respeito de todos. Como diz o comentarista bíblico: Em nenhuma Igreja pode existir uma fé duradoura sem um pregador que ensine (Barcley). Além de ensinar na igreja, o pastor deve ensinar nas casas e também ensinar com o exemplo.

5 - Não ser negligente com o dom

Ser pastor é mais que uma escolha pessoal, é uma escolha de Deus. Por isso precisamos honrar o chamado que recebemos. Fazer valer cada centavo que a igreja investe no ministério. Os jovens ministros devem trabalhar aproveitando a força e a disposição do início do ministério.
Infelizmente, alguns pastores, perdem a noção de que o nosso patrão não é o presidente da associação ou união, prestamos conta do nosso trabalho para Deus e ele está todo o tempo do nosso lado para nos ajudar, mas também, presenciando os momentos em que deveríamos trabalhar, mas acabamos nos ocupando com coisas supérfluas. Ser responsável com o dom que recebeu de Deus ajudará os jovens pastores a ganharem o respeito da igreja.

6 - Meditação e diligência

Esse dois conselhos abrangem os aspectos internos e externos enfatizando o  equilíbrio que deve haver na vida do ministro. Meditação é algo interno, mas a diligência aparece no dia a dia.
 Meditar é ponderar, gastar tempo planejando, gastar tempo orando. Meditar é pensar. Isso parece simples e óbvio, mas, às vezes, o pastor entra em um ritmo tão frenético (os pastores iniciantes podem acabar entrando nesse ritmo por acharem que se não tiverem um número impressionante de batismo serão mal vistos pela associação) que não separam tempo para pensar.
O teólogo Barcley diz que: `O grande perigo do líder cristão é a preguiça intelectual e a mente fechada. O perigo de que se esqueça de estudar e permita que seu pensamento corra por caminhos gastos. O perigo de que nunca saia da órbita de um número limitado de ideias favoritas. O perigo de que as novas verdades, os novos métodos, o intento de reafirmar a fé em termos contemporâneos simplesmente o irritem e chateiem. O líder cristão deve ser um pensador cristão, ou fracassará em sua tarefa; e ser um pensador cristão é ser um aventureiro do pensamento durante toda a vida`.
Diligência diz respeito a aplicação que se tem no trabalho. Não trabalhamos para homens, repito, e devemos lembrar que o cristianismo é a verdade em ação, por isso, os pastores devem estar em constante ação.

7 - Ter cuidado de si mesmo e da doutrina

A sequência que é apresentada nesse conselho é importante. Primeiro o pastor deve cuidar de si mesmo. Deve cuidar de sua vida espiritual, deve cuidar de sua família e deve cuidar de sua saúde.
Uma das maiores tentações do pastor é estudar a Bíblia apenas para fazer sermões. Os pastores precisam estar alimentados para depois oferecer comida para as suas ovelhas. Também não será produtivo cuidar da família dos outros e esquecer-se da sua própria família. Uma família bem estruturada levará muitos a respeitarem mais o jovem pastor.
Cuidar da saúde também é muito importante. Tenho um colega que trabalhou tanto no primeiro ano de ministério que adoeceu gravemente e chegou a correr risco de morte. O diagnóstico do médico em relação à sua doença foi esgotamento físico. Sem saúde o pastor jovem não conseguirá alcançar o respeito necessário de sua igreja. O Lazer é uma parte importante do ministério.
Depois que o pastor cuidou de si, então ele pode cuidar da doutrina. Deve ter zelo pelos princípios, respeito às normas locais e, mais que isso, ser um promotor das doutrinas bíblicas, pregando-as no púlpito.


 Promessas para jovens pastores


            Se os jovens pastores seguirem os conselhos do experiente apóstolo Paulo, não enfrentarão, por muito tempo, críticas por causa da sua idade. Logo os mais velhos da igreja começarão a respeita-lo sem mais darem importância à sua data de nascimento.

