sexta-feira, 10 de maio de 2013


A igreja e as metáforas de Cristo
(publicado na Revista Adventista de Maio/2013)

Durante a maior parte da minha infância e adolescência fui membro do clube de desbravadores. Por causa disso participei de muitos acampamentos e caminhadas ao ar livre. Muitas vezes subimos serras e nos envolvemos com outras aventuras.
Lembro-me que em um desses acampamentos passei por momentos, digamos, interessantes. A pessoa responsável por cozinhar em um dos dias, trocou, acidentalmente, o sal por açúcar na farofa e serviu para todos. Imagine o gosto horrível que aquilo tinha.
Naquele mesmo acampamento fui designado para ficar como um dos vigias noturnos. Estava tão escuro que quase dava para apalpar a escuridão. Foi uma noite horrível.
Duas situações ruins: comida sem Sal e escuridão. São coisas que ninguém gosta. O sal e a luz são essenciais. Quando Cristo quis ilustrar um ensinamento a respeito de sua igreja, a comparou a esses dois elementos essenciais.
Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus (Mateus 5:13-16).

SAL DA TERRA

Para entendermos bem o que Jesus queria ensinar ao afirmar que a sua igreja seria o sal da Terra, precisamos pensar um pouco sobre as características do Sal.
A primeira coisa que gostaria de destacar no sal é que ele se mistura, mas não se contamina. O sal não adquire o sabor do alimento, o contrário é que acontece. Você provavelmente nunca ouviu alguém comer um feijão bem gostoso e dizer: que sal saboroso! Geralmente elogiamos a comida e não o sal. Quando o sal se mistura ele muda o sabor da comida e, colocado, na medida certa, deixa tudo mais gostoso.
Assim deve ser com a igreja. Ao se misturar com o mundo, ela deve influenciar e não o contrário. Não vai ser deixando o mundo entrar na igreja que vamos influenciar a sociedade. O sal muda as coisas, sem ser mudado. A igreja deve fazer a diferença de uma maneira tão sábia que as pessoas percebam que o bairro melhorou, que a cidade melhorou, que a vida das pessoas melhoraram.
Outra característica do sal é a capacidade de conservar os alimentos. Nas épocas mais remotas quando a refrigeração ainda não era uma realidade, os alimentos eram conservados com sal. Elementos com muita facilidade de apodrecimento, como a carne, eram conservados por semanas por causa do sal.
Este mundo está em um processo avançado de apodrecimento por causa do pecado. As pessoas que estão vivendo nele apodrecerão também se não acontecer algo. A igreja é o instrumento de Deus para conservar as pessoas “saudáveis” espiritualmente no meio de um mundo podre.
A Bíblia apresenta algumas utilidades do sal. Por exemplo: “e todas as tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal” (Levítico 2:13). Lemos ainda: “todas as ofertas alçadas das coisas santas, que os filhos de Israel oferecerem ao SENHOR, tenho dado a ti, e a teus filhos e a tuas filhas contigo, por estatuto perpétuo; aliança perpétua de sal perante o SENHOR é, para ti e para a tua descendência contigo” (Números 18:19).
O sal era utilizado nos tempos bíblicos como parte da aliança feita entre Deus e seu povo. Assim também a igreja deve apresentar às pessoas a aliança que Deus quer fazer com elas. Na igreja podemos encontrar Jesus, o único e suficiente salvador da humanidade e firmar um compromisso com ele.
Há um episódio na Bíblia que lança luz sobre mais um função do sal. Está em II Reis 2: 19-22: “E os homens da cidade disseram a Eliseu: Eis que é boa a situação desta cidade, como o meu senhor vê; porém as águas são más, e a terra é estéril. E ele disse: Trazei-me um prato novo, e ponde nele sal. E lho trouxeram. Então saiu ele ao manancial das águas, e deitou sal nele; e disse: Assim diz o SENHOR: Sararei a estas águas; e não haverá mais nelas morte nem esterilidade. Ficaram, pois, sãs aquelas águas, até ao dia de hoje, conforme a palavra que Eliseu tinha falado”.
Nesse episódio o sal foi usado como elemento de purificação. Eliseu purificou as águas com o sal. Assim como as águas nos tempos de Eliseu, o mundo pode ser purificado pelo trabalho dos cristãos. “O sal misturando-se com a fonte poluída purificou suas águas, e levou vida e bênção onde antes havia sequidão e morte. Quando Deus compara Seus filhos ao sal, Ele deseja ensinar-lhes que Seu propósito em fazê-los súditos de Sua graça é que possam tornar-se instrumentos na salvação de outros. O objetivo de Deus em escolher um povo perante todo o mundo, não foi apenas para que pudesse adotá-lo como Seus filhos e filhas, mas para que através deles o mundo pudesse receber a graça que resulta em salvação” (Patriarcas e Profetas, 232).
Jesus deixou uma advertência junto com a sua metáfora do sal. Se o sal não exercer sua função, não serve para mais nada. Assim também, se a igreja não exercer sua função principal, a de evangelizar, não tem razão de existir. “Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o temperareis? Tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros” (Marcos 9:50).


