segunda-feira, 11 de março de 2013


Importante x Essencial
Os pastores e membros precisam colocar suas escolhas na ordem certa


O que você faria se recebesse um cheque em Branco? Para responder a essa pergunta com mais firmeza é preciso primeiro fazer outra pergunta: de quem é o cheque? Se o cheque for de alguém com um saldo bancário pequeno, então, não adianta se empolgar muito com a oferta.
            E se o cheque for de alguém muito rico? Se no lugar da assinatura estivesse o nome de Bill Gates ou outro bilionário qualquer? Nesse caso o cheque seria muito valioso e você poderia colocar valores muito altos.
Pense um pouco agora: e se o cheque fosse assinado por Deus? Qual seria o conteúdo do seu pedido? Com quais palavras você preencheria a oferta de “peça o que quiser” de Deus?

O Cheque em Branco de Deus.

Salomão teve a oportunidade de receber um cheque em branco de Deus. Está registrado em II Crônicas 1:7: “Naquela noite Deus apareceu a Salomão e perguntou: O que você quer que eu lhe dê?” (NTLH).
Naquele momento Salomão foi colocado entre o importante e o essencial. Na vida há coisas importantes. O dinheiro, por exemplo, é algo importante. Sucesso no trabalho, adquirir conhecimento, estudar muito, são coisas importantes, saúde é muito importante. No entanto, na vida há coisas essenciais. O amor e a harmonia na família são essenciais. Uma consciência tranquila é essencial. O mais essencial de todos, porém, é ter intimidade com Deus, disso deriva todas as outras coisas. Diante da proposta de Deus, Salomão poderia ter pedido coisas importantes ou coisas essenciais.
O que Salomão poderia ter pedido? Pense comigo. Ele era rei e, portanto, enfrentava oposição de algumas pessoas. Ele poderia ter pedido a destruição de todos os seus inimigos, isso era importante. Ele poderia ter pedido mais riquezas e poder ou beleza física, essas coisas são importantes para um rei.
Mas antes de avançar no pedido de Salomão eu parei um pouco para refletir em mim. O que eu, um pastor, pediria? Em qual área eu me concentraria, no importante ou no essencial?
O que você pediria? Vingança? Muito dinheiro? Fama? Posições e cargos? Infelizmente esta oferta de Deus mexeria com o egoísmo e o desejo de exaltação de muitos. Quem sabe se eu recebesse uma oferta dessas de Deus, colocasse para fora meus desejos de aparecer e esquecesse de pedir o que era essencial.
O coração de Salomão era tão humano quanto o coração dos pastores do século XXI e ele poderia ter dado vazão aos seus desejos egoístas, mas “em seu coração não havia aspiração egoísta de conhecimento para que se pudesse exaltar sobre outros. Ele desejava desempenhar fielmente os deveres que lhe foram impostos, e escolheu o dom que seria o meio de levar seu reino a glorificar a Deus. Salomão nunca foi tão rico ou tão sábio ou tão verdadeiramente grande como quando confessou: "Não passo de uma criança, não sei como conduzir-me". I Reis 3:7” [1].
            Salomão tinha muito clara diante de seus olhos a responsabilidade que seria liderar o povo de Deus e por isso ele fez o pedido certo. Precisamos aprender com ele.


O melhor pedido

O pedido do filho de Davi foi: “dá-me sabedoria e conhecimento para que eu possa governá-lo. Se não for assim, como poderei governar este teu grande povo?” (II Cron. 1:10 - NTLH).
Podemos descobrir algumas coisas que estavam no coração do rei através do seu pedido. Se ele pediu sabedoria é porque ele tinha consciência que não a possuía, ele sabia que sua posição não lhe garantia a verdadeira sabedoria. Que lição para nós, pastores modernos! “Os que ocupam hoje posições de responsabilidade devem procurar aprender a lição ensinada pela oração de Salomão. Quanto mais alta a posição que um homem ocupa, quanto maior a responsabilidade que tem de levar, mais ampla será a influência que exerce e maior sua necessidade de dependência de Deus” [2].
Não importa quem somos ou o que conhecemos. Não importa se somos aspirantes ou se já estamos perto da jubilação, se trabalhamos num distrito no interior do Brasil ou se ocupamos cargos de preeminência na organização. Para todos só há uma fonte de sabedoria: Deus. Precisamos ter em mente que “a posição não dá santidade de caráter. É por honrar a Deus e obedecer a Seus mandamentos que o homem se torna verdadeiramente grande” [3].
O maior exemplo de que posição eclesiástica não nos dá garantia de consagração e de vida santa é o que aconteceu com Lúcifer. Ele não era pastor em uma igreja no planeta Terra, ele era auxiliar direto de Deus no santuário celestial, trabalhava ao lado do trono do Eterno e, mesmo assim, caiu. Receber da igreja a função pastoral não nos garante que já somos consagrados. Precisamos, como Salomão, buscar todos os dias o essencial.