O texto de Paulo tem algumas promessas que poderíamos também chamar de consequências para aqueles que aplicarem na vida os seus sete conselhos. Paulo garante, em nome de Jesus, que o progresso do jovem pastor será manifestado a todos (v. 15) e também que o ministro salvará a si mesmo e aos seus ouvintes (v. 16). Seguir os conselhos Bíblicos é segurança para os jovens pastores, para sua família e para a igreja. Assim como Timóteo, os pastores jovens que seguirem os conselhos de Paulo terão muito sucesso no trabalho e o respeito de todos em sua igreja.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Como se Faz um Pastor
(publicado na Revista Ministério set-out/2013)
 Felippe Amorim

Durante os quatro anos em que estive no seminário de teologia, escutei muitas vezes a frase “fui chamado”. Eu mesmo falei isso várias vezes. Essa é uma frase comum nos seminários de Teologia.
Não há nenhum problema em pronunciar tais palavras, desde que elas sejam verdadeiras. Ser chamado por Deus para o ministério pastoral é um requisito básico para quem quer seguir este caminho, além disso, uma vida pastoral destituída de um chamado feito por Deus será triste e melancólica. O trabalho será sempre pesado e enfadonho, porque não haverá alegria no trabalho.
O grande pregador e pastor Charles Spurgeon disse certa vez: “O fato de que centenas perderam o rumo e tropeçaram num púlpito está patenteado tristemente nos ministérios infrutíferos e nas igrejas decadentes que nos cercam. Errar na vocação é terrível calamidade para o homem, e, para a igreja sobre a qual ele se impõe, seu erro envolve aflição das mais dolorosas (O chamado para o ministério. Pg. 8) Ninguém será feliz de verdade no ministério pastoral se não tiver convicção da vocação colocada dentro de si por Deus.

 O chamado dá sentido ao ministério

            Quando Cristo ascendeu ao céu, providenciou uma forma de não ficarmos desamparados aqui na Terra. Ele enviou o Consolador, o Deus Espírito Santo, o qual escolhe como distribuirá os seus dons.
“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores (Ef. 4:11). O texto é claro, Deus é quem escolhe alguns para ser pastores.
Ser pastor, portanto, é mais que uma escolha, é vocação. “Ser pastor sem vocação é como ser membro professo e batizado sem conversão. Nos dois casos há um nome e nada mais” (C.H. Spurgeon. O chamado para o ministério. Pg. 9).  
Certa vez um teólogo foi indagado por um jovem sobre a sua vontade de seguir a vida ministerial e a resposta do experiente teólogo foi: “não entre no ministério se puder passar sem ele”. Há muita sabedoria nesta frase. Se no coração há mais opções além do ministério, então, pode ser que não haja uma certeza do chamado. O ministério é para quem não se vê fazendo outra coisa.
Sempre foi Deus quem chamou seus pastores. No passado encontramos alguns exemplos. O profeta Isaías foi chamado por Deus para o ministério. Antes, no entanto, de efetivamente começar a trabalhar recebeu de Deus o privilégio da visão que está relatada no capítulo seis do seu livro. É nesse contexto que encontramos o seguinte: “Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim. Disse, pois, ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis (Is. 6: 8-9).
O chamado do profeta Jeremias é outro exemplo de como Deus escolhe, chama e capacita seus pastores. Ele disse para o profeta: “Antes que eu te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre te santifiquei; às nações te dei por profeta” (Jer. 1:5). 
 Encontramos ainda o chamado do profeta Ezequiel. Deus disse para ele: “Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel, às nações rebeldes que se rebelaram contra mim; eles e seus pais têm transgredido contra mim até o dia de hoje” (Eze. 2:3). Mais uma vez encontramos Deus escolhendo e chamando alguém para pastorear o seu povo.
O próprio Deus falou pelo profeta Jeremias: “e vos darei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e com inteligência” (Jer. 3:15). Deus escolhe, conhece e capacita a todos aqueles que Ele designa para o ministério.
O pastor C.H. Spurgeon, depois de anos de experiência, estabeleceu quatro sinais da vocação ministerial com os quais ele avaliava os jovens que demostravam interesse pelo pastorado.
1        Desejo intenso e absorvente de realizar a obra
2        Aptidão para ensinar e outros atributos para o ofício do instrutor público
3        Que aconteçam algumas conversões como fruto do seu esforço
4        Que a sua pregação seja aceitável ao povo.
Certamente essas são características que estarão presentes na vida de todos aqueles que receberam o chamado de Deus. É, no entanto, a certeza do chamado que dá sentido a tudo que fazemos enquanto pastores. Deus providencia as habilidades que são necessárias.