A LUZ DO MUNDO

            A segunda metáfora que Jesus usou para a igreja foi a luz. Desta metáfora podemos também retirar importantes lições para a igreja.
            Quando pensamos na igreja como luz, precisamos primeiro relembrar de onde vem esta luz. “Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8:12). Nossa luz é o reflexo da luz de Cristo. É por isso que é tão importante estarmos conectados a Ele. Quem não tem esta conexão não tem luz alguma.
            Assim como Jesus falou em relação ao sal, ele também falou que a luz precisa exercer a sua função. O texto afirma que não se consegue esconder uma luz, assim como não se esconde uma cidade edificada sobre uma montanha, ou seja, a igreja que não se faz notar, deve estar sem luz alguma vinda de Cristo.
            Cada igreja deveria fazer uma análise muito séria sobre si mesma. Por que a falta de brilho indica a falta de Cristo naquela congregação e a falta de Cristo é a causa de uma igreja morta.
            Deus deixou escritas as características de quem tem a luz divina. Observe o padrão: Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo;” (Filipenses 2:14-15). Sem murmurações, Sem contendas, Irrepreensível, sincero, Inculpáveis no meio dos culpados e resplandecendo. Essas são as características de quem tem a luz de Jesus.
            Finalmente, o Senhor nos apresentou o motivo de brilhar por ele. “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus (Mateus 5:16). A glória de Deus é o grande objetivo desta luz. Na igreja ninguém deve brilhar para sua própria honra. Toda a honra deve ser de Deus.

PRECIOSAS LIÇÕES

            Essas metáforas de Cristo devem nos fazer refletir e guardar em nosso coração preciosas lições. Aprendemos que a igreja deve dar sabor ao mundo sem receber sabor do mundo. Influenciar sem ser influenciada.
            Se a igreja não for atuante na Salvação de pessoas onde ela está estabelecida, então ela não serve para mais nada. A ajuda social, a participação educacional e qualquer outra coisa são secundárias, o mais importante é salvar.
A igreja precisa resplandecer, ou seja, ser notada. Seria muito útil pra a igreja responder com sinceridade às seguintes perguntas: Se saíssemos desse bairro, faríamos alguma falta para ele? As pessoas perceberiam a saída da igreja? Contudo, a igreja precisa resplandecer a luz certa, vinda de Jesus.
            Sempre que Jesus se refere à sua igreja ele ensina que ela deve ser um instrumento de salvação para as pessoas. “A igreja é o instrumento apontado por Deus para a salvação dos homens. Foi organizada para servir, e sua missão é levar o evangelho ao mundo” (Atos dos Apóstolos, 9).
Moro bem distante dos meus pais. Há algum tempo recebi a notícia que meu pai havia sofrido um infarto. Imediatamente liguei para ele e consegui ouvir sua voz. Ele estava internado em um hospital fazendo exames e se preparando para uma cirurgia cardíaca. O quadro era preocupante.
Deliguei o telefone e fui me ajoelhar em meu banheiro. Pedi a Deus para conserva a vida do meu pai até que ele seja salvo. Ele ainda não havia entregado o coração a Jesus. Não desejo a morte dele, mas, desejo menos ainda que ele morra sem ter a esperança da vida eterna.
Eu e você precisamos ansiar pela salvação dos outros, tanto quanto eu anseio pela salvação do meu pai. Precisamos nos esforçar para fazer a diferença no mundo, mostrando que Jesus pode fazer a diferença na vida de todas as pessoas que quiserem. Jesus quer te fazer sal e luz, permita. 

Um comentário:

Carlos André disse...

Parabéns meu amigo! Muito bom este artigo!! Que o Senhor Deus te abençoe sempre!!