A resposta de Deus

            O Senhor ficou feliz por Salomão fazer a escolha certa. “Deus disse a Salomão: Visto que você pediu sabedoria e conhecimento para governar o meu povo, de quem eu fiz você rei, em vez de pedir riquezas, bens, ou honras, ou a morte dos seus inimigos, ou vida longa, eu lhe darei sabedoria e conhecimento. E lhe darei também mais riquezas, bens e honras do que qualquer outro rei teve antes de você ou terá depois (II Cron. 1:11,12 – NTLH).
            Quando priorizamos o essencial, ou seja, Deus, Ele acrescenta as coisas importantes. Salomão começou pelo essencial. Contudo, nosso coração é tão ruim que temos que ter cuidado para não incorrer no perigo de fazer a oração de Salomão estando mais interessado no que Deus acrescentará do que na sabedoria propriamente dita. Se quisermos grandes coisas na vida, temos que começar pelo essencial, com sinceridade. O filho de Davi sabia disso e afirmava “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Pv. 9:10).

Onde Salomão estava?

Salomão estava diante de uma grande responsabilidade, liderar uma grande nação. Sua responsabilidade não era apenas política, mas, principalmente espiritual. Era o povo de Deus quem ele guiava. Os líderes da igreja hoje têm uma responsabilidade semelhante e por isso precisam estar onde Salomão estava.
“Então Salomão saiu do lugar de adoração que ficava em Gibeão, onde estava a Tenda Sagrada, e voltou para Jerusalém, onde governou o povo de Israel” (2Cr 1:13 – NTLH). O rei estava no Templo buscando a presença de Deus. E não estava só: “E falou Salomão a todo o Israel, aos chefes de mil e de cem, e aos juízes, e a todos os príncipes em todo o Israel, chefes das casas paternas. E foi Salomão, e toda a congregação com ele, ao alto que estava em Gibeão porque ali estava a tenda da revelação de Deus, que Moisés, servo do Senhor, tinha feito no deserto” (II Cron. 1: 2-3).
            Agora é possível entender completamente como o coração pecador de Salomão pôde optar pelo essencial quando precisou escolher. Ele estava em íntima comunhão com Deus em Seu templo. Apenas corações realmente consagrados a Deus podem escolher bem, caso contrário, sempre optaremos por nossa vaidade e egoísmo. “Salomão sabia que os que levam pesados fardos precisam buscar a Fonte de sabedoria para orientação, se desejam desempenhar suas responsabilidades de maneira aceitável” [4].  É na presença de Deus que encontramos a sabedoria. “O Deus que servimos não faz acepção de pessoas. Aquele que deu a Salomão o espírito de sábio discernimento está desejoso de repartir as mesmas bênçãos a Seus filhos hoje. "Se algum de vós tem falta de sabedoria", declara Sua Palavra, "peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e não o lança em rosto, e ser-lhe-á dada." Tia. 1:5” [5].


O Essencial primeiro

            O exemplo de Salomão me fez pensar em meu ministério e nos motivos do meu coração. Parei um pouco para pensar no por que eu tenho buscado mais conhecimento, no por que quero tanto continuar a estudar, no por que quero preparar bons sermões. Não há nada de errado em buscar essas coisas, elas são importantes, mas se as busco em detrimento do que é essencial, somente para alimentar minha vaidade, então estou indo por um caminho muito perigoso.
            Deus deixou para nós um termômetro para medirmos nossa consagração. Esse é um critério de medição individual, eu só posso avaliar a minha situação, não tenho com avaliar a situação de outros. Preste atenção no texto a seguir, ele me fez parar e pensar: “Por todo o tempo em que permanecer consagrado, o homem a quem Deus dotou com discernimento e habilidade não manifestará anseios por alta posição, nem procurará dirigir ou governar. Necessariamente os homens precisam assumir responsabilidades; mas em vez de disputar a supremacia, aquele que é verdadeiro líder orará por um coração entendido, a fim de poder discernir entre o bem e o mal” [6].  A igreja precisa de pessoas em todas as posições, mas, precisamos deixar que Deus guie as escolhas. Nossa parte é se consagrar para exercer aquilo que Deus escolheu.
Precisamos aprender a buscar o essencial. “Quando o que leva um fardo opressivo deseja sabedoria mais que riquezas, poder, ou fama, não ficará desapontado. Tal pessoa aprenderá do grande Mestre não somente o que fazer, mas como fazê-lo de maneira a alcançar a divina aprovação”[7].
Tenho orado muito para que Deus me ajude a ter um coração como o de Salomão naquele momento da escolha entre o importante e o essencial.  Quero escolher sempre o essencial, a verdadeira sabedoria, lembrando que a sabedoria é uma pessoa: “Porém Deus uniu vocês com Cristo Jesus e fez com que Cristo seja a nossa sabedoria” (I Coríntios 1:30). Pare um pouco agora e converse com Deus a respeito dos seus motivos, avalie com Ele se você tem escolhido o essencial primeiro, peça a Ele que te ajude a ser consagrado e a deixar a sua vida pastoral nas mãos dEle.  








[1] Ellen G. White. Profetas e Reis. Pg. 30
[2] ______ Patriarcas e Profetas. Pg. 31
[3] ______ Patriarcas e Profetas. Pg. 31
[4] ______ Patriarcas e Profetas. Pg. 28
[5] ______ Patriarcas e Profetas. Pg. 31
[6] ______ Patriarcas e Profetas. Pg. 31
[7] ______ Patriarcas e Profetas, 31

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