O chamado nos lembra da responsabilidade do ministério

A Bíblia fala dos cristãos e especialmente dos pastores como embaixadores de Cristo (2 Co. 5:20). Essa figura é bastante significativa para os ministros do evangelho. Primeiro porque alguém só se torna embaixador se o convite for feito pelo governo que ele representará. Segundo, o embaixador vive no país estrangeiro como se estivesse no país de origem, inclusive o território da embaixada é considerado um pedaço do país que a embaixada representa.
Outra função atribuída aos cristãos e que se torna potencializada para os pastores é a de despenseiros (1 Co. 4:1). O despenseiro é alguém autorizado a cuidar dos bens do nomeador, uma espécie de administrador. No entanto, ninguém se nomeia despenseiro, ele sempre é nomeado. Experimente nomear-se despenseiro de um rico e começar a negociar com os bens dele. Logo descobrirão suas intensões e cortarão seus privilégios.
Tanto o embaixador, quanto o despenseiro são nomeados por Deus. Não escolheram a função, foram escolhidos. É assim com os pastores, eles foram escolhidos por Deus para representar o reino de Deus na Terra e para cuidar dos bens de Deus que são as pessoas, a igreja, sua família e o seu próprio corpo.
Receber de Deus o privilégio de atuar no ministério deve nos fazer valorizar a vida que temos. Certamente não seremos ricos, mas teremos todas as nossas necessidades supridas pela igreja de Deus. Devemos lembrar-nos de exercer com responsabilidade a função que Deus nos confiou. “A obra de Deus não deve ser malfeita ou realizada relaxadamente. Quando um pastor entra num campo, deve trabalhá-lo completamente. Ele não deve ficar satisfeito com seu êxito, enquanto não puder, mediante diligente trabalho e a bênção do Céu, apresentar ao Senhor conversos que possuam um genuíno sentimento de sua responsabilidade, e que farão a obra que lhes é designada” (Obreiros Evangélicos, 369).
A consciência do chamado de Deus deve também fazer nos preparar melhor a cada dia para a nossa função. Não podemos esquecer que o aspecto intelectual é importante, mas o primeiro aspecto dessa preparação é a parte espiritual. “Os ministros de Deus devem chegar a um íntimo companheirismo com Cristo, e seguir Seu exemplo em todas as coisas - em pureza de vida, abnegação, benevolência, diligência, perseverança” (Obreiros Evangélicos, 31).
Deus, através de sua mensageira, nos adverte ainda: “Há necessidade de homens de fé, que não somente preguem, mas ajudem ao povo. Homens que andem diariamente com Deus, que tenham viva ligação com o Céu, cujas palavras tenham o poder de levar convicção aos corações (Obreiros Evangélicos, 31).
A responsabilidade espiritual do pastor é gigantesca. “Lembrai que a falta de consagração e sabedoria de vossa parte poderá fazer pender a balança para uma alma, levando-a à morte eterna. Não vos podeis permitir descuido nem indiferença. Precisais de poder, e este, Deus está disposto a vos conceder sem restrições (Obreiros Evangélicos, 35).

O Chamado nos dá a certeza da recompensa

Deus nunca pediu nada de nós sem que nos tivesse dado algo antes. Quando Ele pede a dedicação de alguém para o ministério, Se responsabiliza pela capacitação e cuidado de todos os que se colocam em suas mãos.
Além de capacitar e de cuida, Deus também recompensa. Em um texto escrito de maneira especial para os pastores, o apóstolo Pedro faz uma promessa divina: “E, quando se manifestar o sumo Pastor, recebereis a imarcescível coroa da glória” (1 Pe. 5:4).
Não há dúvidas de que todos que estão no céu depois da volta de Cristo desfrutarão de uma imensa felicidade. Acredito, no entanto, que a felicidade dos pastores que lá estiverem será um tanto quanto especial. Fico imaginando os pastores recebendo muitos abraços de membros gratos por terem sido guiados no caminho certo.

Imagino ainda o Supremo Pastor Jesus Cristo fazendo mais um chamado para os seus co-pastores.  Dessa vez um chamado para contemplar o fruto de tantos anos de esforço, suor e lágrimas. Um mar de pessoas levadas a Cristo por meio de um ministro comprometido com o chamado feito por Deus. Vale a pena valorizar o chamado recebido de Deus e viver uma vida de dedicação à salvação dos outros.

domingo, 25 de agosto de 2013

Até que a morte os separe
Lições da família de Adão e Eva


            Existem duas instituições criadas por Deus no Éden que persistem até hoje. Uma delas é o sábado como dia separado por Deus para adoração. Mesmo com tantos ataques sofridos ao longo dos séculos, o dia de guarda não foi esquecido pelos cristãos que estão dispostos a seguir o que a Bíblia diz.
            A outra instituição criada no Éden que persiste até hoje é o casamento. Tanto quanto o sábado, o casamento vem sofrendo com os ataques do inimigo de Deus, mas, assim como o sábado, o casamento persiste e é mantido por todos aqueles que se submetem à palavra eterna.
            O primeiro casamento foi instituído e realizado por Deus. Ele criou e Ele espera que nós respeitemos esta instituição sagrada. Neste texto vamos aprender algumas lições úteis para os casamentos modernos com o casamento de Adão e Eva.
           
Não é bom que o homem esteja só

Tudo que Deus criou era perfeito. Nem uma sombra de mal havia em toda a Terra até então. Com o seu ato criativo Deus quis ensinar lições para nós. Vamos observar o trecho da Bíblia que descreve os momentos finais da semana literal da criação, focando sobre o casamento de Adão e Eva.
“E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele” (Gênesis 2:18).
Embora tudo fosse perfeito, ainda faltava algo para que ficasse completa a criação. O “não bom” era referência ao fato de ainda faltar algo. Havia uma coisa "não boa” na criação perfeita. O “não bom” era o fato de o homem estar só.
Isso me chama muito a atenção. Adão estava na companhia de todos os animais, dos próprios anjos e poderia ter a presença de Deus face a face, mesmo assim, ainda sentia falta de algo. A companhia de Deus e dos anjos não era suficiente para Adão. “O homem não foi feito para habitar na solidão; ele deveria ser um ente social. Sem companhia, as belas cenas e deleitosas ocupações do Éden teriam deixado de proporcionar perfeita felicidade. Mesmo a comunhão com os anjos não poderia satisfazer seu desejo de simpatia e companhia. Ninguém havia da mesma natureza para amar e ser amado”[i].
Também me chama a atenção o fato de que, embora Deus soubesse que o homem sentiria falta da mulher, Deus deixou o homem sentir falta primeiro para só então cria-la. Essa foi a estratégia de Deus.
Adão recebeu de Deus a incumbência de dar os nomes aos animais (v. 19-20). Fico tentando imaginar Adão nomeando cada par e cada vez que ele acabava de nomear percebia que todos os animais tinham uma companheira, mas ele estava sem ninguém que fosse igual. Deus sabia que o homem precisava da mulher, mas deixou que o homem percebesse isso. Mesmo em um estado perfeito o homem é incompleto sem a mulher. Essa é uma realidade que os homens precisam internalizar, aceitar e desfrutar todos os dias.

A criação da Mulher

            Adão sentiu muito a falta de uma companheira e Deus logo completou seu plano criando a mais bela obra de sua criação: a mulher.
            Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada (Gênesis 2:21-23).
            Para criar o homem Deus sujou a sua mão de barro, mas na criação da mulher Ele fez uso de algo mais requintado. Embora também tenha usado barro, Deus utilizou um elemento especial: as duas costelas de Adão. Não foi por acaso que Deus pegou a costela. Havia uma lição a ser aprendida neste ato.
“Eva foi criada de uma costela tirada do lado de Adão, significando que não o deveria dominar, como a cabeça, nem ser pisada sob os pés como se fosse inferior, mas estar a seu lado como igual, e ser amada e protegida por ele. Como parte do homem, osso de seus ossos, e carne de sua carne, era ela o seu segundo eu, mostrando isto a íntima união e apego afetivo que deve existir nesta relação”[ii].
Há uma poesia de autor desconhecido que faz eco com o que Ellen White falou. “A mulher foi tirada não da cabeça do homem para governar ele, não dos pés para ser pisada por ele, mas do seu lado, de sob o seu braço, para ser protegida, e de perto do seu coração, para ser amada”. É exatamente isso. Deus estava ensinando aos maridos que a mulher deve ser amada, protegida e amparada como parte de seus corpos. O amor dado à esposa deve ser equivalente aos cuidados que Deus teve em criá-la.
Certa vez ouvi que existem três tipos de relacionamentos entre um casal: O relacionamento “Varão”, neste “manda ele e ela não”. O relacionamento “Varela”, neste “manda ele e manda ela” e o relacionamento “Varunca”, no qual “manda ela e ele nunca”. É uma brincadeira recheada de verdades. Encontramos por aí estes três tipos e sem dúvida o “varela” é o que mais se aproxima do ideal. Uma relação em que os dois opinam e decidem as questões é o mais saudável para todos.
Deus quis ser mais claro quanto ao tratamento que o homem deveria dar à sua esposa. A norma é amá-la como a si mesmo. O apóstolo Paulo escreveu o seguinte: Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo (Efésios 5:28). Ninguém (são) maltrata a si mesmo. Todas as vezes que o casal se desentender (isso acontecerá com qualquer casal humano), este princípio deve entrar em prática. Na hora de discutir algum assunto difícil (eles aparecerão, tenha certeza), este princípio deve guiar a conversa. Dessa forma nunca haverá agressão física, verbal ou psicológica, pois, ninguém trata mal a si mesmo.

Aspectos importantes do casamento

            Quando Deus celebrou o primeiro casamento deixou algumas orientações importantes implícitas no relato da primeira “cerimônia”. Podemos vê-las lendo o episódio bíblico.
Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne (Gênesis 2:24).
O primeiro aspecto importante deixado por Deus é deixar pai e mãe. Moisés, inspirado por Deus, falou sobre a figura dos pais dos noivos em uma passagem em que eles ainda nem existiam. Adão e Eva não tinham pais para deixar, mas Deus já estava esclarecendo como isso seria importante.
Podemos falar de, pelo menos, quatro aspectos da separação que os noivos devem ter dos pais. A primeira é a separação física. Diz o antigo ditado popular: “quem casa quer casa”. Ter o seu lugar é algo importantíssimo para os recém-casados. Morar com parentes nesta ou em qualquer outra fase do casamento acarreta prejuízos para o casal.
Mesmo que seja uma pequena casa bem simples, é melhor que morar com os pais. O casamento exige privacidade, o que não é possível de forma completa na casa dos pais.
A segunda forma de separação que se faz necessária para um casal é a emocional. Os pais já cuidaram dos problemas dos filhos durante toda a fase de crescimento e amadurecimento. Depois do casamento o casal deve cuidar dos próprios problemas. Uma dica: leve para os seus parentes somente as coisas boas do seu casamento. As coisas ruins guardem para vocês somente. Assim vocês pouparão muita dor de cabeça. É lógico que o casal pode procurar alguém de confiança para momentos de aconselhamento, mas nada de ficar levando e trazendo problemas do casamento para os parentes.
A terceira forma de separação é a econômica. O casal deve cuidar das próprias contas. Claro que receber presentes e ajudas esporádicas dos pais não é pecado, mas o casal só deve casar quando puderem viver com os próprios rendimentos, sem onerar os pais com mais uma família para sustentar.
A quarta forma de separação é a espiritual. Os pais podem e devem orar por seus filhos depois de casados, podem aconselhar também, mas o casal deve cuidar da sua vida espiritual, deve desenvolver a espiritualidade entre eles de forma autônoma.
Aqui eu quero deixar um conselho para as mães de noivas e noivos: deixem o casal viver em paz. Não interfira na vida deles a menos que eles solicitem e, mesmo assim, sejam sábias para não entrar mais do que o necessário e saudável. Quem quer a felicidade dos filhos segue essa dica.
Deus estabeleceu mais parâmetros para o casamento quando disse “una-se à sua mulher”. Aqui Ele estabeleceu a monogamia e a heterossexualidade como paradigmas para o casamento abençoado por Deus. Ele confirmou esses aspectos no Novo Testamento: “Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne (Marcos 10:7-8).
Deus criou Adão e Eva. Um HOMEM para uma MULHER. Qualquer coisa que fugir deste padrão é pecado, portanto, contra a vontade de Deus.
O relato de gênesis continua dizendo: “E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam” (Gênesis 2:25). Isso conota intimidade. Deus espera que todo casal casado seja muito íntimo um do outro, porém a primeira intimidade necessária não é a física, mas sim a emocional. Quando um casal é amigo um do outro, confidente um do outro, quando eles conseguem se divertir um na presença do outro, então, a intimidade física é uma consequência natural. Caso esta ordem não seja respeitada, certamente ocorrerão problemas mais cedo ou mais tarde.
Há ainda mais um aspecto importante do casamento. A promessa feita no altar deve ser perpétua. Salomão falou algo sobre prometer e não cumprir: “Melhor é que não votes do que votares e não cumprires” (Eclesiastes 5:5). Geralmente não há ninguém armado no altar obrigando os noivos a dizerem “sim”. A promessa foi espontânea e, de acordo com o verso acima, deve ser cumprida.
O salmo 15 descreve as características daqueles que serão cidadãos do céu. Uma delas está no verso quatro: “aquele que jura com dano seu, e contudo não muda”. Os cidadãos do céu quando prometem algo (inclusive amar eternamente alguém) cumprem sua promessa mesmo com prejuízo próprio. Está difícil manter o casamento? Se você é cidadão do céu, vai continuar firme à sua promessa mesmo assim. Duro isso, não?

Deus é capaz de resolver qualquer problema

            Há esperança para qualquer casamento, mesmo aqueles que aparentemente estão acabados. Nada é impossível para Deus. Ele ressuscitou mortos e pode ressuscitar casamentos mortos também. “A oração é resposta para cada problema da vida. Ela nos põe em sintonia com a sabedoria divina, a qual sabe ajustar cada coisa perfeitamente. Às vezes deixamos de orar em certas circunstâncias porque, a nosso ver, a situação é sem esperança. mas nada é impossível para Deus. Nada é tão emaranhado que não possa ser remediado; nenhuma relação humana é tão tensa que Deus não possa trazê-la à reconciliação e à compreensão; nenhum hábito é tão profundamente enraizado que não possa ser vencido; ninguém é tão doente que Ele não possa curar. [...] Se alguma coisa nos causa preocupação e ansiedade, paremos de propagá-la e confiemos em Deus por restauração, amor e poder[iii]” 
            Se há dificuldades em seu casamento, coloque-o e coloque-se nas mãos de Deus e permita que Ele faça a reconstrução do casamento. Eu poderia contar para você muitas histórias de casamentos que estavam dados por perdidos e que foram refeitos pelo poder de Cristo. Se cada um fizer a sua parte, Deus sempre faz a dEle e qualquer (qualquer mesmo) problema pode ser superado.
Que tal entregar o seu casamento nas mãos de Deus hoje? Se ele está bem, vai melhorar cada vez mais. Se ele não está bem, Deus poderá reconstruí-lo e deixá-lo em perfeito estado.





Lições que aprendemos com a família de Adão e Eva.

1.      O casal deve ter uma vida autônoma em todos os aspectos da vida
2.      Deus espera que os casamentos sejam feitos dentro dos parâmetros estabelecidos por Ele. Assim Ele pode abençoar.
3.      Casamentos que estão em crise podem ser refeitos pelo poder de Deus.
4.      Casamentos mortos podem ser ressuscitados pelo poder de Cristo.








[i] Ellen White. Patriarcas e Profetas, 46
[ii] Ellen White. Patriarcas e Profetas 46
[iii] Ellen G. White. Review and Herald, 07 de outubro de 1865